quinta-feira, 4 de junho de 2015

Com taxa de desemprego em alta, BC eleva juros

BC leva Selic a 13,75% e sinaliza nova alta

• Mercado avalia que taxa, referência para empréstimos e investimentos, ficará entre 14% e 14,50% no fim deste ano

• Objetivo é controlar a inflação e levá-la a 4,5% no fim de 2016; juro maior deprime atividade econômica

Eduardo Cucolo – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Banco Central anunciou nesta quarta (3) o sexto aumento consecutivo da taxa básica de juros desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff e indicou que continuará a elevar a Selic para colocar a inflação na meta de 4,5% no fim de 2016.

A taxa, que serve de referência para o custo dos empréstimos e para a remuneração de investimentos, passou de 13,25% para 13,75% ao ano.

Os juros estão agora no maior nível desde janeiro de 2009. Naquele mês, o BC iniciou o processo de redução da taxa básica para reanimar a economia diante dos efeitos da quebra do banco Lehman Brothers nos EUA.

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o aumento dos juros é "um remédio que, infelizmente, tem de ser aplicado neste momento" --em referência ao fato de que a atividade econômica está em queda, o que pode ser agravado pelas elevações.

Horas antes de o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciar a decisão, que foi unânime, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que é importante que a instituição continue "vigilante", palavra usada pelo próprio BC como uma "senha" para indicar aumentos de juros.

O governo afirma que medidas como o aperto monetário (juros mais altos, na prática, tiram dinheiro de circulação) são necessárias para derrubar a inflação e recuperar a confiança no país.

A alta dos preços está entre os fatores que levaram à queda do consumo e do PIB no primeiro trimestre de 2015. O IPCA (índice oficial de inflação) está em 8,17% nos 12 meses encerrados em abril.

No comunicado sobre o aumento, o BC repetiu o discurso de que tomou a decisão "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação". A votação unânime e a repetição da explicação são vistas no mercado como sinais de que o aperto nos juros não terminou.

A decisão do Copom era esperada pelo Planalto e pela maior parte do mercado financeiro, que projeta aumento para 14% na próxima reunião do comitê, marcada para a última semana de julho, neste que já é o maior período de aumento da Selic.

Parte do mercado considera que o BC pode levar a taxa para até 14,50% neste ano.

BC e Fazenda afirmam que a inflação em 2015 reflete a alta do dólar e a correção de preços e tarifas controlados pelo governo. O aumento dos juros seria necessário para conter o repasse para outros preços, o que pode contaminar a inflação de 2016.

O BC tem dito que a política monetária ainda não foi suficiente para reduzir as expectativas do mercado, que, na média, projeta inflação de 5,5% no final do próximo ano.

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