sábado, 27 de junho de 2015

Volume morto – Editorial / revista Será?

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com o tradicional uso de imagens na análise política, declarou esta semana que a presidente Dilma Rousseff, o PT-Partido dos Trabalhadores e ele mesmo estão no “volume morto”. Como a Cantareira com a escassez de água, eles estão com níveis muito baixos de aprovação da população, segundo as últimas pesquisas.

Com este sincero reconhecimento do desgaste político, Lula pretende dar uma sacudida no partido e no Governo que, segundo ele, está mudo, inerte e sem iniciativa. Para 2018, quando pretende ser candidato, as chances são mínimas se não saírem desse volume morte.

Para os brasileiros, contudo, o lamentável é ver o Brasil no volume morto, para onde foi empurrado pelos governos do Partido dos Trabalhadores, particularmente a partir de 2008. A economia vive a ressaca da inconsequente política macroeconômica de crescentes gastos correntes e de incentivo desmedido do consumo.

Agora tem de pagar pela farra de ontem com a ressaca de um doloroso ajuste fiscal e racionamento drástico dos recursos escassos, para usar a metáfora da Cantareira. A economia entra em recessão, o desemprego cresce, o PAC míngua, a inflação resiste e, para completar, o país carece de homens públicos que pensem o Brasil para além dos seus interesses mesquinhos e politiqueiros (mais uma vez é o ex-presidente quem afirma, em outro depoimento, que o seu partido está velho e viciado em poder e só pensa em cargos), para não falar nos interesses escusos de grande parte dos políticos e parlamentares.

O racionamento pode evitar o desastre, mas o Brasil não sairá do volume morto se não forem implementadas ações estruturadoras que recuperem a capacidade de investimento e de crescimento econômico.

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