segunda-feira, 13 de julho de 2015

Ascenso Ferreira - Toré

Os dois maracás,
um fino e outro grosso,
fazem alvoroço
nas mãos do Pajé:

— Toré!
— Toré!

Bambus enfeitados,
compridos e ocos,
produzem sons roucos
de querequexé!

— Toré!
— Toré!

Lá vem a asa-branca,
no espaço voando,
vem alto, gritando...
— Meus Deus, o que é?

— Toré!
— Toré!

— É o Caracará
que está na floresta,
vai ver minha besta
de pau catolé...

— Toré!
— Toré!

Cabocla bonita,
do passo quebrado,
teu beiço encarnado,
parece um café

— Toré!
— Toré!

Pra te ver, cabocla!
na minha maloca,
fiando na roça,
torrando pipoca,
eu entro na toca
e mato onça a quicé!

— Toré!
— Toré!

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Publicado no livro Cana caiana (1939).
In: FERREIRA, Ascenso. Poemas: Catimbó, Cana Caiana, Xenhenhém. Il. por 20 artistas plásticos pernambucanos. Recife: Nordestal, 1981

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