quinta-feira, 23 de julho de 2015

Desemprego fica em 6,9% em junho, maior taxa para o mês desde 2010

• Taxa de desocupação é a maior do ano. População desocupada cresce 44,9% em relação a junho de 2014, segundo IBGE

Marcello Corrêa / Daiane Costa – O Globo

RIO - A taxa de desemprego ficou em 6,9% em junho, informou o IBGE nesta quinta-feira. O dado faz parte da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que engloba seis regiões metropolitanas do país (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre). Em junho de 2014, a taxa havia sido de 4,8%. O resultado é o pior para o mês desde 2010, quando ficou em 7%.

Em maio, o desemprego havia ficado em 6,7%. A variação de um mês para o outro, de alta de apenas 0,2 ponto percentual, é considerada estabilidade estatística pelo IBGE.

A forte alta da taxa de desemprego em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, está relacionada ao aumento da chamada população desocupada — ou seja, aqueles que estão em busca de trabalho, porém não encontram. No mês passado, esse grupo somava 1,7 milhão de pessoas nas seis regiões acompanhadas pela pesquisa, o que representa uma alta de 44,9% (522 mil pessoas) em relação a junho de 2014.

Já a população ocupada encolheu, no mesmo período, 1,3% (equivalente a 298 mil pessoas), passando a somar 22,8 milhões de trabalhadores. O número de trabalhadores com carteira no setor privado diminuiu 2% em junho, passando a 11,5 milhões de pessoas.

Na comparação com maio, tanto a população ocupada como a desocupada ficaram estáveis, segundo o IBGE. O instituto informou ainda que a população não economicamente ativa — pessoas que não estão à procura de emprego e, dessa forma, não pressionam o mercado de trabalho — ficou em 19,3 milhões, estável tanto em relação a maio como a junho de 2014.

— O crescimento da desocupação pode estar sendo provocado tanto por aqueles que perderam o emprego, quanto por aqueles que estão tentando entrar no mercado de trabalho e já entram na condição de desocupados — explica Adriana Beringuy, técnica do IBGE responsável pela pesquisa.

Segundo Adriana, desde janeiro, observa-se um mercado de trabalho bem diferente do de 2014, que era estável:

— Agora, diante do maior crescimento da desocupação e de maior pressão sobre o mercado de trabalho, há um aumento expressivo do desemprego.

No mês, taxa de desocupação ficou estável nas seis regiões
Regionalmente, a análise mostrou que a taxa de desemprego não se alterou em nenhuma das seis regiões metropolitanas consideradas na pesquisa (Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre) em relação a maio. Em relação a junho de 2014, no entanto, a taxa cresceu em todas as seis regiões: em Recife, passou de 6,2% a 8,8%; em Salvador, foi de 9% para 11,4%; em São Paulo, subiu de 5,1% para 7,2%; em Porto Alegre, de 3,7% para 5,8%; no Rio de Janeiro, de 3,2% para 5,2%, e em Belo Horizonte, de 3,9% para 5,6%.

Já o rendimento real (já descontando a inflação) ficou em R$ 2.149 em junho. O valor é 0,8% maior em relação ao registrado em maio, porém 2,9% menor que o de junho de 2014.

Com a queda na renda frente ao ano passado, caiu também a chamada massa de rendimento médio real — formada pela soma dos rendimentos dos trabalhadores. Em junho, esse indicador ficou em R$ 49,5 bilhões, queda de 4,3% em relação ao mesmo mês de 2014. Frente a maio, foi registrada estabilidade.

Regionalmente, o rendimento médio real subiu em relação a maio em Recife (2,2%), Belo Horizonte e Porto Alegre (1,1%), Rio de Janeiro (0,8%) em em São Paulo (0,7%). Em Salvador, houve queda de 0,7%. No ano, o rendimento caiu em quatro regiões: Rio de Janeiro (-5%), Salvador e São Paulo (-3,1%) e Belo Horizonte (-2,5%). Recife teve alta de 0,5% e houve estabilidade em Porto Alegre.

Em junho, o rendimento médio real caiu em dois dos sete grupamentos de atividades analisados (construção e outros serviços); cresceu em dois (comércios e serviços prestados às empresas) e ficou estável nos demais. No ano, todos os sete grupos recuaram entre 0,9%, como é o caso da indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água, e 5,9%, como na construção.

Depois de ter fechado 2014 em 4,3% — menor patamar da série histórica —, a taxa de desocupação medida pela PME tem subido constantemente neste ano. O aumento reflete a piora no mercado de trabalho, impactado pelo ambiente recessivo na economia.

Na semana passada, o Ministério do Trabalho informou que o país fechou 111.199 postos de trabalho em junho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o pior saldo líquido (admissões menos demissões) para o mês desde 1992. Diferentemente da PME, que considera emprego informal em seus cálculos, o Caged registra apenas as vagas com carteira assinada.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, levantamento mais abrangente do IBGE, que contém informações de todas os estados brasileiros e do Distrito Federal, também têm mostrado deterioração no mercado de trabalho. Segundo os números mais recentes, de maio, a taxa de desemprego nacional chegou a 8,1%, a maior desde 2012.

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