sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nelson Motta - O pós-Dilma

- O Globo

Pobre Dilma, em seu mundo de fantasia, adora repetir que é "uma mulher dura cercada por homens meigos", mas agora os jornais americanos traduziram meigos por "nice", que também pode significar "bonitos". Imaginem uma foto de Dilma cercada por Edison Lobão, Lula, João Santana, José Guimarães, Edinho Silva... a coisa tá feia.

Lula bem que avisou, não há PT sem Dilma nem Dilma sem PT, e nem PT sem Lula. Só não disse que pode haver Lula sem PT, talvez pensando em um novo partido com a "parte boa" do PT, para se unir ao PSB e aos nanicos de esquerda para ... para ... para o quê mesmo? Já o PT sem Lula vai ser só um retrato na parede.

Caso Dilma peça para sair, ou seja obrigada, as opções não são animadoras. Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros não inspiram esperanças nem nos mais insensatos otimistas. O menos pior talvez seja um governo Temer, como um Itamar paulista, pelo menos a primeira dama vai ser um upgrade em relação a Itamar.

Caso a chapa seja cassada pelo TSE, assume Eduardo Cunha, e tê-lo como presidente, ainda que por três meses, para convocar novas eleições, já é um pesadelo. Se nesse meio tempo Cunha for abatido pela Lava-Jato, assume Renan, que também pode se tornar inelegível antes mesmo de convocar novas eleições. Meu Deus! O presidente da República seria Lewandowski? Mas o pior seriam as novas eleições.

É difícil imaginar que políticos tradicionais, como Aécio, Alckmin e Serra, possam empolgar um eleitorado que está com justo ódio dos políticos, e reacender a chama da esperança no país. E muito menos uma eventual volta de Lula. O Brahma não é bobo e jamais vai se expor ao vexame de ter um final eleitoral melancólico como Brizola. Nesse cenário, um justiceiro como Joaquim Barbosa ou um pastor como Silas Malafaia podem ter votações espantosas e influir no resultado final. Ou talvez tenha chegado a hora de Marina Silva, mística, carismática, ética, representando o #SalvadorDaPatria2016.

Se vai dar certo, é duvidoso, mais provável que não, mas pior do que está, é difícil ficar.

Ainda bem que Dilma disse que não vai cair. Ufa!

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