quinta-feira, 16 de julho de 2015

No PMDB, unidade por candidatura própria

• Cúpula do partido deixa claro movimento de distanciamento do PT, um dia após operação da PF

Simone Iglesias e Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA - Um dia após a deflagração da Operação Politeia, que levou a Polícia Federal a fazer buscas e apreensões nas casas e escritórios de deputados e senadores, o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), escancararam a intenção de romper a aliança com o PT e ter candidato próprio à Presidência da República, em 2018.

- O que está sendo estabelecido é que o PMDB quer ser cabeça de chapa em 2018. Estamos abertos para todas as alianças com todos os partidos - ressaltou Temer.

Eles participaram do lançamento da nova página da Fundação Ulysses Guimarães, o centro de estudos do partido, no Facebook. Um dos maiores críticos do governo atualmente, Renan adotou a mesma linha.

- O PMDB tem uma aliança estratégica com o PT, circunstancial, porque ela deveria acontecer em torno de um programa, mas o PMDB está deixando claro desde logo que vai ter um projeto de poder, com um candidato competitivo a presidente da República - defendeu o senador.

Em pé de guerra com o governo e o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, Cunha afirmou que a aliança entre os dois principais partidos governistas "já acabou". Disse que é "zero" a chance de PT e PMDB estarem juntos em uma aliança para 2018.

- O PMDB quer distância do PT. Não é distância da base, até porque muitas vezes o PT parece que não está na base. O PMDB está ainda na base de apoio ao governo, tem responsabilidade com a governabilidade. Mas a chance do PMDB se aliar ao PT em 2018, se não é zero, é de 0,0001 - disse Cunha, antes de iniciar a sessão de votação na Câmara.

O peemedebista comparou a relação entre os dois partidos com um relacionamento que chegou ao fim.

- A aliança com o PT já acabou, é um casamento com gente dormindo em casas separadas - afirmou o presidente da Câmara.

Depois do evento, Temer foi ao gabinete de Renan pedir que ele agilize a votação do projeto de repatriamento de recursos não declarados à Receita Federal. Apesar da tensão reinante no Congresso com a Operação Politeia, Temer disse ainda que é hora de buscar tranquilidade, num momento de forte conflagração entre o governo e o Congresso. Disse que o ambiente "há de melhorar":

- O Brasil precisa de otimismo.

Não temos que nos impressionar com esses atos e levar adiante a ideia de uma grande pacificação nacional - disse Temer.

O vice-presidente tratou da Operação Politeia como "assunto extremamente delicado" e afirmou ser preciso aguardar os acontecimentos:

- Temos que buscar no país uma certa tranquilidade institucional porque essas coisas todas estão abalando um pouco a natural tranquilidade que sempre permeou a atividade do povo brasileiro. Temos que ter tranquilidade, temos que buscar isso - afirmou Temer.

Para ele, há um clima de desestabilização no país que não é resultado apenas da Operação Lava-Jato. Segundo ele, essa situação não é "útil" ao país.

- Não é a Operação Lava-Jato (que está desestabilizando). Sinto que há um clima de certa discordância que não é útil para o país e nem é muito fruto do espírito do povo brasileiro. O que precisamos é buscar uma concórdia de todos os brasileiros - disse.

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