segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Câmara tem que ser neutra, diz Ministro da Defesa

• Para Jaques Wagner, presidente da Câmara não deve ‘organizar oposição’

Por Agência A Tarde – O Globo

SALVADOR — O ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), disse no último sábado, em Salvador, que seria “altamente nocivo à convivência democrática” o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentar usar o cargo para promover uma “cruzada” contra o governo.

— Uma coisa é ele liderar parlamentares que têm um ponto de vista de seus interesses legítimos, outra coisa é ele querer fazer uma cruzada. Se ele tomar esse tipo de postura, em vez de ser árbitro, estará prejudicando o papel da Câmara — afirmou o ministro, que participou da reunião do diretório estadual do PT ao lado de Rui Falcão, presidente nacional da legenda.

Em guerra aberta com o Palácio do Planalto, Cunha sinaliza um segundo semestre difícil para a presidente Dilma Rousseff. Além de um pacote de projetos que contrariam os interesses do governo, Cunha já anunciou a instalação, este mês, de mais duas CPIs: a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.
— A cadeira dele deve ser uma cadeira de magistrado, e não ficar ali organizando a oposição — reagiu o ministro.

Indagado se o presidente da Câmara tenta constranger o governo na CPI da Petrobras, Wagner disse que, da forma como a CPI está sendo conduzida, acabará não revelando nada.

— A CPI é um instrumento muito nobre para um Parlamento. Mas está ficando inócuas e virando mais palco do que uma investigação propriamente — avaliou o ministro, voltando a negar que possa assumir a articulação política do governo no lugar no ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Apesar da relação difícil entre o governo e o PMDB, seu principal aliado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, não acredita em rompimento da aliança entre as duas legendas:

— Pelo que entendi, a manifestação do presidente da Câmara foi tratada como uma posição pessoal dele.

Falcão considera legítimo, por outro lado, a intenção do PMDB de vir a ter candidatura própria a presidente em 2018. — Se isso vier a ocorrer, é um caminho a que eles têm direito. E nós estaremos em lados opostos, porque nós também deveremos ter candidato a presidente — afirmou.

Sobre o apelo feito por Dilma aos governadores para que convençam as bancadas a aprovarem os projetos do ajuste fiscal, Wagner disse que a presidente espera que deputados e senadores ajudem o país a sair da crise econômica.

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