terça-feira, 4 de agosto de 2015

É preciso esquecer a propaganda e abrir o jogo ao Brasil, diz FHC

Por Cristiane Agostine – Valor Econômico

SÃO PAULO - Em um recado indireto à presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta segunda-feira que é preciso deixar de lado a propaganda política e “abrir o jogo” ao Brasil sobre os motivos da crise política e econômica que o país vive. Ao citar sua gestão como exemplo, FHC disse que o governo precisa se comunicar e explicar para a população o que pretende fazer para resolver os problemas.

“Não adianta esperar que tecnocraticamente se resolvam as questões. Não é isso. É preciso que haja crença, esperança e você não engaja ninguém na esperança se não tiver liderança que diga com clareza o que está fazendo e o que vai acontecer”, afirmou o ex-presidente. “Esqueça por um momento a propaganda e abra o coração, abra o jogo ao Brasil. Vamos ter que ter um momento do Brasil de verdade, de dizer: erramos nisso, acertamos nisso e vamos ter que fazer isso, vamos ter que apertar o cinto e vai acontecer tal coisa”, disse FHC, ao dar uma palestra organizada pela ESPM, instituição de ensino superior, em um teatro na capital paulista nesta segunda-feira.

Em críticas às gestões do PT na Presidência, o ex-presidente afirmou que o país “perdeu o rumo” e que viveu um momento de “delírio” na economia, ao apostar na expansão do consumo e no crédito. “Houve um momento de perda de rumo. Perdemos o rumo. Recuperar o rumo não é fácil. Nós perdemos o rumo e nós todos ficamos embalados com a ideia megalomaníaca de que tudo era possível”, disse. “Entramos em um momento no Brasil de um certo delírio. Foi a partir de 2007, 2008 até que viram que a crise não era uma marola e, em vez de termos nos preparado para fazer o que era preciso fazer, não fizemos”, afirmou.

Ao falar sobre a crise política enfrentada pelo país, o ex-presidente disse que o volume de corrupção registrado é “brutal” e afirmou que para superar esse período é preciso “liderança nova”. FHC, no entanto, ponderou que não existe “salvador da pátria” e disse que os problemas só serão superados dentro de um “processo” político.

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