domingo, 27 de setembro de 2015

Bernardo Mello Franco - A Rede de Marina

- Folha de S. Paulo

Depois de duas campanhas frustradas à Presidência, a ex-senadora Marina Silva ganhou um partido para chamar de seu. O TSE finalmente aprovou a criação da Rede Sustentabilidade, que poderá disputar as eleições municipais de 2016.

A sigla nasce com plataforma ambientalista clara, mas foge da classificação ideológica. "Nem direita, nem esquerda. Estamos à frente", repete Marina, com uma frase que confunde mais do que explica.

Em relação ao governo Dilma, a ambiguidade é a mesma. "Nosso objetivo não é ser de oposição pela oposição, nem de situação pela situação", diz a ex-senadora, que apoiou o tucano Aécio Neves no segundo turno das eleições de 2014.

Marina só desce do muro para criticar a tentativa de abertura de um processo de impeachment. "Não se muda presidente da República porque se discorda dele. Não faço discurso de conveniência", afirma.

A Rede nasce muito menor que sua líder. Terá cotas mínimas de fundo partidário e tempo de TV. No Congresso, terminou a primeira semana com dois deputados e nenhum senador. O nanico PSC, do pastor Everaldo, controla 13 cadeiras na Câmara e uma no Senado.

Apesar da dificuldade na largada, a ex-senadora diz que não tentará ser prefeita do Rio ou de São Paulo em 2016, como gostariam alguns aliados. "Meu domicílio eleitoral é no Acre. Não serei candidata artificialmente em outro lugar", ela me disse, em conversa recente.

O 34º partido brasileiro promete praticar a "nova política", mas seu objetivo mais visível não é tão novo assim: lançar Marina ao Planalto em 2018, pela terceira vez.

FHC sabe o que diz ao acusar Dilma de "vender a alma ao diabo" para governar. Na Presidência, ele deu o Ministério da Justiça a Renan Calheiros. Seus ministros de Minas e Energia e da Previdência eram indicados por Antonio Carlos Magalhães.

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