quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dilma ataca 'versão moderna de golpe'

Por Rodrigo Rocha – Valor Econômico

Presidente Prudente (SP) - A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em entrevista a um a Rádio Comercial de Presidente Prudente (SP) que utilizar a crise para chegar ao poder "é uma versão moderna do golpe". Dilma comentou ainda que em nenhum país do mundo que passou por dificuldades semelhantes às do Brasil foi visto alguém "propondo uma ruptura democrática como forma de saída da crise". "Essas pessoas, geralmente, torcem para o 'quanto pior melhor'. Todas elas esperando uma oportunidade para pescar em águas turvas", afirmou Dilma.

A presidente já havia dito, em solenidade em Brasília anteontem, que agiria contra o fortalecimento do que chamou de "processos não democráticos". A escalada verbal de Dilma começou depois da oposição formalizar na Câmara dos Deputados uma questão de ordem ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para definir o rito de um impeachment contra Dilma.

Em seu discurso para beneficiários do programa "Minha Casa, Minha Vida", a presidente retomou o tema. "Qualquer forma de encurtar o caminho da rotatividade democrática é golpe. Principalmente quando esse caminho é feito de atalhos", afirmou.

Dilma afirmou que quem aposta contra o país para se beneficiar politicamente prejudica a população. "Conquistamos a democracia com um tremendo esforço. A base da democracia é a legalidade e a legitimidade dada pelo voto de cada brasileiro e brasileira", disse.

A presidente destacou a importância da manutenção dos programas sociais e colocou limites ao alcance do processo de ajuste fiscal que entrou em uma nova fase esta semana. Garantiu a terceira fase do programa "Minha Casa, Minha Vida". "Vamos começar a fase 3 com cuidado, mas vamos começar. Não há a hipótese de não começar o Minha Casa, Minha Vida fase 3."

Nas primeiras duas fases do programa habitacional foram entregues 2,5 milhões de residências e outras 1,5 milhão devem ser entregues até 2017. A fase 3 do programa pretende atender outros 3 milhões de famílias, com entregas previstas a partir de 2018.

Dilma citou a crise econômica enfrentada pelo país e destacou a importância dos cortes nos gastos. "Vivemos um momento de dificuldade, diminuiu um pouco o dinheiro que nós temos. É para o futuro que estamos fazendo o aperto no cinto. Não é para acabar com tudo, é para cuidar daquilo que é mais importante", disse.

"Queremos equilibrar o orçamento, diminuir o desequilíbrio, e fazer uma poupança pequenininha para o próximo ano e os próximos anos". Dilma ainda disse que as medidas adotadas pelo governo buscam, além de equilibrar o orçamento, controlar a inflação, "que corrói o salário do trabalhador e o lucro do empresário".

O rebaixamento da nota crédito do Brasil pela agência de rating Standard & Poor's também foi comentado pela presidente na entrevista à Rádio Comercial. Dilma equiparou o corte ao ocorrido com outros países em 2011 e 2012, como Estados Unidos, França, Itália e Espanha. "Todos os países foram muito maiores que suas notas e o Brasil é muito maior que a sua nota também", afirmou Dilma. Entretanto, ao contrário do Brasil, os países citados não chegaram a perder seu grau de investimento.

Manifestantes contrários ao governo Dilma Rousseff organizaram um protesto durante a visita da presidente à cidade. Concentrado no Parque do Povo, o grupo trouxe também o boneco inflável do ex-presidente Lula, conhecido como 'Pixuleco', e vendia miniaturas da figura por cerca de R$ 20. Dilma não chegou a circular pela cidade e foi helicóptero para o local da entrega das casas, voltando junto com a comitiva para o aeroporto logo depois de discursar.

O protesto, que segundo informações iria se encaminhar para o local do evento realizado na periferia da cidade, não chegou a se aproximar da presidente. Além de diversos bloqueios policiais, a região do pronunciamento estava cercada e todos os presentes passavam por revista.

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