quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dilma: ‘Encurtar caminho é golpe’

A presidente Dilma disse ontem que “encurtar caminho da rotatividade democrática é golpe”.

Dilma: usar crise para chegar ao poder é versão moderna de golpe

• Presidente critica quem quer encurtar a ‘rotatividade democrática
Tiago Dantas – O Globo

PRESIDENTE PRUDENTE (SP)- A presidente Dilma Rousseff reagiu ontem aos movimentos que pedem sua saída do governo e se referiu a tentativas de golpe em duas oportunidades. Pela manhã, ao dar entrevista a uma rádio de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, disse que usar a crise que o país atravessa para chegar ao poder é uma “versão moderna de golpe”. Mais tarde, ao discursar na cerimônia de entrega de 2,3 mil casas do Programa Minha Casa Minha Vida, na mesma cidade, declarou que tentar encurtar a “rotatividade democrática” também é golpe:

— Qualquer forma de encurtar o caminho da rotatividade democrática é golpe, sim. É golpe. Principalmente quando esse caminho é feito só de atalhos questionáveis — disse a presidente, ao discursar. — Conquistamos a democracia com imenso esforço. Qual a base da democracia? É a legalidade e a legitimidade dada pelo voto de cada um.

Dilma pede “muita calma”
Nas duas falas de ontem, Dilma fez críticas à oposição e a quem, na sua opinião, torce para que o país continue em crise, a quem ela vem chamando de “a turma do quanto pior, melhor”:

— Tem muita gente que acha que, se piorar na política, é melhor pra eles, E, se piorar na economia, é melhor pra eles. Eles acham que beneficia eles. Não olham se o quanto pior, melhor prejudica a população.

Durante entrevista à Rádio Comercial de Presidente Prudente, Dilma foi questionada se está preocupada com o rebaixamento da nota do Brasil. A presidente respondeu que o Brasil “é muito maior do que sua nota” e lembrou que países como Estados Unidos e França conseguiram voltar a crescer após suas notas também serem rebaixadas.

A presidente afirmou ser fundamental “ter muita calma” para enfrentar a crise e disse que, embora o governo esteja fazendo cortes, não vai deixar de investir em programas que considera importantes. 

Ao lado do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, ela garantiu que levará adiante a fase 3 do programa habitacional, que prevê a construção de três milhões de unidades habitacionais, ainda que haja atraso.

Na última segunda- feira, o governo anunciou corte de R$ 4,8 bilhões na verba do Programa de Aceleração do Crescimento ( PAC) destinada ao programa habitacional.

— Vivemos um momento de dificuldade. Diminuiu um pouco o dinheiro que nós temos. Vamos começar o Minha Casa Minha Vida 3 com cuidado, mas vamos começar. Não há hipótese de não começar.

Como medidas para enfrentar a crise, Dilma declarou que seu governo está se esforçando para controlar a inflação, equilibrar o orçamento, fazer uma “pequena poupança para o ano que vem” e continuar assegurando “tanto programas sociais quanto investimentos”.

Plateia grita contra golpe
O discurso em Presidente Prudente foi feito em clima de campanha eleitoral. Na plateia havia cerca de 11 mil pessoas, segundo a prefeitura, entre beneficiários do programa habitacional, militantes petistas e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST), muitos usando camisetas vermelhas e carregando bandeiras e gritando em coro: “não vai ter golpe”.

Enquanto isso, cerca de 200 pessoas protestavam em outro ponto da cidade. No Parque do Povo, distante do trajeto feito pelo helicóptero que levou Dilma do Aeroporto de Presidente Prudente ao Conjunto Habitacional João Domingos, o grupo montou um boneco inflável que representa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como presidiário. Conhecido como Lula Inflado e Pixuleco, o boneco de 12 metros de altura já havia feito aparições em Brasília, São Paulo e Curitiba. Cerca de uma hora após ser montado, o boneco murchou.

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