segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Para Serra, saída para a crise é a adoção do parlamentarismo

• Senador diz que sistema evita troca- troca exigido por deputados

- O Globo

O senador José Serra ( PSDB- SP) defendeu, em entrevista para o “Preto no Branco”, programa do jornalista Jorge Bastos Moreno exibido ontem pelo Canal Brasil, a adoção do parlamentarismo no Brasil. O tucano entende que a mudança do sistema de governo, atualmente presidencialista, seria a verdadeira reforma política a ser oferecida à sociedade pelo Congresso Nacional.

Em situação de crise, argumentou o senador, os deputados teriam de pensar duas vezes antes de enfraquecer o governo. Isso porque, no sistema parlamentarista, todos correriam o risco de disputar nova eleição:

— Se o presidente quiser, ele convoca eleição. Imagina o parlamentar... “Opa, vou desestabilizar o governo?” Se desestabiliza, ele pode ter que se candidatar de novo.

Para Serra, enfrentar uma crise no presidencialismo é processo sempre traumático, pois cada votação se dá na base do troca- troca, e “o país fica instável” por causa do processo:

— Hoje, um deputado, nesse mal chamado presidencialismo de coalizão, tem as benesses e não tem a contrapartida, necessariamente.

No sistema defendido pelo senador, o mandato do primeiro- ministro — o chefe de governo — não tem duração definida: ele permanece no cargo enquanto tiver apoio parlamentar e governar corretamente. Serra lamenta que parcela da sociedade faça uma ideia equivocada do parlamentarismo:

— Há uma coisa folclórica de que o parlamentarismo é governo de deputados, e que o governo é fraco. Não é, não. A maioria tem que apoiar o governo. Se ele perde um projeto importante, cai, e a maioria fica chupando o dedo.

O tucano se confessou arrependido por não ter defendido com mais vontade, no governo de José Sarney ( 19851990), a implantação do parlamentarismo proposta pelo presidente. Na época, Sarney reivindicou um mandato de cinco anos, sendo que no último indicaria um primeiro- ministro:

— Era razoável. Se você recomeçar o parlamentarismo, bota aí um período que o primeiro- ministro tem estabilidade. Depois, se ele estiver indo mal, você troca numa boa. Se o parlamentarismo prevalecesse, não estaríamos vivendo esta crise. Teria mudado o governo e acabou.

Serra lembrou que, enquanto Fernando Henrique Cardoso, Ulysses Guimarães, José Richa e Nelson Jobim e ele eram favoráveis à proposta, Mário Covas foi contrário.

Críticas ao PT
Perguntado sobre a solução para a crise enfrentada pelo governo da presidente Dilma, Serra foi pessimista:

— Não vejo uma solução atrás da esquina. Se você me pedisse para fazer na ponta do lápis o que tinha que fazer com a economia, a gente poderia até esquematizar, mas trata- se de governo, de processo social, de diferentes poderes. Enfim, há muita coisa indeterminada, indefinida, e um governo fraco. Essa é a verdade. O governo Dilma resultou em um governo fraco, no sentido de fixar propósitos, persegui- los, materializálos e antecipar os acontecimentos. Ele vai sempre atrás daquilo que está acontecendo

Serra criticou os petistas por terem obsessão pelo ex- presidente Fernando Henrique Cardoso:

— Mesmo no programa do PT, que eles fizeram, continuam batendo no Fernando Henrique. Ele é culpado de tudo. É uma coisa absurda.

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