quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Renan e Cunha rejeitam devolver peça ao governo

• Peemedebistas, porém, dizem que propostas para resolver o déficit cabem ao Executivo

Júnia Gama e Cristiane Jungblut – O Globo

- BRASÍLIA- Após se reunirem, separadamente, com a presidente Dilma Rousseff, os presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, rejeitaram a hipótese de devolver ao governo a peça orçamentária com déficit, como pedia a oposição, mas deixaram claro que a responsabilidade de uma solução para o rombo é do governo.

Cunha foi ao Planalto um mês e meio após anunciar o rompimento com o governo e, ao retornar da reunião de cerca de uma hora, afirmou ter tido uma conversa “sincera” com Dilma sobre a situação econômica. Segundo o peemedebista, a presidente teria pedido apoio a medidas tomadas para superar a situação. Dilma não fez nenhuma menção a aumento de impostos na conversa:

— Uma coisa que vi na mídia hoje é que está sendo transferida para o Congresso a iniciativa de resolver o problema do déficit. Não é esse o ponto que está em discussão e nem será. Quem faz a peça orçamentária é o Poder Executivo — frisou Cunha.

PT critica convite
Renan Calheiros adotou posição semelhante à de Cunha sobre não devolver o Orçamento ao Executivo, mas cobrou do governo as formas de reverter o rombo de R$ 30,5 bilhões previsto na peça orçamentária.

— Não cogito devolver. Nosso papel é qualificar e melhorar. Os ajustes poderão ser feitos aqui, mas cabe ao governo propor alternativas para a superação do déficit orçamentário. Não espere que o Congresso possa fazer isso. O que nos cabe é propor saídas para o Brasil. E o Orçamento vai tramitar no Congresso — disse Renan.

Cunha disse que seu rompimento com o governo não foi discutido e que a conversa com a presidente “não muda nada” na relação.

— Uma coisa é meu alinhamento político, outra é a institucionalidade. Não posso me recusar a conversar com a presidente. Harmonia entre poderes é isso, não quer dizer que vou ter posição de apoiamento, nem que voltei atrás no rompimento político que tinha feito. Se havia algum tipo de dúvida de que se pode ter uma relação institucional, ficou claro que se pode ter — afirmou.

Petistas que defendem a saída de Cunha da presidência da Câmara consideraram um erro a presidente chamálo para uma conversa neste momento.

— Vai estabilizar um cara que está fraco — disse um deputado do PT, em referência à denúncia contra o peemedebista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava- Jato. (

Colaborou Fernanda Krakovics

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