domingo, 18 de outubro de 2015

Odebrecht pagou R$ 4 milhões a ex-presidente

• Dinheiro foi para palestras no Brasil e no exterior, diz ‘Época’

O Globo

-SÃO PAULO- Documentos obtidos pela revista “Época” mostram que a construtora Odebrecht pagou R$ 4 milhões ao ex-presidente Lula para a realização de palestras no Brasil e no exterior. Os documentos foram anexados ao inquérito do Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal, que investiga possível tráfico de influência do ex-presidente em favor da construtora.

A revista teve acesso aos contratos firmados entre a construtora e a L. I. L. S., empresa criada por Lula assim que saiu da Presidência para a realização de palestras. Ao longo dos últimos quatro anos, a L.I.L.S. foi contratada para que Lula desse 47 palestras no exterior, muitas a convite de instituições. Sua maior cliente, segundo a revista, é a Odebrecht, que teria contratado o petista para fazer dez palestras, cujos valores por contrato variaram entre R$ 158 mil e R$ 900 mil.

De acordo com a publicação, além do transporte, o contrato com Lula previa hospedagem em hotéis “cinco estrelas ou superior”. Em uma das viagens à Venezuela, em 2011, Lula recebeu R$ 359 mil para falar sobre “Avanços alcançados até agora pelo Brasil”. No contrato obtido pela “Época”, está escrito que Lula não participaria de qualquer outro evento além daqueles descritos em um anexo do contrato. No entanto, segundo a revista, em duas linhas de texto, o anexo menciona apenas que o ex-presidente ficaria hospedado no Hotel Marriott de Caracas.

Segundo a “Época”, na ocasião, o ex-presidente também se encontrou com o empresário Emílio Odebrecht e com o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, para discutir uma dívida do governo venezuelano com a construtora. A assessoria de Lula nega que ele tenha feito lobby para a empresa e afirma que em maio de 2011 Lula recebeu para realizar uma palestra na Venezuela, noticiada inclusive por veículos de comunicação.

Procurada pela “Época”, a Odebrecht afirmou por meio de nota que mantém “uma relação institucional e transparente com o ex- presidente e que ele foi convidado pela empresa para fazer palestras sobre as potencialidades do Brasil e de suas empresas, exatamente o que têm feito presidentes e ex-presidentes de outros países”. A empresa negou que Lula tenha feito lobby em seu favor. Por meio de sua assessoria, o ex-presidente também negou ter feito lobby. Informou que as palestras para a Odebrecht representam apenas uma fração das atividades exercidas por ele, “atividades legais e positivas, das quais o ex-presidente se orgulha”.

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