domingo, 1 de novembro de 2015

Coaf vê movimentação atípica de Lula e Palocci

• Segundo ‘Época’, órgão da Fazenda registrou operações financeiras incompatíveis com patrimônio e atividade econômica

- O Globo

O ex-presidente Lula, o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antonio Palocci, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra foram identificados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) por transações bancárias que, segundo reportagem da revista “Época”, continham indícios de movimentações suspeitas.

O Coaf é um órgão do Ministério da Fazenda que atua no combate à lavagem de dinheiro. Recebe informações de bancos e demais instituições financeiras sobre movimentações atípicas. A partir daí, faz relatórios por iniciativa própria ou a pedido de órgãos de controle. Os relatórios do Coaf não indicam a existência de crimes, mas apontam operações suspeitas. Eles são enviados aos órgãos de controle, como Polícia Federal e Ministério Público, que podem usá-los em investigações.

No relatório do Coaf, são detalhadas movimentações financeiras de 103 pessoas e 188 empresas ligadas aos quatro petistas. As operações somam quase R$ 500 milhões, sendo R$ 300 milhões envolvendo os quatro. Haveria indícios de irregularidades, como transações financeiras incompatíveis com o patrimônio, saques em espécie, resistência em informar o motivo das transações e a incapacidade de comprovar a origem legal dos recursos. O relatório foi enviado à CPI do BNDES.

Segundo a reportagem, de 29 de maio a 6 de junho de 2014, Lula aplicou R$ 6,2 milhões em um plano de previdência privada da seguradora BrasilPrev. Por se tratar de uma operação de mais de R$ 1 milhão no mercado segurador, entrou no radar do Coaf.

A maioria da movimentação financeira de Lula tem como origem a empresa LILS Palestras, Eventos e Publicações, que de abril de 2011 a 31 de maio de 2015, recebeu R$ 27 milhões, segundo “Época”. Um dos maiores clientes da empresa que Lula criou para oferecer suas palestras é a construtora Odebrecht — que pagou R$ 4 milhões pela contratação para eventos e despesas adicionais das viagens de Lula.

Entradas e saídas de dinheiro na LILS foram apontadas como suspeitas pelo Coaf. Segundo o relatório, há “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”.

Já Palocci, diz o relatório, movimentou de janeiro de 2008 a abril de 2015, por meio de sua empresa Projeto Consultoria Empresarial, R$ 216 milhões. Segundo a revista, o Coaf fez ao menos 11 relatórios de inteligência financeira nas contas de Palocci e, como no caso de Lula, registrou movimentação incompatível.

Nas contas de Pimentel, chamou a atenção do Coaf um saque de R$ 150 mil em dezembro de 2014. Segundo o conselho, “o titular apresentou resistência na apresentação ou fornecimento de informações incorretas relativas à operação ou a identificação” dessa transação. No caso de Erenice, seu escritório de advocacia registrou movimentações financeiras de R$ 23,2 milhões de agosto de 2011 a abril de 2015.

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