terça-feira, 24 de novembro de 2015

Denúncias contra Pedro Paulo são fofocas, diz Pezão

A convenção do PMDB do Rio se tornou ato de desagravo ao pré-candidato do partido a prefeito, Pedro Paulo. As denúncias de agressão de Pedro Paulo à ex-mulher foram classificadas pelo governador Pezão de fofocas.

Pezão chama de ‘fofocas’ acusações contra Pedro Paulo

• PMDB cala sobre agressões e convenção vira desagravo a pré-candidato

Marco Grillo – O Globo

Os principais líderes do PMDB no Rio se reuniram ontem na sede do partido e transformaram a convenção estadual num ato de apoio à candidatura do secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho, à prefeitura. Com o discurso unificado, o comando da sigla evitou referências explícitas às agressões do secretário à ex-mulher, Alexandra Marcondes, mas, indiretamente, os episódios foram tratados como “fofoca” e “balela”. O pacto também pôde ser observado nas manifestações após o encontro: questionados, o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes, o presidente da Alerj, Jorge Picciani, o ex-governador Sérgio Cabral e o próprio Pedro Paulo evitaram comentar o assunto.

Incisivo, Pezão defendeu a escolha do secretário como o nome do partido na corrida pela sucessão de Paes.

— Pedro (Paulo), você pode ter certeza: essas fofocas cada vez vêm de um jeito. Agora nossos adversários estão colocando a cara para fora mais cedo. Se tiver que ir para o pau, a gente vai para o pau. Não temos medo de rede de televisão, de picareta, de pastor de R$ 1,99 — afirmou.

Na saída, Pezão não quis comentar as agressões e disse que o encontro serviu para que o apoio do partido ao secretário fosse “reafirmado”, já que, segundo o governador, Pedro Paulo está “sob ataque”.

— Não, isso já foi respondido, ele (Pedro Paulo) que responde. Não vai ser não (calcanhar de aquiles na campanha).

Ao ser questionado sobre a referência indireta às agressões como “fofocas”, o governador se esquivou.
— Gente, eu tenho que ir. Isso ele (Pedro Paulo) responde — afirmou, entrando no elevador em seguida.


• “Pedro (Paulo), você pode ter certeza: essas fofocas cada vez vêm de um jeito. Agora nossos adversários estão colocando a cara para fora mais cedo. Se tiver que ir para o pau, a gente vai para o pau. Não temos medo” Luiz Fernando Pezão Governador

• “Essas balelas que têm por aí são para tentar desestabilizar (o PMDB)” Mírian Porto Prefeita de Porciúncula

Partido analisa repercussão
Saudado aos gritos de “PMDB já tem nome, é Pedro Paulo e Rafael Picciani (secretário municipal de Transportes)”, o secretário listou realizações da gestão de Paes na prefeitura e, ao fim do evento, também não se pronunciou sobre os episódios de violência. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) mostra que, em 2010, ele chegou a quebrar um dente da ex-mulher. 

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), não há inquérito aberto, e o caso está sendo analisado pela Assessoria Jurídica Criminal do Gabinete do procurador-geral, Rodrigo Janot. Não há prazo para o término da análise. Um boletim de ocorrência registrado pela exmulher, Alexandra Marcondes, em 2008 também relata um caso de agressão dentro de um carro. Já em outro depoimento à Polícia Civil, este de 2010, Alexandra afirmou que o secretário ameaçou “sumir” com a filha do casal.

— Não quero comentar — disse Pedro Paulo. — Fico feliz que, mais uma vez, o PMDB reforçou o encaminhamento à minha candidatura. O partido está caminhando unido e nós vamos para a vitória (em 2016).

Mesmo com o discurso de que não há “plano B”, o PMDB tem acompanhado a situação por meio de pesquisas qualitativas. Internamente, o comando da sigla avalia que Paes tem o direito de comandar a própria sucessão. Há ainda a avaliação de que faltam quadros capazes de ocupar o lugar de Pedro Paulo. Apontado pelos correligionários como o maior responsável pela união do PMDB no estado, Cabral também não quis comentar os episódios de violência e descartou a chance de ser candidato à prefeitura.

— Nenhuma (possibilidade) — assegurou.

Também sem se referir às agressões, Picciani ressaltou que “caberá ao povo fazer esse julgamento”. Quando perguntado se votaria num vizinho acusado de agredir a mulher numa eleição para síndico de prédio, o deputado se retirou da entrevista e entrou no elevador.

Paes também evitou o tema. Questionado se não tinha receio de o episódio trazer prejuízos ao seu capital político, o prefeito afirmou que responde pelos próprios atos.

A prefeita de Porciúncula, Mírian Porto, também saiu em defesa Pedro Paulo:

— Essas balelas por aí são para tentar desestabilizar — afirmou, sem mencionar as agressões
Além do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, outras duas ausências foram sentidas: as do deputado federal Leonardo Picciani e do secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, filhos de Jorge Picciani. Pezão e Paes aproveitaram o encontro para defender uma candidatura própria do PMDB à Presidência em 2018.

— O ano de 2016 é decisivo para a gente olhar para 2018. O PMDB vai lançar candidato ao governo do estado e à Presidência da República — disse Paes.

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