sábado, 7 de novembro de 2015

Inflação agrava desigualdade; Banco Central precisa se antecipar

Fabio Terra – Folha de S. Paulo

A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços. Generalizado porque, se apenas o preço do pão, da gasolina ou do tomate se elevarem, não há inflação. Contínuo porque, se o aumento é de curto período, um mês, trimestre ou semestre, também não se tem, de fato, um processo inflacionário.

IPCA, IGP-M, IGP-DI, siglas que sempre ouvimos, são indicadores estatísticos que apuram a variação no nível de preços entre um momento e outro do tempo, isso é, a taxa de inflação.

Fonte de desigualdade
A inflação tem vários efeitos ruins. O pior é ampliar a desigualdade, pois as classes média e alta poupam, acessam o sistema financeiro e aplicam recursos, defendendo-se da corrosão do poder de compra pela inflação.

As classes pobres não acessam o sistema financeiro e, logo, não se protegem.

Ademais, a inflação encurta o horizonte de tempo da economia, trazendo-a só ao curto prazo e desestimulando investimentos.

A inflação é controlada pelo Estado, por meio de seu Banco Central (BC), que é o emissor de moeda e zela pela qualidade da moeda que emite –isto é, evita inflação.

Política monetária
O nome da ação do BC é política monetária, e o BC cumpre suas funções usando quatro instrumentos:
1) as reservas compulsórias que ele define que bancos comerciais lhe repassem;

2) a taxa de juros que cobra dos bancos que lhe pedem emprestado, isto é, a chamada janela de redesconto;

3) regulamentações sobre quem pode emprestar e pegar emprestado, e quanto; e

4) a taxa de juros, o mais conhecido dos instrumentos.

É por isso que, quando se noticia aumento da inflação, seguem-se anúncios sobre como o BC fará sua política monetária e em que patamar deixará sua taxa de juros.

Se há inflação, os juros aumentarão, para que menos pessoas usem financiamento para consumir, reduzam-se os investimentos e a construção de casas, o que faz com que a economia esfrie, controlando-se o nível de preços.

Em termos práticos, no Brasil vigora a política monetária ancorada no Regime de Metas de Inflação, estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional. O Banco Central do Brasil é a instituição responsável (autoridade monetária) por alcançar a meta, por meio da política monetária para.

Como toda política pública, a monetária tem custos, e é importante que o BC mantenha seus juros em um patamar que não onere muito as finanças públicas.

Infelizmente, isso não depende apenas do BC, mas de como aqueles três fatores que causam inflação se comportam ao longo do tempo e de quanto o BC se antecipa à dinâmica da inflação. Quanto antes ele atuar, melhor.

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