segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Valdo Cruz: Panela de pressão

- Folha de S. Paulo

O governo Dilma até que tenta, mas não consegue sair do lugar neste final de ano. Enquanto isto, novos ingredientes indigestos são lançados no caldeirão das crises gêmeas ""política e econômica.

Nesta semana, tem a ameaça da paralisação dos caminhoneiros. Se vingar, adiciona uma pitada extra de pimenta na greve dos petroleiros. Não por outro motivo o governo está preocupado com riscos de desabastecimento no país.

Aí, o humor do brasileiro vai azedar ainda mais, já bem amargo com uma inflação perto dos dois dígitos ""para a baixa renda, por sinal, já chegou lá, encarecendo a feira de cada dia do trabalhador brasileiro.

Num cenário de desemprego em alta, com a grana do seguro-desemprego no fim para muitos e o país parando, tem gente no governo temorosa com um cenário real de tensão social no ano que vem.

Há quem defina março de 2016 como o ponto alto da fervura, com ajuste fiscal ainda não aprovado no Congresso, novo rebaixamento da nota brasileira pelas agências de risco, dólar subindo, juros em alta e desemprego perto de dois dígitos.

Para evitar que esta panela de pressão exploda, vai aumentar a cobrança para que Dilma acione válvulas de escape e tome medidas para vitaminar a economia. A senha já foi dada por Lula. Ele voltou a defender jogar mais crédito na praça.

A interlocutores, o petista disse que Dilma precisa sair da letargia imediatamente. Caso contrário, ela, ele e o PT vão apanhar todo dia de mais de 5.000 prefeitos durante a campanha municipal de 2016.

Enfim, amigos e inimigos da presidente têm avaliação semelhante. Sem reação do governo, fica difícil suportar tal cenário a médio prazo. O problema é que, no curto, a crise política está travando o Planalto.

Até quando, não se sabe. O risco é, neste meio tempo, ser criada a sensação de vácuo de poder. Aí, alguém vai tentar ocupá-lo. Candidatos não faltam. De todos os lados.

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