quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Dilma se diz ‘indignada’ e ataca Eduardo Cunha: ‘Não ocultei bens’

• ‘Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha’

- O Globo

-BRASÍLIA- A presidente Dilma Rousseff reagiu atacando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por ter decidido abrir processo de impeachment contra ela. Depois da divulgação da notícia, Dilma fez um duro pronunciamento, usando exatamente as acusações que pesam contra Cunha para se diferenciar do peemedebista. A presidente afirmou que não possui contas no exterior, que não pesam contra ela denúncias de práticas de atos ilícitos, que não coagiu ninguém para atender interesses pessoais e que não paira contra ela suspeita de desvio de dinheiro público.

— Recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro. São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam este pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não possuo conta no exterior, nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas, na busca de satisfazer meus interesses. Meu passado e meu presente atestam a minha idoneidade e meu inquestionável compromisso com as leis e a coisa pública — disse Dilma em uma declaração de quatro minutos à imprensa.

Auxiliares da presidente já preparam um arsenal de medidas para o embate contra o impeachment pela via jurídica e política. Tão logo o pedido seja lido na Câmara e Dilma notificada, o PT deverá entrar com um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal. A presidente da República negou que seu governo tenha operado para fazer um acordo com Cunha no Conselho de Ética, pedindo que os deputados petistas que integram o órgão votassem para preservá-lo, em troca do arquivamento dos pedidos de impeachment contra ela.

— A imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment. Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu País, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública — afirmou.

Em resposta ao pronunciamento de Dilma, Eduardo Cunha adotou um tom cauteloso:

— Não vou comentar. Cada um tem a sua maneira. Eu fui muito zeloso com as minhas palavras.

Apesar da declaração de Dilma, nas últimas semanas ministros pressionaram os deputados do PT a ajudar o presidente da Câmara no Conselho, o que causou incômodo na base do partido. O governo começou a prever o pior cenário a partir da decisão da bancada do PT na Câmara de votar contra Cunha no Conselho de Ética. No meio da tarde, chegaram ao palácio os relatos de que o peemedebista reagiria. Dos 31 ministros do governo, 11 estiveram do lado de Dilma durante o pronunciamento.

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