quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Governo se cala e oposição culpa Dilma

• Em nota, Fazenda atribui resultado a desaquecimento da economia global

Martha Beck, Isabel Braga- O Globo

-BRASÍLIA- Nenhum integrante do governo quis comentar a queda do PIB no terceiro trimestre. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cumpriu agenda em seu gabinete, em Brasília, mas não falou com a imprensa. Em nota, divulgada às 16h55m, o Ministério da Fazenda informou que o resultado ficou abaixo do esperado pela Secretaria de Política Econômica (SPE), que trabalhava com retração de 1,1% ante o segundo trimestre (o IBGE apontou queda de 1,7% nessa comparação).

Reservadamente, integrantes da equipe econômica admitiram que não se surpreenderam com o resultado. A oposição, por outro lado, fez duras críticas, atribuindo ao governo a responsabilidade pela retração da economia.

Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), a queda no PIB no terceiro trimestre revela o quadro de ingovernabilidade.

— Infelizmente quem sente os efeitos da recessão são os brasileiros, que não têm emprego, enfrentam a inflação, perdem renda e não vislumbram perspectiva de melhora. Nada salva.

No Twitter, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), criticou a condução da economia pelo governo Dilma Rousseff e disse que “acabou qualquer tipo de alívio nos setores produtivos".

Para o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), os dados negativos só aumentam a pressão pela saída da presidente Dilma do poder:

— O PIB está despencando 4,5% (frente ao terceiro trimestre de 2014). Os dados só mostram que a crise vai aumentar e a solução é uma só: impeachment, afastamento da presidente.

Bens de capital, preocupação
Na equipe econômica, um fator de preocupação foi o fato de os setores de bens de capital, automotivo e eletroeletrônico estarem entre as maiores quedas observadas no período. Isso porque o governo vem sofrendo pressões do setor siderúrgico para elevar as alíquotas do imposto de importação do aço, o que vai afetar ainda mais os custos de quem depende dessa matéria-prima.

Na nota, o Ministério da Fazenda atribui o fraco desempenho da atividade “a incertezas econômicas e não econômicas” que derrubaram a confiança das empresas e dos trabalhadores. E diz ainda que o país passa por um processo de reequilíbrio decorrente da queda dos preços de commodities e do desaquecimento da economia mundial.

A equipe de Levy destacou ainda que o ajuste fiscal, que reduziu os gastos do governo, especialmente com investimentos, não é o responsável pelo encolhimento do PIB. E atribuiu a queda de 4% nos investimentos ao impacto da operação Lava-Jato nas operações da Petrobras.

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