quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Mauro Osorio*: Rio de Janeiro: crise e desafio

- O Globo

O setor público do Rio de Janeiro passa em 2015 por particular crise de receita, principalmente nos municípios do Norte e das Baixadas Litorâneas e no âmbito do governo do estado, tendo em vista o peso dos recursos de royalties no total da receita pública dessas regiões e a pesada queda do preço do petróleo ocorrida este ano.

Do ponto de vista econômico, a indústria do Estado do Rio apresentou, entre janeiro e outubro de 2015, queda de sua produção física de -6,3%. Essa redução foi atenuada por um crescimento da indústria extrativa mineral de 4,7%, por conta do início da extração de petróleo no pré-sal (IBGE).

No que diz respeito ao volume de vendas no comércio, entre janeiro e outubro de 2015, ocorreu queda no estado de -2,5% (IBGE). No tocante ao total de pessoas ocupadas, a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE mostra que, entre janeiro e novembro de 2015, ocorreu queda da ocupação de 1,1% na Região Metropolitana. A taxa de desemprego na mesma região apresentou significativo crescimento, passando de 3,5% para 5%, devendo ser lembrado, no entanto, que, apesar dessa piora, ainda estamos em nível próximo ao que os economistas apontam como pleno emprego.

Para o ano que vem, teremos de enfrentar o término das obras relativas às Olimpíadas e o aumento das demissões na construção civil.

Um desafio para o Estado do Rio é diminuir a dependência das receitas de royalties. Para isso, é necessário aprimorar o planejamento público, buscando o adensamento produtivo e o aumento da base para arrecadação de ICMS.

As principais janelas de oportunidade, nesse sentido, encontram-se em torno dos complexos produtivos de turismo, entretenimento, esporte, cultura e mídia; da economia da saúde; e do petróleo e gás.

É importante, também, analisar as prioridades dos gastos públicos. Em 2014, por exemplo, o gasto público per capita para o conjunto das atividades vinculadas ao Legislativo e ao Judiciário no Estado do Rio foi em torno de 70% maior do que as despesas verificadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

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*Mauro Osorio é economista e professor da FND/UFRJ

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