sábado, 5 de dezembro de 2015

Oposição afina discurso para eventual governo de transição

• Após reunião com Temer, Aécio fala em coesão para salvar país da crise

Maria Lima - O Globo

BRASÍLIA - A partir da próxima semana o comando do PSDB deverá aprofundar o debate com partidos aliados e todas as instâncias tucanas sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os desdobramentos de um eventual governo de transição do vice-presidente Michel Temer. O PSDB foi o principal suporte do governo de transição do expresidente Itamar Franco, que assumiu após o impeachment do ex-presidente Fernando Collor. A participação de Fernando Henrique Cardoso como chanceler e depois ministro da Fazenda, com a implantação do Plano Real, catapultou o PSDB para o Planalto no pleito seguinte.

Um dos assuntos que o senador e presidente nacional do partido Aécio Neves (MG) vai discutir com os tucanos e partidos aliados, na terça-feira, é sobre a defesa da manutenção do recesso parlamentar. Ele acusou ontem o governo e a presidente Dilma de desejarem a convocação do Congresso durante o recesso para calar as ruas com um rito sumário, a fim de enterrar logo o impeachment sem a mobilização da opinião pública.

Após encontro regional em Juiz de Fora, Minas Gerais, Aécio repetiu o discurso que vem se firmando no partido e respondeu às cobranças de que o PSDB nada faz para ajudar: agora a prioridade é tirar o Brasil da crise.

— É muito importante que haja uma enorme coesão de todos nós para buscar saídas. O Brasil vive um processo de instabilidade enorme — disse Aécio em Juiz de Fora.

Depois do encontro com Michel Temer na quarta-feira, senadores tucanos fizeram coro a esse discurso de apoio a um eventual governo de transição, dependendo do programa de governo e do compromisso de que o peemedebista não leve adiante um projeto de disputa eleitoral em 2018.

Entretanto há entre os tucanos o temor de que, apoiando o eventual governo Temer, com a necessidade de continuar o duro ajuste, o PSDB passe a ser atacado pelo PT do ex-presidente Lula em 2018 como sócio das dificuldades no país.

— Tem que ver com cautela nosso papel nesse day after. Não dá para embarcar de qualquer jeito. A prioridade agora é ver como salvar o país da crise, mas nós temos que enxergar para além dela — disse Aécio, que conversou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no último domingo.

Para o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), a prioridade agora é arrumar o país, pois as indicações são de que a economia vai se deteriorar muito nas próximas semanas.

— A preocupação agora é salvar o país do caos econômico que caminha para o caos social. Lá na frente, se todos estivermos vivos, a gente vê o que faz — disse Tasso, presente à reunião com Temer.

— Ficou implícito na conversa que em caso de um governo de união nacional não se pode misturar projetos políticos de 2018. O problema é salvar o país — ecoou o senador José Serra (PSDB-SP).

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