sábado, 19 de dezembro de 2015

País perde 1,5 milhão de vagas formais em 12 meses

• Em novembro, foram fechados 130 mil empregos com carteira assinada, no pior resultado em duas décadas

Geralda Doca - O Globo

BRASÍLIA - O mercado formal de trabalho registrou uma redução de 130.629 vagas (admissões menos demissões), no oitavo mês consecutivo de piora no emprego. É o pior resultado para o mês da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992. No mesmo período de 2014, foram criados 8.381 postos. Nos doze meses encerrados em novembro, as demissões superam 1,5 milhão, segundo o Ministério do Trabalho. É também o pior resultado em 23 anos. Entre janeiro e novembro, o país fechou 945.363 vagas com carteira assinada.

Em relação a outubro, quando foram eliminados 169.131 postos, houve queda no ritmo dos desligamentos. No mês passado, o comércio registrou saldo positivo de 52.592 empregos, devido às vagas temporárias para o fim de ano. Mas, nos demais setores, as demissões superaram as contratações, sendo que na indústria, os cortes somaram 77.341; a construção civil perdeu mais 55.585 empregos; serviços, outros 23.312 e agricultura, 21.969.

O diretor do Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, Márcio Borges, disse que o resultado do emprego formal em novembro já era esperado. Segundo ele, os números mostram que as empresas vêm ao longo dos últimos meses fazendo ajustes, diante da crise na economia e do cenário de incertezas.

Corte menor em dezembro
Isso, destacou, pode fazer com que o saldo de dezembro, tradicionalmente negativo devido às rescisões dos contratos temporários, fique inferior à média de 300 mil desligamentos.

— Nossa expectativa é que dezembro venha com um número menor porque já está havendo um processo de alinhamento das empresas — disse o diretor, acrescentando que o cenário de incertezas precisa ser enfrentado pela equipe econômica, a fim de retomar a geração de empregos. — Isso precisa ser enfrentado pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento — destacou.

Para Rodolfo Torelly, do site especializado Trabalho Hoje, não há sinais de que o desemprego vai diminuir:

— Os resultados no mercado de trabalho formal continuam se agravando, com seguidos recordes negativos de perdas mensais de empregos formais. Ainda não vislumbramos uma desaceleração nos cortes de vagas, que obrigatoriamente irão anteceder uma retomada da geração positiva dos empregos formais — disse Torelly.

De acordo com o Caged, os setores mais afetados no acumulado do ano são a indústria, onde os cortes já atingiram 414.075 empregos, seguida pela construção civil, que já perdeu 309.226 empregos. No Rio, foram fechadas 137.740 postos entre janeiro e novembro. Em São Paulo, foram registrados 254.040 desligamentos no período.

Emprego industrial recua
Outra pesquisa divulgada ontem, do IBGE, mostrou que o emprego na indústria caiu 7,2% em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Frente a setembro, a queda foi de 0,7%, no décimo mês seguido de perdas de emprego.

Houve forte redução também na renda dos trabalhadores. A folha de pagamento real — ou seja, o total ganho por todos os trabalhadores da indústria, já descontada a inflação — caiu 0,8% frente a setembro. Na comparação com outubro do ano passado, a queda foi de 10,3%, a maior já registrada na série histórica do IBGE.

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