segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Um projeto para o Brasil – Editorial / O Tempo (MG)

Sem condições de falar à nação pela televisão, a presidente da República convidou a imprensa para um café da manhã, pretendendo injetar um pouco de confiança na população, neste início de 2016.

Deve-se elogiar a intenção da presidente em tentar recuperar seu capital político, transmitindo à população sua obstinação de trabalhar para superar os problemas do país, agravados em seu segundo mandato.

O Brasil enfrenta uma das piores crises de sua história. A situação econômica está abatendo o ânimo da sociedade, que não vê uma perspectiva, num círculo vicioso que se reflete diretamente na economia.

O cenário interno é desfavorável, com inflação de dois dígitos, desvalorização do real, recessão e desemprego crescentes. Por causa da desaceleração da China, pouco pode-se esperar do ambiente internacional.

Nessas circunstâncias, seria preciso que a presidente apresentasse projetos consistentes e factíveis à nação. Na sua primeira entrevista, ela apresentou várias propostas, mas todas são mais ou menos duvidosas.

O governo não tem convicção sobre como sair da crise. Não existe consenso dentro do próprio governo e do seu partido e aliados. Uma luta ideológica interna contamina qualquer esforço para enfrentar o impasse.

Neste momento, seria preciso reconhecer que só boas causas não são suficientes para levar para a frente uma nação, porque é preciso que os benefícios de sua implementação se espraie por toda a sociedade.

O modelo que se instalou no país não suportou a quantidade de encargos que o governo lhe atribuiu, sem ter os meios para tanto. Os sinais do esgotamento são evidentes, mas as resistências também são enormes.

O crescimento econômico, com a recuperação das finanças públicas, não virá sem o restabelecimento da confiança no governo. Enquanto isso não ocorrer, os trabalhadores continuarão a ser sacrificados.

A sociedade reclama um novo projeto para o Brasil que lhe assegure o cumprimento de regras confiáveis e não dê margem para a execução de experiências ditadas simplesmente pela vontade dos governantes.

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