quinta-feira, 17 de março de 2016

Antes do grampo, uma versão diferente

• Em entrevista, presidente afirmou que nomeação de Lula não era para livrar ex- presidente das decisões de Sérgio Moro

Catarina Alencastro, Simone Iglesias e Eduardo Barretto - O Globo

- BRASÍLIA- Diante da reação negativa provocada pelo anúncio de que o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá assumir o ministério mais importante do governo, a presidente Dilma Rousseff veio a público desmentir que esteja entregando o comando de sua gestão para o antecessor e que a nomeação não ocorreria para livrá- lo do juiz Sérgio Moro. Em uma entrevista coletiva organizada de última hora, antes de os diálogos entre ela e Lula virem a público, Dilma afirmou que o ex-presidente não terá superpoderes, e sim os poderes necessários para “ajudar o Brasil”. Embora visivelmente tensa, a presidente tentou disfarçar o nervosismo e sorriu.

Dilma falou que está feliz com a ida de Lula para a Casa Civil e que ele fortalece o governo. Ela o chamou de “hábil articulador” e negou que haja desconforto por causa da investigação. Afirmou que o petista já explicou que não é dono nem do tríplex no Guarujá, nem do sítio em Atibaia, motivos pelos quais é alvo de apurações no âmbito da Lava- Jato. Dilma chamou Lula de presidente todas as vezes em que o citou.

A presidente tentou diminuir o peso das críticas de que Lula estaria entrando no governo para obter foro privilegiado. Ela também negou que o petista tenha feito exigência.

— A hipótese (de que Lula estaria fugindo da Justiça) é apenas uma sombrinha, uma proteção ao fato de que, vamos falar a verdade, a vinda de Lula para o meu governo fortalece o meu governo. Tem gente que não quer que ele ( governo) seja fortalecido. O que é que eu posso fazer? — emendando em seguida: — A troco de quê eu vou achar que a investigação do juiz Sérgio Moro é melhor do que a investigação do STF?

Perguntada sobre a situação do ministro Aloizio Mercadante, flagrado em conversas com o assessor de Delcídio Amaral, Dilma disse que ele deu explicações satisfatórias e que não tem motivo para perder a confiança nele.

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