quinta-feira, 17 de março de 2016

FHC defende acordo para país 'mudar a página'

Thais Arbex – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - No momento em que PSDB e PMDB fazem um acerto de procedimentos para tirar a presidente Dilma Rousseff do poder, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu um acordo para o país avançar e "mudar a página".

Em evento da seguradora Tokio Marine, na manhã desta quarta-feira (16), FHC afirmou que a "linha sucessória brasileira está toda abalada", mas que isso "não deve paralisar o país".

"Devemos avançar de qualquer maneira. Se não der certo, vem outro. Vai chegar um momento em que vai ter que fazer acordo. Acordo não quer dizer cambalacho. É um acordo social", disse o tucano.

Segundo ele, são nos momentos de maior dificuldade que surge a capacidade de renovação. O ex-presidente afirmou que "há uma energia enorme nas ruas" mostrando ao país que "temos a capacidade de mudar a página".

"Quando se perde condições de governar, mais tempo, menos tempo muda, porque a sociedade acaba tendo que criar um caminho para se avançar. Quem são as pessoas que vão criar esse trilho depende de circunstâncias", disse.

O ex-presidente afirmou que as manifestações do último domingo (13) contra Dilma mostraram que "a sociedade cansou e quer uma solução para isso".

"O Brasil não pode ficar caminhando sem rumo. Quando falo de acordo, é quando ao rumo. Qual é o pacto? O que vamos fazer? Temos que escolher três, quatro, cinco mudanças fundamentais. Concentrar nelas e fazer. Alguém vai ter que fazer isso."

Para FHC, a presidente perdeu a oportunidade de fazer mudanças e reafirmou que é preciso um pacto para dar um novo rumo ao país. O tucano disse ainda que se o vice-presidente Michel Temer não for capaz de conduzir essa mudança, cairá.

"Não pode fazer sozinho, tem que apelar aos outros. Se houver mudança, se vai o vice-presidente, é a mesma coisa. Será ele capaz de fazer? Vai tentar fazer. Se não fizer, cai. Até que se chegue no momento de dizer que o caminho é esse e nos sabemos qual é o caminho"

FHC afirmou ainda que os políticos estão hoje "tateando", falando de "semipresidencialismo, parlamentarismo, impeachment", de "várias tentativas de ver se encontrar um caminho para tentar avançar um pouco".

"Tem luz", afirmou o ex-presidente.

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