segunda-feira, 11 de abril de 2016

Em crise, o Brasil espera a votação do impeachment - Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

Jogo é jogado, lambari é pescado. O processo de impeachment entra em sua reta final. Hoje, será votado na Comissão Processante o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO). O voto do relator acolhe os argumentos da denúncia apresentada pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal, e recomenda o impedimento da presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade originado na transgressão das Leis do Orçamento e de Responsabilidade Fiscal e da própria Constituição.

Na próxima sexta-feira, dia 15, iniciaremos no plenário da Câmara a discussão e a votação do relatório da comissão, e a decisão deve vir à tona no domingo, 17 de abril. Se conquistarmos 342 votos, o processo será instalado e enviado ao Senado, que em curto espaço de tempo se pronunciará.

O Brasil está literalmente parado. A economia, no fundo do poço. O desemprego assombra a vida dos trabalhadores. As famílias veem sua renda encolher. Prefeituras e Estados, estrangulados. A indústria brasileira escorre pelo ralo. As finanças públicas apontam para preocupante nível de déficit e endividamento. O nível de investimento, no chão. A imagem do Brasil encontra-se abalada. A credibilidade do governo anda entre o taco e o carpete. A popularidade de Dilma é a menor da história. A Lava Jato desnudou a corrupção endêmica. Abusos de poder servem para a obstrução da Justiça.

A expectativa é enorme. Sobram motivos para o afastamento da presidente. A sociedade estará de olho na Câmara dos Deputados.

O clima político no Congresso Nacional e na sociedade é o pior possível. Os espaços de diálogo se estreitam cada vez mais. A intolerância cresce e carrega de nuvens negras o horizonte. Não haverá solução sem sequelas. O governo e o PT desencadearam uma vergonhosa operação de cooptação. Cargos e verbas são oferecidos, na bacia das almas, em troca de votos contra o impeachment. A dignidade para o PT já foi atirada às favas: educação, saúde, estatais colocadas abertamente no balcão das negociações mais torpes. Dizem que outras ações fora dos holofotes são ainda menos republicanas, impublicáveis.

As piores práticas descobertas no mensalão e ampliadas no petrolão podem estar inspirando gestos desesperados em nome da manutenção de um poder decrépito. A não aprovação do impeachment será uma tragédia. Dilma não tem mais a menor condição de liderar o país. Se o aprovarmos, teremos pelo menos uma chance.

Imaginem se Dilma perder de 300 votos a 150 e com 63 ausências, mas o impeachment não passar.
Como já está tão combalida, governará após um voto de desconfiança do Parlamento dessa dimensão? Como recuperará a credibilidade hoje inexistente quando a fatura devida ao clientelismo e ao oportunismo tiver que ser paga? E o desalinhamento completo da base parlamentar? Como produzir avanços sem o apoio dos aliados perdidos?

O Brasil definitivamente não merece esse triste destino. A sociedade precisa se manifestar.
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Marcus Pestana é deputado federal (PSDB-MG)

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