terça-feira, 3 de maio de 2016

PSDB entrega ‘agenda emergencial’ a Temer

• Em almoço no Jaburu, tucanos mostrarão lista de condições para sua participação em eventual governo

Maria Lima e Simone Iglesias - O Globo

-BRASÍLIA- Base para o apoio congressual e participação efetiva no eventual governo pós-impeachment, o documento “Princípios e valores para um novo Brasil”, que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), entrega hoje ao vicepresidente Michel Temer durante almoço, é um miniprograma de governo. Elaborado por economistas tucanos e coordenado pelo senador Tasso Jereissati (CE), o texto serve de base para a formalização do ingresso dos tucanos em ministérios de um eventual governo Temer. E, com 15 pontos que abordam desde o combate à corrupção até política ambiental, pede que o peemedebista apresente medidas emergenciais de ajuste fiscal e simplificação do sistema tributário num prazo de 30 a 60 dias.

Redução de partidos
O documento será sacramentado em reunião da Executiva nacional do PSDB às 11h, e em seguida Aécio e outros integrantes da cúpula tucana almoçam com Temer no Jaburu. Os dirigentes do partido incluíram, além das já conhecidas reformas estruturantes, a manutenção e qualificação dos programas sociais como porta de saída para os mais pobres, tolerância zero com a inflação e reforma política com redução de partidos para preparar o ambiente para a rediscussão do parlamentarismo em 2018. 

Há também a defesa da qualificação da gestão com a redução do aparelhamento e mudança na montagem dos governos de coalizão, tirando dos partidos o poder para impor indicações. O primeiro item é um compromisso com a continuidade de investigações da Lava-Jato.

— O relevante para que o PSDB apoie um governo de salvação do país é o compromisso de Temer com a agenda emergencial. Apresentaremos um conjunto de propostas que é a síntese do que achamos necessário para tirar o Brasil dessa enorme crise. O essencial para nós é o apoio a essa agenda — explicou Aécio.

Uma prévia do documento mencionava a adoção de mandatos independentes para o Banco Central, mas a pedido do senador José Serra (SP), cotado para assumir o Ministério das Relações Exteriores mas com atribuições na área econômica, esse item foi retirado. Um trecho do documento diz:

“O Executivo deverá apresentar, em no máximo 30 dias, um conjunto de medidas para a recuperação do equilíbrio das contas públicas que sinalize o controle do crescimento da dívida pública até 2018. 

Tolerância zero com a inflação, preservando o poder de compra dos salários e controle de gastos públicos, de forma a reduzir o papel das taxas de juros no controle da inflação. O Executivo deve apresentar nos primeiros 60 dias proposta de simplificação radical da carga tributária e iniciativas para aumentar a progressividade e a justiça tributária.”

— O documento do PSDB é a base para o apoio ao governo Temer. Não tem a pretensão de detalhar nada, sobre como fazer os enunciados que estamos fechando — explica o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

A defesa da continuidade das investigações encabeçando as propostas é uma forma de o PSDB minimizar o impacto político de citações a tucanos, como Aécio, que teve ontem pedido de abertura de inquérito por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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