quarta-feira, 29 de junho de 2016

Perícia da PF confirma que advogado pagou gastos de Paulo Bernardo

Por André Guilherme Vieira - Valor Econômico

SÃO PAULO - Um relatório de análise da Polícia Federal (PF) de São Paulo aponta o "pagamento de numerosas despesas" do ex-ministro Paulo Bernardo pelo advogado Guilherme Gonçalves com origem em fundo da Consist Software, empresa contratada pelo Ministério do Planejamento em 2009 para realizar empréstimos consignados na folha de pagamento do funcionalismo público federal. Bernardo, Gonçalves e outras oito pessoas foram presas pela Operação Custo Brasil na quinta-feira, suspeitas de envolvimento em desvios de R$ 100 milhões da pasta entre 2010 e 2015.

"A resolução dessas despesas é feita com valores retirados por vezes do 'fundo especial'. Acredita-se que este fundo, em verdade, se trata de fundo ao qual é destinado os pagamentos decorrentes da Consist", afirma relatório de análise de material de informática obtido pelo Valor.


Em e-mail enviado no dia 12 de setembro de 2011, Guilherme Gonçalves informa ao também investigado Marcelo Maran, que está "autorizado" o "fundo especial" para Paulo Bernardo, então ministro das Comunicações de Dilma Rousseff.

Na mesma data, uma outra troca de mensagem aponta um "caixa específico" para Paulo Bernardo. Uma funcionária do escritório Guilherme Gonçalves & Advogados Associados avisa Maran: "O Guilherme pediu para te avisar que eu autorizei o Bender a passar R$ 200,00 para a Mirelle fazer uma busca para o Paulo Bernardo, pois ele disse que tem um caixa específico para isso".

Segundo outro trecho da perícia da PF, um e-mail enviado por Marcelo Maran a Guilherme Gonçalves, em fevereiro de 2015, permite "constatar que os pagamentos realizados por Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann a Guilherme Gonçalves, pelos serviços prestados, são realizados por meio de valores oriundos da Consist, desde pelo menos setembro de 2013 (...) havendo registros até agosto de 2015 (...) ao menos durante 24 meses".

No relatório os policiais federais fazem a ressalva de que Gleisi Hoffmann (PT-PR) é investigada no Supremo Tribunal Federal (STF) por contar com privilégio de foro enquanto for parlamentar. E que a referência ao nome dela "se dá inevitavelmente pela coleta de dados em virtude dos fatos relacionados à empresa Consist". Procurados, os advogados que defendem o ex-ministro e a senadora Gleisi Hoffmann não se manifestaram até o fechamento desta edição.

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