terça-feira, 19 de julho de 2016

Dilma ataca Temer por teto de gastos

• Presidente afastada foi criticada durante evento organizado por docentes no ABC

Sérgio Roxo - O Globo

-SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP)- Em ato organizado por professores de universidades públicas, a presidente afastada, Dilma Rousseff, criticou ontem o projeto do presidente interino, Michel Temer, que limita o aumento do gasto público federal à inflação por até 20 anos. Durante o evento na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, Dilma passou pelo constrangimento de ter a sua gestão criticada por um integrante da mesa.

Para Dilma, o teto de gasto fará com que as despesas per capita caiam na Educação e na Saúde por causa da elevação anual do número de atendidos no sistema público em cada área. Na avaliação da presidente afastada, essa foi a “medida mais grave” até agora adotada pelo governo Temer

— Se o gasto é congelado pela inflação, quando entra mais gente, significa que está reduzindo o gasto per capita. O que eles chamam de teto é na verdade uma diminuição per capita do gasto em Educação no Brasil — disse a petista.

A presidente afastada afirmou que “o golpe”, do qual se diz vítima no Brasil, difere da tentativa de derrubada do governo turco semana passada:

— A Turquia sofreu um golpe tipicamente militar. Aqui, nós temos um golpe parlamentar, que alguns chamam de golpe frio. Se você imaginar que, num golpe militar você tem um machado atacando a árvore da democracia, no golpe parlamentar, você tem parasitas e fungos atacando a árvore.


Crítica ao governo do PT
Antes do discurso de Dilma, Fábio Luis Barbosa dos Santos, da Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp), criticou o governo petista por causa de corte de verbas para as universidades públicas e pela forma como lidou com as greves de docentes. De acordo com o representante da Adunifesp, as medidas dificultam a mobilização contra o impeachment. Sentada próxima ao sindicalista, a presidente afastada anotou em uma folha todas as vezes em que Santos atacou o seu governo.

— O bordão pátria educadora virou um mote vazio — acusou o representante dos docentes, se referindo ao slogan do governo Dilma: “Brasil, Pátria Educadora”.
Em seu discurso, Dilma respondeu que é preciso apreender com as críticas e “trilhar um caminho mais efetivo”:

— Até porque uma das constatações que temos que fazer é que algo não deu certo, tanto é que eles estão lá e nós, aqui.

A petista ainda declarou que as acusações de que ela cometeu crime de responsabilidade estão ficando “desagradáveis e chatas” porque a perícia do Senado e o Ministério Público Federal descartaram irregularidades. A presidente afastada citou ainda a necessidade de “fazer um pacto nacional” com parlamentares e a sociedade, caso volte ao poder.

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