sábado, 23 de julho de 2016

Para Moro, Lula deu em diálogo motivos para ser preso

• Interceptação revelou intenção do petista de obstruir investigações, afirma juiz

Renato Onofre - O Globo

SÃO PAULO - Em resposta aos advogados do ex-presidente Lula, o juiz Sérgio Moro não só contestou a afirmação de que deveria se colocar em suspeição nas investigações da Lava-Jato como afirmou que havia nas gravações feitas em março elementos suficientes para decretar a prisão temporária do petista, mas que optou por uma medida “menos gravosa”, a condução coercitiva. Defensores de Lula criticaram interceptação telefônica, obtida, segundo eles, de forma ilegal e usada de maneira parcial.

“Rigorosamente, a interceptação revelou uma série de diálogos do ex-presidente nos quais há indicação, em cognição sumária, de sua intenção de obstruir as investigações, como no exemplo citado, o que por si só poderia justificar, por ocasião da busca e apreensão, a prisão temporária dele, tendo sido optado, porém, pela medida menos gravosa da condução coercitiva”, afirmou o juiz, em seu despacho.

“Falta de seriedade”
No documento de 15 páginas protocolado ontem, Moro disse que não vai abrir mão do caso e que “falta seriedade” à argumentação de advogados de Lula.

“Não há nenhum fato objetivo que justifique a presente exceção, tratandose apenas de veículo impróprio para a irresignação da defesa do excipiente (Lula) contra as decisões do presente julgador e, em alguns tópicos, é até mesmo bem menos do que isso”.

Os advogados do petista afirmam que que Moro prejulgou Lula ao prestar informações ao Supremo Tribunal Federal sobre reclamação feita por eles. Ontem, os advogados voltaram a atacar Moro: “O juiz Sérgio Moro recusou-se a reconhecer que perdeu a imparcialidade para julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e apresentou sua defesa para futuro julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A defesa apresentada por Moro, todavia, apenas deixou ainda mais evidente a sua parcialidade em relação a Lula, pois a peça: (a) acusa; (b) nega, de forma inconsistente, as arbitrariedades praticadas; (c) faz indevidos juízos de valor; e, ainda, (d) distorce e ignora fatos relevantes”.

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