quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Dilma cita Getulio e Jango e diz: ‘Luta não tem data para terminar’

• Petista participa de ato às vésperas de julgamento, sem a presença de Lula

Sílvia Amorim e Sérgio Roxo- O Globo


-SÃO PAULO- Às vésperas do início do julgamento do impeachment, a presidente afastada, Dilma Rousseff, citou o suicídio de Getulio Vargas e o exílio de João Goulart, e disse a apoiadores em São Paulo que continuará lutando.

Sem o ex-presidente Lula ao seu lado, ela participou de um ato da Frente Brasil Popular contra o impeachment.

— Não renunciei porque hoje existem espaços democráticos neste país. Eles (oposição) não obrigaram a me suicidar como obrigaram o Getulio nem me fizeram pegar um avião para o Uruguai como fizeram com o Jango. E sabe por quê? Porque tem uma democracia aqui que lutamos para construir —disse. — Temos que saber que esta luta não tem data para terminar.



Presidente diz que vai ao Senado por crer na democracia

• ‘Você organiza a festa, e te proíbem de entrar’, afirmou sobre Olimpíada

Durante pouco mais de meia hora, Dilma falou sobre resistência. Entretanto, diferentemente dos que a antecederam no microfone, a presidente afastada não fez prognóstico sobre a votação do impeachment. Ela começou seu discurso falando que esse processo de enfrentamento já havia trazido vitórias para quem resiste ao que chama de golpe, e avisou que o embate está longe de acabar.

Dilma referiu-se ao presidente interino, Michel Temer, e a seus aliados como “parasitas”, e disse que irá ao Senado se defender na próxima semana porque acredita na democracia:

— Não vou lá porque acredito nos meus belos olhos, mas, sim, na democracia.
Dois dias depois do encerramento da Olimpíada, Dilma se mostrou ressentida por não ter participado do evento.

— Você organiza a festa, arruma a casa, os móveis, e no dia da festa te proíbem de entrar. É essa a sensação que tive — afirmou.

PT ignora plebiscito
Ontem, em resolução aprovada pela Executiva, o PT ignorou o plebiscito proposto pela presidente afastada. O tema acirrou as divisões internas do partido no último mês. Uma outra decisão tomada na reunião da Executiva, a de adiar o encontro partidário marcado inicialmente para dezembro, aprofundou as desavenças entre o grupo que comanda o partido e as correntes de esquerda.

O texto aprovado, porém, defende Dilma Rousseff e mantém a tese do golpe propagada desde o início do processo de impeachment. A corrente Mensagem, segunda maior força interna, queria a aprovação de uma resolução em que o partido assumisse a bandeira do plebiscito para a convocação de novas eleições.

No começo do mês, Falcão havia declarado que não considerava viável a proposta do plebiscito, porque, se todos os trâmites forem seguidos, a nova eleição aconteceria apenas em 2018, ano de renovação do mandato presidencial.

O secretário nacional de Formação do PT, Carlos Árabe, acusou, na época, Rui Falcão de querer colocar o partido “quietinho” na oposição e questionou a sua permanência no cargo. Essa divergência ganhou um novo capítulo ontem, com o adiamento do encontro do partido de dezembro deste ano para março do ano que vem.

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