sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Governo quer 62 votos pelo impeachment

• Padilha diz que apoio de 59 senadores ao afastamento de Dilma é o mínimo esperado

Cristiane Jungblut - O Globo

-BRASÍLIA- O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse ontem que o Palácio do Planalto trabalha com até 62 votos a favor do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no julgamento final. Na votação da chamada “pronúncia”, na última terça-feira, Temer conseguiu 59 votos. Na saída da Comissão de Agricultura do Senado, Padilha disse que os votos recebidos na pronúncia são o mínimo que o governo espera obter e, indagado sobre o possível início do julgamento dia 25 deste mês, defendeu que a questão seja resolvida o mais rapidamente possível.

— Hoje trabalhamos com até 62 votos. Todos os brasileiros gostariam de ter a solução desse impasse imediatamente. O presidente Michel governa como se fosse governar para a eternidade, mas esse projeto ganha mais fôlego se ele for confirmado na Presidência — disse Padilha.

Ministério será recriado
O governo busca três votos entre os senadores Elmano Férrer (PTB-PI), Otto Alencar (PSDBA) e Roberto Muniz (PP-BA). Na noite de quarta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cujo voto era pretendido pelo Planalto, voltou a afirmar que não deve votar na etapa final, assim como fez até agora.

Padilha disse ainda que não cabe ao governo opinar sobre a data de votação da cassação de Eduardo Cunha pela Câmara, marcada para o dia 12 de setembro.

— Sou um respeitador da Constituição. Faço parte do Poder Executivo e essa é uma questão do Poder Legislativo. Não tenho que opinar — desconversou.

Padilha confirmou que o Ministério do Desenvolvimento Agrário, extinto no governo Temer, será recriado e que está sendo feito um levantamento sobre a situação dos assentados e dos assentamentos.

— Não podemos favelizar o campo. Na medida em que se assente, é preciso dar condições para eles se tornarem pequenos produtores. São mais de cem mil proprietários que têm condições de receber o título, mas temos que filtrar a estrutura (dos assentamentos). Ainda não se tem objetivamente o que é preciso fazer para dar estrutura. A pretensão é fazer a entrega dos primeiros títulos em setembro e provavelmente o primeiro (estado) será Mato Grosso — disse ele.

Padilha reforçou a necessidade de recriação do ministério. Segundo ele, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), subordinado à pasta, tem estrutura pesada e deverá ser otimizada.

— Não é mudança de posição, é otimizar. Não tem um centavo a mais de custo, não vamos contratar ninguém.

Nenhum comentário: