quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Ao tomar posse, Freire diz que a Cultura será instrumento de integração e de diversidade

- Assessoria PPS

O presidente Michel Temer deu posse nesta quarta-feira (23) ao deputado e presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), como ministro da Cultura. Ele substitui Marcelo Calero, que pediu demissão do cargo na última sexta (18).

Durante o discurso na cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, Freire disse que a cultura é um instrumento de integração de diversidade e que a pluralidade do Brasil deve ser a base da tolerância.

“Enquanto para alguns a cultura é simples elemento de afirmação da diferença, para nós deve ser instrumento de integração de diversidade em função de humanismo que busca excluir a noção de estrangeiro”, disse.

Temer disse que o novo ministro da Cultura vai ajudar a “salvar o Brasil”. “Você traz para o governo esta simbologia de quem tem passado de lutas em favor do Brasil. O governo está ganhando muito. E se o governo foi bem até agora, eu vou dizer a vocês que a partir do Roberto, vai ganhar céu azul, vai ganhar velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil”, disse o presidente.

Freire falou ainda sobre as crises econômica e ética que, segundo ele, o Brasil enfrenta atualmente.

“Temos clareza das dificuldades que atravessamos hoje em nosso país. Uma profunda crise econômica e ética de governos que não cuidaram dos fundamentos macroeconômicos com a necessária responsabilidade produziu um ambiente nefasto para nossa economia e para a política, que requer temperança, ousadia e de apoio à Lava Jato para superá-la”.

Para o novo ministro da Cultura, a a experiência de 40 anos como parlamentar o ensinou sobre a necessidade do dialogo para enfrentar a divergência, “elemento fundamental da democracia”. (Com informações das agências de notícias)

 Leia abaixo o discurso de posse

Excelentíssimo Sr. Presidente Michel Temer;
Excelentíssimos Senhoras e senhores Ministros;
Excelentíssimos Senhoras e senhores Parlamentares;
Senhoras e Senhores,

Vivemos em um tempo marcado por processos antagônicos que ampliam os desafios que a humanidade enfrenta: De um lado, o processo objetivo de globalização de pessoas e capitais impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico que modificou a própria estrutura de produção de manufaturas e serviços, buscando a integração incessante de países e culturas. De outro, o impulso a regressão de um nacionalismo cada vez mais excludente, com seu rosário de preconceitos e intolerâncias, marcando uma posição com perigosas características xenófobas, e avessas aos processos de integração em curso.

Nesse cenário, a Cultura assume novas dimensões, para além dos hábitos, crenças e costumes comuns compartilhados e transmitidos por uma língua específica. Enquanto para alguns a Cultura é simples elemento de afirmação da diferença, para nós é instrumento de integração de diversidades, em função de um humanismo que busca excluir a noção de “estrangeiro” já que nenhum ser humano é estranho ao outro. Sendo assim acreditamos que a criação cultural no seu mais amplo sentido e como maior expressão do humano, poderá nos ajudar a atravessar essa névoa da mudança.


Nosso país é exemplo vivo desse processo de integração de etnias e culturas, as mais variadas, que marcam nossa especificidade enquanto Nação. Em grande medida, essa pluralidade cultural deve ser a base de nossa tolerância ao outro e ao diverso.

Temos clareza das dificuldades que atravessamos em nosso país. Uma profunda crise econômica e ética de governos que não cuidaram dos fundamentos macroeconômicos com a necessária responsabilidade, produziram um ambiente nefasto para nossa economia e para a política, que requer temperança e ousadia, e de apoio a Lava-Jato para superá-la.

Como parlamentar com quase 40 anos de exercício de mandatos, sei da necessidade do diálogo como forma privilegiada para enfrentarmos as divergências, elemento fundamental para o fortalecimento da Democracia. Para superarmos os dissensos, sem nem um tipo de “revanchismo”, é fundamental trabalharmos na construção de consensos, privilegiando a discussão coletiva dos órgãos colegiados que compõe a pasta. O diálogo vai ser essencial para integrarmos todos os agentes culturais, qualquer que seja sua contribuição específica, no processo permanente da ação cultural, tendo como vetor fundamental o respeito a nossa diversidade como povo e Nação.

Sou legatário de uma tradição que tem no trabalho intelectual e no trabalho de artistas da estatura de um Jorge Amado, Graciliano Ramos, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Dias Gomes, Oduvaldo Viana Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Ferreira Gullar, e outros tantos cujas obras fundaram em nosso país o período da modernidade sintonizada com as vanguardas mundiais. Tal tradição com vocação nacional, mas sem esquecer seu pertencimento a linhagem comum da humanidade, tem no respeito ao diverso sua contribuição decisiva para a construção do Ser Brasileiro.

Venho juntar-me aos ministros que me antecederam e notabilizaram com suas ideias e equipes contribuições fundamentais para a modernização da pasta, incentivo a nossa indústria cultural, integração das várias regiões que formam o país, e a busca incessante por garantir maior acessibilidade a produção cultural para usufruto do nosso povo.

Nosso compromisso é com o contínuo processo de reforma do Ministério, de seus instrumentos e políticas para tornar mais eficiente e transparente nossas ações. Racionalidade na gestão para integrar os trabalhos da pasta, tendo com fim a satisfação da demanda de bens culturais da sociedade. Exatamente por ter uma compreensão da Cultura como elemento central de identidade, de reflexão e mesmo de entretenimento, buscaremos tornar a pasta elemento de inclusão social por meio do incentivo e da ampliação do acesso dos bens culturais. Isso fortalecerá a Cultura, importante elemento de desenvolvimento econômico, por conta de sua amplitude e ramificação em diferentes aspectos da economia nacional.

Finalmente, sinto-me honrado com a confiança do presidente Michel Temer em designar-me como dirigente de pasta tão sensível, justamente por trabalhar a sensibilidade como matéria- prima da Arte e elemento distintivo da Cultura, seja em sua produção, como em sua transmissão também.

Sabemos da importância e das dificuldades da tarefa posta. Mas tenho a certeza que contarei com a boa vontade de todos os que trabalham na área, pois todos nós temos um objetivo comum, a Cultura como móvel fundamental da formação do Ser e da nossa Nação, para avançarmos o processo democrático e sermos contemporâneos do futuro.

Muito obrigado!”

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