quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Meirelles diz que governo vai reduzir projeção do PIB de 2017

• Para ministro, eleição de Trump torna mais urgente aprovar reformas

Bárbara Marcolini, Henrique Gomes Batista - O Globo

NOVA YORK E WASHINGTON - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem, em evento com investidores em Nova York, que será divulgada na próxima semana uma projeção de crescimento do PIB do próximo ano menor do que o 1,6% previsto originalmente, mas garantiu que o país voltará a crescer em 2017. Segundo o ministro, dados recentes mostram que muitas companhias precisam de mais tempo para se recuperar. De acordo com Meirelles, com a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, torna-se mais importante a aprovação de medidas para alavancar a economia brasileira.

— Estávamos no meio da crise até alguns meses atrás e agora estamos nos recuperando. Esse fato torna ainda mais urgente e necessária a aprovação de reformas para que o país comece a ter um crescimento sólido — disse Meirelles. A cautela já se refletiu no mercado e no Boletim Focus, do Banco Central. A previsão de expansão da economia em 2017 recuou de 1,2% para 1,13% nesta semana. Segundo o ministro, o país precisa estar forte para enfrentar flutuações políticas e econômicas no contexto internacional: — O Brasil tem que fazer seus ajustes o mais rápido possível, estar com a economia forte para enfrentar com sucesso as flutuações normais do ciclo econômico, Crise. Meirelles: empresas precisam de tempo

Meirelles negou que o governo pretenda proteger investidores contra variações cambiais:

— Os incentivos que estamos oferecendo são regras previsíveis, jogadas pela competição do mercado e investimentos atrativos. Vai haver algum financiamento oferecido pelo Banco do Brasil. Alguns investidores têm perguntado se o governo vai oferecer proteção cambial. A resposta é não. Definitivamente, o Tesouro não vai pagar a conta.

A investidores, o ministro informou que a inflação deve cair para 5,1% ao ano em 2017 e atingir a meta de 4,5% ao ano em 2018. Investimentos estrangeiros diretos devem chegar a US$ 65 bilhões nos próximos dois anos, segundo dados do Banco Central. Meirelles reafirmou que não será necessário aumentar impostos em 2017. Ele disse que a reforma da Previdência deve ser apresentada até o fim do ano:

— A Constituição diz que, para se aposentar, um homem, por exemplo, precisa alcançar duas condições: completar 65 anos e ter contribuído por 35 anos. É um e o outro. Mas a interpretação tem sido de que seria um ou o outro.

EFEITO DA ELEIÇÃO É INDIRETO, DIZ PARENTE
Em evento em Washington no Brazil Institute do Wilson Center, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que ainda há muitas incertezas sobre como será o governo Trump.

— O Brasil e a Petrobras devem ser afetados indiretamente pelas decisões de Trump e de sua equipe — disse.

Segundo Parente, a estatal trabalha com previsão de preço do petróleo entre US$ 45 e US$ 65 nos próximos dois anos. Parente destacou que a situação do Brasil é muito diferente da de outros países:

— Não temos acordo comercial com os EUA. Entendo que muitos países estão preocupados, mas não vejo que este seja o caso do Brasil e da Petrobras.

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