quarta-feira, 9 de novembro de 2016

PMDB se reúne com Centrão para tratar de sucessão na Câmara

• Líder do partido participa de almoço na casa do petebista Jovair Arantes (GO), um dos cotadas para a disputa

Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (SP), se reuniu nesta terça-feira, 8, com líderes do Centrão – grupo de 13 partidos da base aliada liderado por PP, PSD e PTB – para tratar sobre a eleição para presidência da Casa, prevista para fevereiro de 2017. O encontro ocorreu durante almoço no apartamento do líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), um dos nomes cotados para ser o candidato do bloco ao comando da Câmara.

Em 17 de outubro, o Palácio do Planalto chegou a barrar participação do líder do PMDB em jantar promovido por Jovair, após publicação de notícias de que o encontro serviria para tratar sobre a sucessão na Casa. No entanto, acabou liberando depois de líderes do grupo dizerem que o assunto não seria discutido.

Dono da maior bancada na Câmara, com 67 deputados, o PMDB tem sido cortejado pelos dois grupos da base aliada que pretendem disputar o comando da Casa: o Centrão e a antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB).

Diferente da eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), em julho, quando apenas a presidência da Câmara estava em jogo, outros cargos da Mesa Diretora da Casa também serão escolhidos no pleito de fevereiro de 2017. Por isso, o PMDB precisa estar em alguma chapa para garantir espaço na Mesa. Segundo interlocutores de Rossi, o partido de Temer vai reivindicar do grupo ao qual se aliará na disputa a primeira vice-presidência da Câmara ou a 1ª secretaria.

No PMDB, porém, há uma ala minoritária que defende candidatura própria. “Vou defender que o partido lance candidato próprio”, disse ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, o deputado Sérgio de Souza (PMDB-PR). Para o líder do sigla na Câmara, porém, o PMDB não deve reivindicar o comando da Casa, pois já tem as presidências da República e do Senado. “Isso não tem nada a ver. Aqui é outro poder. O PMDB é o maior partido e tem direito de ter candidato próprio”, rebateu Souza.

Candidatura única. No almoço desta terça-feira, líderes do Centrão defenderam a união do grupo em torno de uma candidatura única. O objetivo é evitar candidaturas avulsas, como na eleição de Maia, quando o grupo se dividiu principalmente no primeiro turno e teve algumas defecções no segundo turno, como do PR, e acabou derrotado. “Estamos alinhando o discurso para ver se conseguimos estar juntos na sua totalidade para ter certeza de que não vai acontecer o que aconteceu antes”, disse Jovair.

O Centrão combinou que cada partido vai discutir internamente e sentará à mesa no fim de novembro para escolher junto o candidato do grupo que tem mais condições de se eleger. Na semana passada, o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), chegou a divulgar carta defendendo união da Câmara para escolha do próprio presidente da Casa. O documento gerou mal-estar entre outros líderes do bloco, que consideraram o ato como um lançamento prévio de candidatura.

Tucanos. Líderes do Centrão também discutiram no almoço sobre o posicionamento do PSDB em relação à articulação de Maia para viabilizar juridicamente sua reeleição. Como mostrou o Broadcast Político na sexta-feira passada, 4, aliados dos três principais caciques tucanos - o senador Aécio Neves (MG), o ministro José Serra (Relações Exteriores) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - admitem apoiar a recondução do deputado do DEM.

Para o Centrão, porém, o melhor seria disputar com um candidato do PSDB do que com Maia. Na avaliação do grupo, o atual presidente da Câmara largaria com vantagem. Primeiro, porque conta com cerca de 100 votos de grande parte da atual oposição (PT, PCdoB e PDT), que dificilmente iriam para um nome tucano. Segundo, porque uma candidatura de Maia pode ter mais votos do PMDB, uma vez que o Rio de Janeiro, Estado de Maia, tem a maior bancada estadual no PMDB: 11 dos 67 deputados. Maia também recebeu, recentemente, sinalizações de apoio do Planalto para sua articulação à reeleição. Oficialmente, porém, o governo diz que não vai interferir na disputa interna da Casa. O presidente Michel Temer quer passar a imagem de neutralidade em relação ao assunto, para evitar um racha na base, o que pode comprometer a aprovação das matérias do governo.

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