sábado, 5 de novembro de 2016

Serra defende acordo para a presidência do PSDB

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em meio à disputa tácita entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Aécio Neves (MG) pelo protagonismo no PSDB, o chanceler José Serra, espécie de terceiro elemento no conjunto de forças do tucanato, prega que haja um acordo em torno do nome que irá presidir a sigla a partir de 2017.

Hoje, Aécio comanda o PSDB, o que confere a ele forte influência sobre todas as instâncias da sigla. Para manter esse poderio, quer emplacar um aliado como sucessor. Alckmin, por sua vez, quer indicar um nome de sua confiança para o cargo. E tem dito que, como apoiou a recondução de Aécio ao cargo, em 2015, seria este o momento de o mineiro retribuir o gesto.

"Minha ideia é que a definição deveria caminhar para um tipo de acordo. Tem que se fazer o possível para ter entendimento", disse Serra à Folha. "Isso significa respeitar todas as forças e não antecipar eventuais conflitos que possa haver no ano eleitoral, em 2018."
jantar

A fala é um gesto tanto na direção de Aécio como de Alckmin. Serra, que por anos foi visto como desafeto do mineiro, se reaproximou dele.

O chanceler e o senador jantaram nesta quinta-feira, no restaurante Ohka, em São Paulo. A conversa foi acompanhada por dois amigos de Aécio. Quem viu o encontro relatou como algo mais parecido com uma reunião social do que política.

O chanceler tem atuado de forma mais discreta e menos incisiva, especialmente na seara da política partidária. Ele tem dito a aliados que não é o momento de despertar inimizades, especialmente dentro de seu próprio partido.

Mesmo em meio à disputa interna, tanto Serra como Aécio e Alckmin têm repetido que é preciso criar condições para dar estabilidade ao governo de Michel Temer.

A avaliação é de que o PSDB, fiador do impeachment de Dilma Rousseff, está atado tanto ao fracasso como ao sucesso da gestão de Temer, seja qual for o nome da sigla para 2018.

A avaliação nos bastidores é que o triunvirato tucano sabe que será preciso algum esforço para que o partido possa sobreviver ao vendaval que se avizinha, especialmente na Lava Jato, com a iminência da divulgação de detalhes da delação firmada por executivos da Odebrecht.

Serra sofreu desgaste recente após a notícia de que a empreiteira relatou que fez doações à sua campanha, em 2010, em forma de caixa 2.

Na ocasião, o tucano negou qualquer ligação com irregularidades. Outros nomes do PSDB já foram citados no esteio da investigação.

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