segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Alvos de protestos, Calheiros e Maia afirmam que manifestação é legítima

- Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Principais alvos dos protestos neste domingo (4) em todo o Brasil, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmaram que as manifestações são legítimas e que o Congresso está aberto a debates.

Em notas divulgadas nesta tarde, nenhum dos dois menciona, no entanto, os motivos que levaram as pessoas a irem às ruas, como a alteração do projeto das 10 Medidas de Combate à Corrupção, o projeto sobre abuso de autoridade que está na pauta do Senado e a operação Lava Jato.

"O presidente do Senado, Renan Calheiros, entende que as manifestações são legítimas e, dentro da ordem, devem ser respeitadas", diz a nota enviada por sua assessoria.

"Assim como fez em 2013, quando votou as 40 propostas contra a corrupção em menos de 20 dias, entre elas a que agrava o crime de corrupção e o caracteriza como hediondo, o Senado continua permeável e sensível às demandas sociais".

O comunicado enviado pela assessoria de Maia também afirma que "a Câmara dos Deputados recebe com atenção e respeito as manifestações que são legítimas e democráticas".

Diz ainda que "manifestações desse tipo, em caráter pacífico e ordeiro, servem para oxigenar nossa jovem democracia e fortalecem o compromisso do Poder Legislativo com o debate democrático e transparente de ideias".

O presidente Michel Temer foi poupado na maior parte dos protestos, que tiveram contra ele apenas manifestações isoladas. Mesmo assim, a Secretaria Especial da Presidência decidiu se manifestar no fim do dia para mostrar apoio aos atos.

"A força e a vitalidade de nossa democracia foram demonstradas mais uma vez, neste domingo, nas manifestações ocorridas em diversas cidades do país. Milhares de cidadãos expressaram suas ideias de forma pacífica e ordeira. Esse comportamento exemplar demonstra o respeito cívico que fortalece ainda mais nossas instituições".

A nota afirma também que "é preciso que os Poderes da República estejam sempre atentos às reivindicações da população brasileira".

Além de criticar os presidentes das casas legislativas, as manifestações demonstraram apoio ao juiz Sergio Moro e à Operação Lava Jato.

Foram realizados atos em ao menos oito Estados. Na manifestação em São Paulo, foi erguido um boneco de Renan Calheiros algemado com os dizeres "Partido Canalheiro" e o logotipo das principais legendas do país, PSDB, DEM e PMDB.

Em Brasília, manifestantes jogaram no lago em frente ao Congresso Nacional ratos de brinquedos e desenhos do animal em protesto contra os parlamentares.

LAVA JATO
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, não quis fazer comentários sobre as críticas a Calheiros e Maia, mas destacou que o governo tem dado "amplo" apoio a Lava Jato.

"O governo dá total apoio à Lava Jato. Os últimos sete meses foi o período em que aconteceu o maior número de operações", disse. Moraes destacou que em nenhuma capital o presidente Michel Temer ou seu governo foi o principal foco de insatisfação.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, avaliou que as manifestações foram "expressivas e tranquilas, um sinal de amadurecimento da cidadania".

Ele defendeu que o governo fique fora da polêmica que envolve a mudança do projeto de iniciativa popular das 10 Medidas de Combate à Corrupção pelo Congresso.

"O governo deve manter-se distante do embate, pois a arena decisória é o parlamento. Porém, sem admitir ou endossar anistia para quem cometeu crimes."

O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Roberto Veloso, também divulgou uma nota de apoio aos protestos. "O apoio demonstrado à Magistratura e ao Ministério Público é a prova cabal do equívoco cometido pela Câmara do Deputados em aprovar medidas de retaliação aos encarregados de apurar e julgar os casos envolvendo corruptos."

Para Veloso, há alterações no projeto que visam intimidar o Judiciário. "A sociedade exige que a corrupção seja abolida, e para isso, é necessário que sejam criados instrumentos modernos de enfrentamento e não que os magistrados e procuradores sejam intimidados com ameaça de prisão."

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