segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Base vai contestar divulgação de teor de delação

Estratégia de aliados de Temer é questionar vazamento de depoimento de ex-diretor da Odebrecht; presidente convoca reunião de emergência

Carla Araújo Erich Decat Lígia Formenti - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Aliados do presidente Michel Temer vão reforçar nesta semana as críticas à divulgação da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. A estratégia é questionar a legalidade da divulgação, o que, para eles, poderia comprometer a delação, assim como ocorreu com o depoimento do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. Com base nisso, o esforço é para tentar invalidar o depoimento.

Um dos defensores dessa tese será o presidente do PMDB e líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), citado, assim como Temer, pelo ex-diretor da Odebrecht.

Uma reunião de emergência no Palácio do Jaburu foi realizada ontem à noite, com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Moreira Franco, também citados pelo ex-executivo.

Segundo interlocutores do presidente, apesar de “tranquilo”, Temer está “indignado” e afirmou que o depoimento ainda precisa ser homologado no Supremo Tribunal Federal.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou, anteontem, uma investigação sobre o vazamento do anexo de Melo Filho. Janot foi o responsável por suspender a negociação com Léo Pinheiro, depois de vazamento à imprensa.

Nesse caso, contudo, o acordo foi suspenso ainda na fase de tratativas. Em relação aos executivos da Odebrecht, as delações já foram assinadas por Janot e serão encaminhadas para o ministro do STF, Teori Zavascki, assinar.

Votações. Na reunião, além de discutir os efeitos políticos das delações, Temer revisou a estratégia de votação de temas na área econômica que estão na pauta do Congresso nesta última semana de atividades no Legislativo. O objetivo do governo é reagir a mais uma crise política mostrando “trabalho”. Para isso, pretende demonstrar força garantindo a votação da chamada PEC do Teto e do Orçamento. Também ontem, Temer anunciou a criação de um “minipacote” de estímulo à economia.

No atual cenário, Temer continuará investindo em conversas com a base aliada e, principalmente, com os tucanos, que devem ficar com o comando da Secretaria de Governo, apesar do imbróglio envolvendo a possível nomeação do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que chegou a ser dado como certo no cargo. A decisão, entretanto, foi suspensa por causa da pressão de parlamentares do Centrão (PSD, PP, PR, PTB entrou outros).

Temer recebeu Imbassahy ontem no Jaburu. Ele ainda segue como um dos mais cotados para cargo. Antes de bater o martelo, o presidente vai acertar os últimos detalhes com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e com parlamentares do Centrão. Há a expectativa de que o nome seja anunciado ainda nesta semana.

Agenda. No Senado o foco será na votação em segundo turno, amanhã, da PEC que limita os gastos públicos, considerada vital para o governo. No mesmo dia, os parlamentares querem, em sessão do Congresso, votar o Orçamento e vetos. Na Câmara, a Reforma da Previdência precisa ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

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