sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Desemprego vai a 11,9% em novembro, bate recorde e atinge 12,1 milhões

Lucas Vettorazzo | Folha de S. Paulo

RIO - O desemprego no Brasil alcançou 11,9% no trimestre encerrado em novembro, divulgou o IBGE na manhã desta quinta-feira (29).

A taxa é a mais elevada já registrada da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Também foi recorde da série o volume de pessoas desocupadas, que atingiu 12,1 milhões no trimestre encerrado em novembro.

A pesquisa mostrou que houve aumento na fila de emprego, redução de vagas, aumento da informalidade e também do desalento, que é quando a pessoa em idade laboral desiste de procurar emprego por falta de oportunidade.

No período de um ano, 3 milhões de novas pessoas entraram na fila do emprego, aumento de 33,1% em relação ao trimestre encerrado novembro de 2015.

Novembro deste ano apresentou piora significativa em relação ao verificado um ano antes, quando a taxa de desemprego esteve em 9% e o contingente de pessoas nessa situação era de 9,1 milhões.

A população desocupada é formada por desempregados que estão em busca de oportunidade. O crescimento dos desocupados significa que pessoas que não trabalhavam nem procuravam emprego passaram a buscar uma vaga no mercado de trabalho.

Segundo a Pnad Contínua, o desemprego no trimestre encerrado em novembro ficou praticamente estável em relação ao trimestre imediatamente anterior, de junho a agosto, quando foi de 11,8%. Embora o IBGE considere que a taxa estabilizou, houve o incremento de 109 mil pessoas na fila de emprego no período.

A população ocupada, que é a que de fato está trabalhando, ficou estável no trimestre encerrado em novembro, em 90,2 milhões, em relação ao apurado no trimestre encerrado em agosto —houve ligeira alta, de 0,1%, com 73 mil novos postos.

Em um ano, contudo, houve redução em 1,9 milhão (ou 2,1%) no contingente de pessoas com emprego —no trimestre encerrado em novembro de 2015, os ocupados eram 92,2 milhões.

Outro fenômeno já conhecido que continua a ocorrer é o aumento das pessoas fora da força de trabalho. São pessoas em idade laboral que não estão procurando emprego.

No intervalo de um ano 967 mil pessoas saíram da força. Parte disso ocorre devido ao chamado desalento, que é quando a pessoa desiste de procurar emprego após muitas tentativas frustradas de se inserir no mercado.

Na passagem dos trimestres, 206 mil pessoas deixaram a força de trabalho. Novembro fechou com 64,4 milhões de pessoas nessa condição, queda de 1,5% em relação a igual período de 2015 e de 0,3% em frente a trimestre imediatamente anterior.

A Pnad Contínua é uma pesquisa divulgada mensalmente, mas cuja coleta de informações é feita em bases trimestrais. Para poder comparar a passagem de um trimestre para o outro, o IBGE considera o trimestre fechado, sem sobreposições de meses. O trimestre imediatamente anterior ao encerrado em novembro, portanto, é o que termina em agosto.

A pesquisa tem abrangência nacional e foi criada em substituição a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), de alcance menor.
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Ainda que tenha havido aumento no número de desempregados, o rendimento médio dos trabalhadores ficou estável no trimestre encerrado em novembro, em R$ 2.032. De junho a agosto, ele esteve em R$ 2.027. Ao final de novembro de 2015, esteve em R$ 2.041.

Segundo o coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, Cimar Azeredo, a despeito dos recordes, o mercado teve um leve suspiro em novembro.

Ele explica que é comum que no final do ano haja uma melhora no quadro, em função da contratação de trabalhadores temporários, principalmente nos setores de comércio e serviços.

O técnico destacou o aumento, ainda que ligeiro, da quantidade de pessoas ocupadas —mais 73 mil na passagem dos trimestres— após três períodos consecutivos de quedas expressivas. Também destacou a o aumento menos expressivo dos desocupados.

"O mercado parece ter dado uma trégua no processo de dispensa. Houve estabilidade, tanto no processo de dispensa quanto na desocupação, como consequência do período sazonal. É comum, em função das contratações de final de ano, uma melhora no indicador, que de certa forma segurou um pouco o processo de dispensa que vinha em curso", disse.

O quadro da comparação anual, porém, continua "bastante desfavorável", explica Cimar. "Você tem menos pessoas trabalhando com carteira, uma indústria menor, assim como os setores da construção e agricultura, e o aumento do emprego sem carteira".

FORMALIZAÇÃO
O mercado continua em seu movimento de piora na qualidade do emprego, com queda nos postos formais de trabalho.

Houve queda no número de empregados no setor privado com carteira assinada em novembro.

Na passagem do trimestre encerrado em agosto para o fechado em novembro, houve redução em 102 mil no número de trabalhadores formais. O pais encerrou novembro com 34,075 milhões de empregados com carteira, queda de 0,3%.

No intervalo de um ano, a queda é maior, de 1,323 milhão de pessoas ou 3,7%. Ao final de novembro do ano passado, o país tinha 35,398 milhões de pessoas nessa situação.

O número de trabalhadores do setor privado sem carteira atingiu 10,5 milhões de pessoas, alta de 2,4% sobre o trimestre encerrado em agosto e de 3,5% no comparativo anual.

A indústria foi o setor que na comparação anual mais perdeu empregos: 1,026 milhão de pessoas a menos.

Já a agricultura foi a que mais perdeu postos na passagem dos trimestres. Entre o trimestre encerrado em novembro e o encerrado em agosto deste ano, 359 mil postos foram fechados no setor, que encerrou o período com 8,9 milhões de trabalhadores formais.

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