sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Na Câmara, partido já negocia espaço

• Pedidos já foram feitos a Rodrigo Maia e a um dos líderes do centrão

Eduardo Bresciani, Isabel Braga | O Globo

Após ficar a “pão e água” na gestão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fora da Mesa Diretora da Câmara e das principais comissões temáticas, o PT negocia com os candidatos à presidência da Casa a ocupação de alguns destes espaços como contrapartida para um eventual apoio.

Pelo tamanho de sua bancada, a segunda maior, com 58 deputados, o partido deseja ocupar a primeira secretaria, responsável pela área administrativa, uma vez que o PMDB, com 65, deve optar pela primeira vice-presidência. A reivindicação foi levada em conversas nesta semana com o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com Jovair Arantes (PTB-GO), nome forte do “centrão”.

Na avaliação dos petistas, Maia é favorito e, portanto, tem maior condição de cumprir o acordo. Mas para fechar a negociação com o atual presidente, o PT terá de deixar sem apoio André Figueiredo (PDT-CE), que se lançou semana passada. Os petistas mais pragmáticos defendem que é mais importante para a legenda uma composição que lhes assegure espaços de poder do que uma candidatura oposicionista que seria apenas “para marcar posição”.

— O isolamento do PT, do tamanho que o partido está, é muito ruim. O PT precisa de tribuna, de espaço e a gente quer recuperar isso — explica um petista que participa da articulação.

Nas conversas realizadas com os principais candidatos, os petistas pediram que não sejam formados blocos para a divisão dos cargos na Mesa, o que permitiria a volta do PT a um cargo de comando na Casa.

O líder eleito da legenda, Carlos Zarattini (SP), disse que somente no dia 17 de janeiro a bancada definirá sua posição. Ele defende a necessidade de se eleger um presidente com capital político suficiente para enfrentar tempestades que passarão pela Casa no próximo ano:

— A situação é diferente da disputa do mandato tampão. A Câmara está sendo violentamente atacada pelo Judiciário e pela mídia com todo tipo de denúncia. Vamos ter problemas enormes com as delações — diz.

Na eleição de Maia, em julho, o PT liberou sua bancada no segundo turno entre o deputado do DEM e Rogério Rosso (PSD). A maioria dos petistas votou em Maia, enquanto uma parte se ausentou do plenário.

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