terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Temer e Jucá articulam trégua no Senado

• Disputa no PMDB por sucessão de Renan Calheiros gera atrito na cúpula

Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA- As disputas internas no PMDB do Senado fizeram com que o presidente Michel Temer deflagrasse ontem uma operação para “apaziguar os ânimos” dentro da cúpula do partido. O senador Romero Jucá (RR), que preside a legenda, também entrou em campo para tentar uma trégua.

Temer conversou com vários senadores, entre eles o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), que era o candidato de consenso para suceder Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado. Como o GLOBO mostrou ontem, o fim da “era Renan” causou uma disputa de poder envolvendo a presidência da Casa, a liderança do partido e outros postos-chave como a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

O presidente pediu a Eunício que ficasse tranquilo, garantindo que ele terá o apoio do governo para comandar a Casa. Nos últimos tempos, Eunício, Renan e Jucá (PMDB-RR), que sempre atuaram em acordo, passaram a divergir sobre a nova divisão de poder na cúpula do partido. Jucá, que só chegou ao comando do PMDB por articulação de Renan, usou o Twitter para garantir que Eunício será o candidato peemedebista a presidência do Senado.

— Não há nenhuma disputa ou animosidade na bancada. O nosso candidato é o senador Eunício Oliveira, líder da bancada. Sou hoje o presidente nacional do PMDB e líder do governo no Congresso — disse Jucá, completando. — Gostaria de esclarecer de uma vez por todas que não sou candidato a presidente do Senado. Temos um entendimento para a sucessão de Renan.

Mas o presidente do PMDB acabou reconhecendo que há disputas dentro do partido, inclusive para o cargo de líder. Nos bastidores, Eunício está trabalhando para que o senador Raimundo Lira (PMDBPB) seja o escolhido, mas o senador Eduardo Braga (PMDBAM) também quer o posto.

No caso de Renan, a preocupação é com o seu imenso poder dentro da Casa e como ele o usará a partir de agora. O presidente do Senado quer a presidência da CCJ, onde, segundo aliados, teria força para articular projetos que contrariam os interesses do Ministério Público e do Judiciário, com quem tem travado uma batalha desde que virou réu por desvio de dinheiro público.

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