sábado, 15 de outubro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

As pesquisas de avaliação do governo Temer começam a demonstrar aquilo que era esperado pelas forças que apoiaram o impeachment de Dilma. Não poderia, como num passe de mágica, termos um governo com índices altíssimos de aprovação da sociedade brasileira. Começa a ficar evidente aquilo que a própria experiência histórica havia demonstrado no governo Itamar. Um governo que surge de um impeachment traz uma carga de responsabilidade tão grande que necessariamente tem aspectos positivos. Isso está se evidenciando.

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Roberto Freire é deputado federal e presidente nacional do PPS

Fim de coligações reduziria siglas em 91% das câmaras

• Levantamento do ‘Estadão Dados’ revela que pulverização partidária teria redução drástica nos Legislativos municipais se proibição de alianças estivesse valendo

Daniel Bramatti, Guilherme Duarte e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo

A Câmara Municipal de Santarém, no Pará, vai contar com um mosaico de 15 partidos em suas 21 cadeiras a partir do ano que vem. Para formar uma maioria de votos, o novo prefeito terá de negociar com pelo menos seis legendas – ou barganhar o apoio das 12 que elegeram um único vereador. Tal cenário, porém, seria diferente se não fossem permitidas as coligações nas eleições para o Legislativo. Neste caso, apenas quatro partidos conquistariam vagas na Câmara.

Santarém está longe de ser exceção. Levantamento do Estadão Dados revela que a pulverização partidária teria uma redução drástica nos Legislativos municipais com a proibição das coligações nas eleições para vereador e deputado, medida que está em debate no Congresso. Em nada menos que 91% das cidades haveria redução no número de partidos com representantes eleitos se a regra tivesse valido na disputa deste ano.

As coligações favorecem a pulverização porque partidos pequenos, que isoladamente não alcançariam o piso mínimo de votos para eleger um vereador, acabam pegando “carona” ao fazer alianças com legendas maiores. Nas eleições deste ano, os maiores fornecedores dessa carona foram o PMDB e o PSDB, que, com seus votos, garantiram a eleição de 2.782 vereadores de outros partidos. Na prática, as duas legendas poderiam ter obtido, respectivamente, 24% e 17% a mais de cadeiras se não tivessem feito alianças.

Lobista diz que pagou propina para deputado Luiz Sérgio na CPI da Petrobrás

• Zwi Skornicki declarou à Procuradoria-Geral da República que a empresa Keppel repassou valores ilícitos para o parlamentar petista que foi relator da Comissão de Inquérito que investigou fraudes na estatal em 2015

Julia Affonso, Fausto Macedo, Ricardo Brandt e Mateus Coutinho – O Estado de S. Paulo

O lobista Zwi Skornicki, delator da Lava Jato, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) atuou para que ele não fosse convocado a depor na CPI da Petrobrás de 2015. Luiz Sérgio era relator da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurava fraudes na estatal.

Na decisão que homologou o acordo de delação de Zwi, o ministro Teori Zawascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), transcreveu trecho de requerimento do Ministério Público Federal.

“Com relação à participação de autoridades com prerrogativa de foro, o colaborador, em seus termos 11 e 13, afirmou que a empresa Keppel pagou parte da propina ajustada com João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) em nome do Partido dos Trabalhadores para o deputado Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira. Este mesmo parlamentar teria intercedido para a não convocação do colaborador à CPI da Petrobrás”, afirma a Procuradoria.

Teori destaca ainda outro trecho do requerimento do Ministério Público Federal.

“Embora o referido parlamentar não consta ainda no rol de investigados da Lava Jato, os fatos trazidos pelo colaborador impactam diretamente (pelo menos e por ora) a investigação em curso”, aponta o documento.

Em 22 de outubro do ano passado, a CPI da Petrobrás aprovou o relatório final apresentado pelo deputado Luiz Sérgio. O relatório foi aprovado por 17 a 9, com uma abstenção, conforme informou a Câmara na ocasião.

O relatório de Luiz Sérgio isentou de responsabilidade em irregularidades na Petrobrás o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.

O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de João Vaccari Neto, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT jamais recebeu propinas. Vaccari está preso desde abril de 2015. O ex-tesoureiro já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo D’Urso, todos os valores arrecadados por seu cliente foram destinados ao PT e declarados à Justiça Eleitoral.

Odebrecht deve incluir mais 30 funcionários em acordo de delação

Bela Megale, Wálter Nunes – Folha de S. Paulo

CURITIBA, SÃO PAULO - A Odebrecht deve incluir mais 30 funcionários no acordo de delação premiada que negocia com o Ministério Público Federal. Se isso acontecer, a empresa pode ter ao todo mais de 80 delatores na Operação Lava Jato.

Os novos nomes passaram a fazer parte das negociações há cerca de duas semanas, quando foi fechado o escopo do que a empresa irá relatar.

Inicialmente, a empreiteira negociava um acordo para 53 executivos, entre eles o ex-presidente e herdeiro do grupo baiano, Marcelo Odebrecht, preso há um ano e quatro meses em Curitiba.

No decorrer das conversas, eles trouxeram informações que incluíram outros funcionários do grupo. Os procuradores sugeriram, então, que esses citados relatassem os fatos dos quais participaram.

Relator quer limite fixo para doação eleitoral

• Vicente Cândido (PT-SP) defende teto comum a todos os eleitores, em vez da regra atual que permite contribuição de até 10% dos rendimentos

Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Relator da comissão especial da reforma política na Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) vai defender um modelo de financiamento misto de campanha em que, na parte privada, haveria limites nominais e “mais modestos” de doação por parte de pessoas físicas e candidatos. A parte pública do financiamento viria de um “fundo eleitoral” abastecido apenas por recursos do Tesouro Nacional.

O petista vai propor que todas as pessoas físicas tenham um mesmo limite de doação. “Vamos deixar uma janela com um limite de R$ 3 mil, R$ 5 mil de doação igual para todos, independente de quanto ganham. O valor depois a gente negocia.” Ele também defenderá um limite de autofinanciamento “mais modesto” para candidatos.

Adversários vão comandar comissão na Câmara dos Deputados

• PMDB e PT estarão juntos na linha de frente da comissão da reforma política na Casa; Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) será o presidente do colegiado, enquanto Vicente Cândido (PT-SP) vai relatar os projetos

Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Adversários políticos desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff, PMDB e PT estarão juntos na linha de frente da comissão da reforma política na Câmara. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) será o presidente do colegiado, enquanto o deputado Vicente Cândido (PT-SP) vai relatar os projetos. Os nomes para a comissão foram definidos, respectivamente, nestas quinta-feira, 13, e sexta-feira, 14.

A previsão do presidente da Casa, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), é instalar a comissão na próxima semana. Segundo Vieira Lima, Maia pedirá na segunda-feira que os líderes indiquem os representantes de seus partidos para compor as demais vagas no colegiado.

Virada em São Luís é surpresa entre capitais com disputa de 2º turno

• Candidato do PMN está à frente do atual prefeito, apoiado por governador do MA

Isabel Braga - O Globo

Assim como aconteceu no primeiro turno, PSDB e PMDB lideram as disputas nas capitais em segundo turno de acordo com as pesquisas de intenção de votos divulgadas até agora. As duas legendas aparecem à frente em duas capitais cada. PSDB em Belo Horizonte e Porto Alegre, e PMDB em Cuiabá e Florianópolis. A grande surpresa das sondagens divulgadas até ontem foi a virada, em São Luís, do candidato do PMN, o deputado estadual Eduardo Braide, que aparece à frente do atual prefeito, Edivaldo Holanda Júnior (PDT).

Depois de surpreender e garantir presença no segundo turno, Braide está com 54% dos votos válidos no levantamento do Ibope contra 46% do pedetista. No primeiro turno Edivaldo Holanda, que tem o apoio do governador do estado, Flávio Dino (PCdoB), conquistou 45,66% dos votos válidos. Braide era um azarão, mas conquistou o voto de indecisos, segundo deputados do estado, por seu bom desempenho no debate realizado às vésperas do primeiro turno.

Candidato do PRB amplia vantagem

Pesquisa Datafolha mostrou Crivella com 48%, quatro pontos a mais do que na última consulta. Freixo, com 25%, perdeu dois pontos.

Vantagem ampliada

• Crivella cresce quatro pontos em pesquisa e ironiza ataques de Freixo sobre Garotinho

Gabriel Cariello - O Globo

A quinze dias do segundo turno, o candidato do PRB à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella, parece confirmar o avanço sobre o eleitorado que votou, no último dia 2, em Pedro Paulo (PMDB), Flávio Bolsonaro (PSC), Indio da Costa (PSD) e Carlos Osorio (PSDB). Segundo pesquisa de intenção de voto do Instituto Datafolha, divulgada ontem, Crivella ampliou sua vantagem sobre Marcelo Freixo, do PSOL, de 17 pontos percentuais para 23. Este é o primeiro levantamento do instituto depois do início do programa eleitoral gratuito no segundo turno. O levantamento foi encomendado pela TV Globo em parceria com o jornal "Folha de S. Paulo".

Campanha de Freixo em crise com judeus

Declaração de parte do PSOL, partido de Freixo, sobre a morte de ex-primeiro-ministro de Israel revoltou judeus.

PSOL chama Peres de ‘genocida’, e Freixo se desculpa

• Corrente ligada ao partido publica texto atacando ex-primeiro ministro de Israel, irrita judeus e leva campanha a se explicar

Miguel Caballero - O Globo

Uma nota de uma corrente do PSOL sobre a morte do ex-primeiro ministro de Israel Shimon Peres provocou revolta entre a comunidade judaica do Rio e desconforto na campanha de Marcelo Freixo a prefeito. Numa eleição em que a ligação de Marcello Crivella com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) é considerada um ponto de fragilidade do candidato do PRB, o caso criou atrito entre Freixo e os judeus da cidade.

No último dia 9, a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) publicou em seu site um texto sobre Peres, morto em 28 de setembro, em que diz que o ex-primeiro ministro “foi um dos fundadores do Estado de Israel e de sua milícia terrorista Haganah, dedicada a exterminar e expulsar palestinos de seus territórios”, e que ele é “responsável direto das agressões e bombardeios, execuções extrajudiciais e violação dos direitos humanos” sofridas por palestinos. Com o título “Morreu o genocida Prêmio Nobel da Paz”, o texto encerrava dizendo que “com razão, enquanto os poderosos lhe fizeram homenagens em Israel, os palestinos festejaram”.

Federação Israelita reage: ‘profunda revolta’

• Primeiro suplente do PSOL na Câmara, Babá é ligado à corrente

- O Globo

A Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj) reagiu ao texto também na última quinta-feira. A entidade expressou “profunda revolta” com o posicionamento e afirmou que “poucas vezes se viu em um texto tão curto uma quantidade tão grande de mentiras e ódio”. A Fierj cobrou ainda que “a Direção Nacional do PSOL, assim como o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Marcelo Freixo, desautorizem pública e oficialmente este texto e retiremno do ar imediatamente”.

O caso provocou atritos até mesmo dentro da comunidade judaica. No sábado passado, a campanha de Freixo promoveu um encontro na Praça Afonso Pena, na Tijuca, pela “liberdade religiosa”, em que representantes de diversas religiões declararam apoio à sua campanha. Michel Gherman, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e coordenador do Centro de Estudos Judaicos da UFRJ, manifestou seu apoio à candidatura do PSOL. Cobrado por judeus cariocas por causa do texto da corrente do PSOL, ele reclamou, em um post no Facebook, de estar sendo vítima de “linchamento virtual”.

Temer propõe a FH aliança até 18

Jorge Bastos Moreno - O Globo

Temer quer manter aliança com PSDB para 2018. Na conversa com FH esta semana, Temer defendeu uma “convergência de ideias” entre o PMDB e o PSDB não só agora para o presente, mas, principalmente, para o futuro. Em linguagem política isso quer dizer: atuação conjunta neste governo tampão e uma aliança eleitoral em 2018.

Qual foi a reação do ex-presidente?

A melhor possível, até porque, lembrou FH a esta coluna, foi no seu mandato que o PMDB começou, de forma efetiva, a participar, pela primeira vez, de um governo, fora aquele ajuntamento do período Sarney. Na verdade, o PMDB chegou um pouco atrasado no governo FH, cuja aliança inicial era com o PFL, mas chegou.

Logo, os dois partidos, naquele período, foram parceiros e cúmplices de acertos e erros. Por que não continuar? Afinal, o PSDB saiu da costela do PMDB. Então, como diz o compositor, é hora de um também dizer para o outro: “Meu amigo, se ajeite comigo e dê graças a Deus”.

Rubens Ricupero recebe Troféu Guerreiro da Educação

• Láurea é concedida há 20 anos por uma parceria entre o CIEE e o Grupo Estado para profissionais que pensam e agem pelo aprimoramento da educação brasileira

- O Estado de S. Paulo

O professor e embaixador Rubens Ricupero recebeu nesta sexta-feira, 14, o Prê¬mio Professor Emérito 2016 - Troféu Guerreiro da Educação - Ruy Mesquita, concedido em conjunto pelo Centro Integração Empresa-Escola (CIEE) e pelo Estado.

Em sua 20ª edição, o prêmio homenageia a cada ano profissionais que “pensam e agem pelo aprimoramento da educação brasileira”.

Ricupero, que foi ministro do Meio Ambiente e da Fazenda no governo Itamar Franco, foi apelidado de “sacerdote do Plano Real” por sua atuação em explicar para a população brasileira a importância da mudança no sistema econômico.

A vacina contra corrupção do Doutor Diretas - Luiz Gutemberg

Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

Aos 76 anos, quando morreu, Ulysses Guimarães acumulava muitos apelidos. A começar pelo próprio nome. O pai o batizara de Ulysses com a intenção de atribuir-lhe as virtudes e o destino venturoso do herói grego. Tanto que não esperou que o filho atingisse a idade em que o Ulysses do poema ganhou a cicatriz ("Cântico XIX", da "Odisseia") que o identifica no desfecho da epopeia. "Eu tinha seis anos, talvez, sete", e Seu Ataliba o atiçava, punhos cerrados, para que enfrentasse outros meninos da rua, enquanto desafiava as crianças: "Quem quer lutar com o meu filho?".

Um contraste tão grande com seu temperamento que, ao tornar-se político profissional, Ulysses substituiu as fixações do pai. "Troquei de autor, livro e mito." Em lugar do poeta Homero, elegeu Miguel de Cervantes; em vez da "Odisseia", adotou "El Ingenioso Hidalgo Dom Quixote de la Mancha". Preferiu um anti-herói, louco, incorruptível e humano, e escolheu como lema de vida uma sentença do próprio Quixote: "Construí uma muralha entre meus apetites e minha honestidade". Frase que citava com a localização precisa - "capítulo 44, parte II do 'Dom Quixote'" - como epígrafe para a série de princípios práticos que considerava corolários da sua divisa.

Hora de rever conceitos... - *Bolívar Lamounier

- O Estado de S. Paulo

• Nos anos 50 fazia sentido a dicotomia direita x esquerda, mas no Brasil de hoje...

Desde o final de agosto, o status quo político brasileiro foi atingido por três belas pancadas: o impeachment de Dilma Rousseff, a contundente derrota do PT na eleição municipal e a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 (teto de gastos públicos), esta em primeiro turno, mas por larga margem. Considerando, ainda, que as três decorreram direta ou indiretamente da Operação Lava Jato, é razoável conjecturar que o próprio sistema político tende a se alterar em profundidade, e para muito melhor.

O impeachment concretizou-se apesar da fábula do “golpe”, que as forças ditas de esquerda se encarregaram de propagar pelo mundo afora, com zelo suficiente para levar na conversa alguns respeitáveis órgãos da imprensa internacional. Na eleição, o PT venceu em Rio Branco, capital do Acre, mas perdeu em São Bernardo. Em São Paulo, a joia da coroa, o estreante Doria derrotou o incumbente Haddad e, de quebra, três figuras já curtidas desde outros carnavais: Russomanno, Marta Suplicy e Luiza Erundina. No mesmo sentido, a PEC 241 foi aprovada com uma folgada margem de 255 votos (366 a 111), deixando ao menos temporariamente em suspenso aquele monstro a que se convencionou denominar “presidencialismo de coalizão”.

Pensando em 2018 - Merval Pereira

- O Globo

Mistura de siglas nas conversas para a eleição de 2018. A ideia de que o vice Michel Temer não tem nada a ver com o presidente Michel Temer é engenhosa, nascida da reconhecida especialidade do constitucionalista Michel Temer, e vai ser ajudada pela mistura de siglas que está em gestação nas conversas políticas para a disputa presidencial de 2018.

Uma chapa Alckmin e Ciro Gomes, o primeiro pelo PSB e o outro pelo PDT, é uma impossibilidade que está sendo aventada nessas especulações. Haverá alguém mais diferente um do outro que esses dois? O que serão capazes de arquitetar juntos? Tão diferentes quanto a ex-presidente, a seca e distante Dilma Rousseff (quem se lembra dela?), e o afável e melífluo Temer.

A política brasileira é interessante. Antes, era possível eleger presidente e vice de chapas diferentes, e deu no que deu. A chapa Jânio-Jango (Jan-Jan) venceu as eleições e resultou numa crise política. Agora que só se pode votar numa chapa, também colhemos crises.

Lava Jato promete fortes emoções na reta final do ano - Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

Gim Argello condenado a 19 anos de prisão, Eduardo Cunha réupelas mãos de Sergio Moro, Lula réu pela terceira vez desde o início das investigações e executivos da Odebrecht prestes a selar um acordo de delação premiada.

A Lava Jato avança em direção ao epicentro do esquema, apesar de tropeços no próprio ego e de deslizes autoritários. Investigadores destacam, em conversas reservadas, que novembro e dezembro serão decisivos para o futuro das apurações.

Não à toa. Três peças — Gim Argello, Cunha e Odebrecht — podem ser fundamentais para o xeque-mate que a operação quer dar no controle político do petrolão (leia-se aí os principais partidos do país, incluindo a trinca PT, PMDB e PSDB).

Um núcleo de centro - João Domingos

- O Estado de S. Paulo

Reforçadas pela visita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao presidente Michel Temer, e pelo apoio daquele à emenda constitucional que cria um teto de gastos para o setor público, as conversações entre PMDB e PSDB podem consolidar no País uma forte tendência política de centro, em que costuma votar a maioria dos eleitores.

Por enquanto, os primeiros movimentos feitos por articuladores dos dois lados tendem a criar, entre eles, um compromisso de luta pelo sucesso das iniciativas do governo de Temer. Em seguida, passa-se a pensar para além de 2018, com vistas à sucessão presidencial.

O futuro depende dos professores - Fernando Luiz Abrucio

Eu &Fim de Semana / Valor Econômico

As finanças públicas do país estão quebradas. Isso é inegável e, portanto, é preciso garantir a solvência do setor público para que se possa almejar um desenvolvimento sustentável no longo prazo. A aprovação da PEC 241, nesse ponto, não é a mudança mais importante. A reforma da Previdência tem maior relevância, pois é o item das contas públicas cuja rota, se não alterada, levará o Brasil para a bancarrota. Porém, se tivesse de escolher qual é questão com efeito mais estrutural para o futuro da nação, não hesitaria em dizer que é a educação, e, mais especificamente, a carreira dos professores.

A produção acadêmica internacional constatou que a educação é um dos fatores mais decisivos para o desenvolvimento. E dentro da política educacional, os estudos revelam que a variável mais relevante, embora não exclusiva para o sucesso das escolas, é a qualidade do professor. Por essa razão, vários governos pelo mundo têm investido muito na formação e na carreira docente. E no Brasil, em que pé está esse processo?

PEC do Teto surge do reconhecimento de que Cocanha só existe na utopia - Demétrio Magnoli

- Folha de S. Paulo

Antonio Palocci está na cadeia. Há 11 anos, à frente do Ministério da Fazenda, ele apresentou a proposta de uma política fiscal contracíclica, que faria a curva do gasto público declinar (em relação ao PIB) nas fases de expansão econômica e crescer nas de recessão.

"Despesa corrente é vida", retrucou a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, crismando como "rudimentar" a ideia de ancorar a trajetória dos gastos na morfologia do ciclo econômico. A colisão no núcleo do governo Lula opunha a política à demagogia. A PEC do Teto, uma resposta ao triunfo da segunda, implica a restauração da primeira.

A crise do teto - Cristovam Buarque

- O Globo

• Caso a regra já existisse, talvez não tivéssemos feito milagres econômicos, mas teríamos um Edifício Brasil sólido

O Brasil tinha todos os recursos para se transformar em imenso edifício, mas esqueceu de construir a base sobre a qual edificaria seu futuro. Entre as muitas causas desta fragilidade estão a falta de base educacional e de credibilidade financeira.

A conquista de credibilidade é condição básica para construir o Edifício Brasil. É neste sentido que o país debate a decisão radical de impor constitucionalmente limite nos gastos do setor público. Pode-se discutir se o teto deve ser reajustado apenas pela inflação ou levar em conta parte do aumento da receita de um ano para o outro, seja por melhor eficiência na arrecadação, pelo crescimento do PIB ou por aumento de impostos; mas com a falência financeira do setor público e o descrédito de décadas de irresponsabilidade e inflação, a proposta de levar em conta a aritmética financeira é condição necessária para retomar a credibilidade e, em consequência, o crescimento do emprego.

Depois do teto - Adriana Fernandes

- O Estado de S. Paulo

A base aliada do governo passou como um trator para aprovar em primeiro turno a PEC do teto dos gastos. Depois do placar expressivo de 366 votos favoráveis, não se esperam surpresas na próxima votação da Câmara e nos dois turnos no Senado.

Assim como nas apostas do mercado financeiro, no Congresso ninguém gosta de ficar do lado perdedor. O custo é alto. Ainda mais se daqui a alguns anos o teto do gasto se tornar num marco fundamental para a economia como aconteceu com o Plano Real.

Petrobras e os preços - Míriam Leitão

- O Globo

Os preços dos combustíveis caíram, e a ação da Petrobras subiu. Isso, segundo o presidente da empresa, Pedro Parente, é sinal de que o mercado olhou menos para a redução, em si, e mais para o sinal de que a empresa tem agora liberdade para a formação dos seus preços. A Petrobras havia perdido, na média de janeiro a setembro, 14% de participação do mercado de diesel e 4% no de gasolina.

‘Mas isso é na média desses meses, porque, na ponta do período, a empresa estava perdendo em torno de 20%”, disse Pedro Parente.

Outro a comemorar, além da Bovespa, foi o ministro Henrique Meirelles, que considerou que a queda será uma ajuda para reduzir a inflação. No que depender dos revendedores, isso pode não acontecer. 

De conversa em conversa - Ana Maria Machado

- O Globo

• Desconfiemos de nossas certezas automáticas e excessivas que resistam ao confronto com visões alheias

Com o segundo turno das eleições municipais, vai se encerrando o mandato de Eduardo Paes, e o Rio se prepara para ter novo prefeito. Vamos trocando de mãos. Prossegue a mudança do elenco que costumávamos ter nos últimos anos. Dilma e seu Ministério foram substituídos por Temer e seu gabinete. Em vez de Ricardo Levandowski na presidência do STF, agora temos a ministra Cármen Lúcia. Na presidência da Câmara, Eduardo Cunha e Waldir Maranhão deram lugar a Rodrigo Maia — empenhado em marcar um estilo diferente, com o qual aguarda até ter um quorum significativo para votar decisões importantes (como fez na cassação de Cunha) ou ensina a seus pares que o calendário e o relógio não esperam nem recuam (jogando no colo da oposição a responsabilidade pela retirada de pauta do projeto de repatriação de capitais).

Pior do que parecia – Editorial / O Estado de S. Paulo

Com 16,4 milhões de desempregados ou subocupados no segundo trimestre, o quadro do mercado de trabalho é bem pior que aquele mostrado, até agora, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Mais completo, o novo cenário apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) permite uma noção mais precisa dos danos causados pela recessão aos trabalhadores e às suas famílias. Divulgado pela primeira vez na quinta-feira passada, esse levantamento mais amplo enumera, além das pessoas incapazes de encontrar emprego, aquelas com menos de 40 horas semanais de trabalho e também as integrantes de um grupo classificado como força de trabalho potencial.

Com a retração econômica, o desemprego aumentou rapidamente nos últimos dois anos, no Brasil. Doze milhões de pessoas procuraram trabalho, sem sucesso, no período de três meses terminado em agosto. Esse grupo correspondeu a 11,8% da força de trabalho, taxa superior às da maior parte dos países da Europa. Muitos destes ainda se recuperam da crise iniciada em 2008. No segundo trimestre, a taxa brasileira, de 11,3%, já havia superado a média da União Europeia. Os novos indicadores agora divulgados pelo IBGE se referem a esse período.

Pente-fino em benefícios gera economia nos gastos – Editorial / O Globo

• Resultados preliminares de auditoria feita em auxílios-doença e aposentadorias por invalidez indicam haver muito o que avançar na redução de despesas

Agrave crise fiscal em andamento tem mostrado em toda a dimensão distorções sérias na forma como o dinheiro do contribuinte é gasto. É quando falta dinheiro que se começa a rever despesas, embora não devesse ser assim em governos que têm missão delegada pelos eleitores para, entre outras funções, zelar pela melhor aplicação possível dos recursos do contribuinte.

Não tem sido assim. A mesma eficiência em fiscalizar e taxar o pagador de impostos não é adotada nos gastos. E um dos campos em que o desleixo, para dizer o mínimo, fica mais evidente é o das despesas “sociais”.

Preços livres – Editorial / Folha de S. Paulo

Com a nova política de preços de combustíveisanunciada nesta sexta-feira (14), a Petrobras indica que daqui para a frente pautará suas decisões pela própria saúde financeira e operacional, e não mais pelas injunções políticas.

Trata-se de mudança radical em relação ao padrão das gestões anteriores, que se submetiam à vontade do governo para alterar os preços.

A partir de agora, membros da diretoria se reunirão mensalmente para determinar os valores com base sobretudo no preço internacional, considerando além disso uma margem para cobrir riscos e compensar impostos.

A Palavra – Carlos Drummond de Andrade

Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.

Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.