sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

A esquerda mais avançada, conectada ao século XXI e ao mundo do futuro, defende, neste exato momento, o ajuste econômico e a responsabilidade fiscal propostos pelo governo de Michel Temer para tirar o Brasil do buraco. Apoiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que busca racionalizar os gastos públicos, não é uma bandeira empunhada por esquerda ou direita – mas por todos os que temos compromisso com um país mais justo, sustentável e digno para os seus cidadãos. E esse é apenas um dos exemplos que evidenciam a diferença entre uma esquerda autoritária, arcaica e dogmática e aquela mais democrática, dinâmica e plural.

Essa esquerda tem história, dignidade, honradez e jamais se enxovalhou com a corrupção desenfreada de mensalões ou petrolões. Essa esquerda oferece ao país não um projeto de poder, mas um projeto de desenvolvimento para todos os brasileiros.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS. ‘A esquerda é muito maior que o PT’, Diário do Poder, 21/10/16

Moro defende prisões e vê ameaça à magistratura

• Juiz critica projeto sobre abuso de autoridade e diz que é preciso aplicar a lei para superar a corrupção

O juiz federal Sérgio Moro defendeu ontem “aplicação vigorosa da lei” para superação da “corrupção sistêmica”. No dia seguinte à prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o magistrado afirmou que as detenções provisórias da Operação Lava Jato são necessárias e “processos não podem ser um faz de conta”. Segundo ele, as críticas às prisões cautelares não encontram eco na análise de casos concretos. “Jamais e em qualquer momento se defendeu qualquer solução extravagante da lei na decretação dessas prisões”, disse a desembargadores e juízes. Moro também atacou projeto do Senado que muda a lei de abuso de autoridade e disse que ele pode ser “um atentado à independência da magistratura”. “Esse projeto representaria uma tentativa de retrocesso no contexto atual.” Para o juiz, “às vezes a Justiça é um labirinto” e “pode ser manipulada para não chegar a bom termo”.

Moro diz que projeto de abuso de poder é ‘atentado à magistratura’

Juiz da Lava Jato defende importância de se estabelecer 'salvaguardas para que ficasse claro que o alvo dessa lei não é a interpretação da magistratura a respeito do que significa o direito', antes de aprovarem proposta encabeçada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)

Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo

CURITIBA - Um dia depois de prender o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), o juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato em primeiro grau, atacou nesta quinta-feira, 20, o texto do projeto de lei que altera as regras sobre abuso de poder de autoridades, em discussão no Senado, como sendo um “atentado à magistratura”. A proposta de lei foi desengavetada e voltou à discussão no Congresso, por ação encabeçada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – investigado no escândalo de corrupção na Petrobrás.

Após prisão de Cunha, Temer tenta mostrar força no Congresso

• Presidente age para mobilizar sua base e evitar traições de aliados

Vera Rosa e Lu Aiko Otta - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) obrigou o Palácio do Planalto a fazer um movimento para aumentar a demonstração de força no Congresso e afastar o clima de incerteza e mais crise política à vista.

Horas depois de chegar a Brasília, nesta quinta-feira, 20, vindo de uma viagem de uma semana à Índia e ao Japão, o presidente Michel Temer telefonou para líderes da base aliada e pediu apoio para a nova votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita em 20 anos os gastos públicos.

A PEC será levada ao plenário da Câmara, na terça-feira, 25, em segundo turno, antes de seguir para o Senado. O governo tenta agora conquistar 400 votos para indicar que a Lava Jato não atrapalha o ritmo do Congresso.

Lula vai a Brasília tentar conter debandada no PT

Ricardo Galhardo Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupa- ção com a possibilidade de uma debandada de deputados petistas que pode colocar em risco o partido. Ele vai a Brasília na semana que vem para se reunir com a bancada do PT na Câmara e tentar conter o movimento.

Em reunião com integrantes da corrente petista Mensagem ao Partido, na maioria deputados, Lula admitiu que muitos parlamentares passaram a buscar alternativas ao PT depois da derrota histórica do partido nas eleições municipais deste ano.

“Lula defende que o projeto tem que continuar”, disse o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont. “Mas há um tensionamento hoje que é o oposto disso. As pessoas estão muito preocupadas com o resultado eleitoral.”

Donos de sítio em Atibaia não declararam as obras

• Perícia investiga compra e reformas em imóvel usado por Lula em São Paulo

Cleide Carvalho, Thiago Herdy - O Globo

-SÃO PAULO- Relatórios produzidos pela Polícia Federal mostram que Fernando Bittar e Jonas Suassuna não pagaram por reformas realizadas no sítio Santa Bárbara, usado pelo ex-presidente Lula. De acordo com os documentos, benfeitorias avaliadas em R$ 1,030 milhão foram realizadas entre 2010 e 2011, mas não constam das declarações de Imposto de Renda ou movimentação financeira dos investigados, que se declaram donos do imóvel.

Na movimentação financeira de Bittar, a PF identificou apenas um gasto relacionado ao sítio, no valor de R$ 51,7 mil, em julho de 2011, para compra de um gerador de energia. A Lava-Jato investiga obras realizadas no sítio — há indícios de que foram realizadas por Odebrecht, OAS e José Carlos Bumlai. Os investigadores também apuram a origem de recursos usados para comprar os imóveis, em 2010.

Teori nega pedido de Dilma para anular impeachment

• TSE cria força-tarefa para investigar gráficas usadas pela chapa Dilma/Temer

Evandro Éboli - O Globo

-BRASÍLIA- O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou ontem mais um pedido de liminar apresentado pela ex-presidente Dilma Rousseff para suspender o impeachment. Essa era a última liminar cuja decisão estava pendente no Supremo.

Dilma pediu a anulação da decisão do Senado que cassou seu mandato, no início de setembro, alegando que o processo foi “abusivo, inconstitucional, ilegal e ilegítimo”. Segundo Teori, a defesa de Dilma não conseguiu demonstrar “risco às instituições republicanas, ao estado democrático de direito ou à ordem constitucional, revestido de gravidade apta a justificar atuação imediata” do STF.

Temer afirma que prisão de Cunha não afeta agenda do país

• Porta-voz: ‘Reconstrução do Brasil não se confunde com investigações’

Eduardo Barretto, Cristiane Jungblut, Júnia Gama - O Globo

BRASÍLIA- Um dia após a prisão preventiva de Eduardo Cunha, de quem era aliado, o presidente Michel Temer afirmou ontem, por meio do porta-voz, que a agenda política do governo não se confunde com investigações da Justiça. O porta-voz Alexandre Parola disse ainda que o Poder Executivo “jamais” interferirá na Operação Lava-Jato.

— A agenda política, de recuperação e reconstrução do Brasil, não se confunde com investigações levadas adiante pela Justiça — disse Parola. — Na Operação Lava-Jato, relacionada à Justiça, o (Poder) Executivo jamais interferirá em suas decisões.

O porta-voz citou parlamentares ao falar da pretendida retomada do crescimento econômico, e disse que o governo “será firme” para responder a “urgências” do povo brasileiro.

Foi o primeiro posicionamento oficial do Palácio do Planalto desde a prisão de Eduardo Cunha, quarta-feira. Até então, os ministros foram orientados por Temer — que passou as 24 horas seguinte à prisão em um voo de volta do Japão — a não dar qualquer declaração sobre a decisão do juiz Sérgio Moro, para tentar descolar a Lava-Jato do governo.

Dirigentes petistas não comemoram prisão de Cunha

Catia Seabra – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Dirigentes petistas não comemoraram a prisão de um dos principais responsáveis pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Em Belo Horizonte, nesta quinta (21), o presidente do PT, Rui Falcão, condenou o que chama de excesso de prisões e defendeu que as pessoas tenham direito à presunção da inocência.

Falcão negou que esteja preocupado com a hipótese de que a prisão de Cunha venha a chancelar uma eventual detenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Excesso de prisões só consolida a ideia de que estamos ingressando num estado de exceção. As pessoas devem ter direito à presunção de inocência e ao devido processo legal. E o excesso de prisões, sobretudo as prisões cautelares, com objetivo de obter delações, não preocupam o PT. Devem preocupar todo povo brasileiro. Hoje é o Eduardo Cunha. amanhã, poder ser qualquer um de nós", afirmou Falcão.

Planalto faz ofensiva para garantir votações

Por Raymundo Costa, Thiago Resende e Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BRASÍLIA - Sob o argumento de que a agenda do Palácio do Planalto não deve ficar submetida à estratégia de defesa do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na quarta-feira, o governo federal desencadeou ontem ampla ofensiva para evitar a paralisação das votações de seu interesse no Congresso. De volta da viagem ao Japão, o presidente Michel Temer estabeleceu como prioridade a aprovação da PEC dos gastos na Câmara, já na próxima semana. O objetivo é alcançar mais que os 366 votos do primeiro turno.

A ideia é mostrar que o governo não está parado por expectativa de denúncia de Cunha. Em conversa com o Valor, um auxiliar próximo de Temer resumiu numa pergunta a ação governista: "Você acha razoável que o governo do Brasil seja conduzido pela estratégia de defesa do Eduardo Cunha"? Em vez de ficar na defensiva, o Palácio do Planalto decidiu partir para a ofensiva, numa ação articulada com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os presidentes e líderes dos partidos da base aliada.

Temer avalia impacto com ministros

Por Andrea Jubé e Bruno Peres – Valor Econômico

BRASÍLIA - Um dia após a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente Michel Temer reuniu os ministros palacianos, além dos titulares da Justiça, Alexandre de Moraes, e da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir a nova conjuntura política. A preocupação do grupo é o eventual impacto da nova fase da Lava-Jato na votação em segundo turno da proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto global para os gastos públicos, agendada para terça-feira.

O clima no Palácio do Planalto é de apreensão, mas também de determinação para não permitir que o episódio comprometa a agenda do ajuste fiscal. Como parte da articulação para garantir a votação da PEC dos gastos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), combinou com Temer que oferecerá um jantar na residência oficial aos cerca de 400 deputados que integram a base aliada na segunda-feira, para garantir um quórum elevado na votação de terça-feira.

Temer, Meirelles e os ministros do núcleo político comparecerão ao jantar. Do evento promovido no Palácio da Alvorada, por ocasião da votação da PEC dos gastos em primeiro turno, participaram pouco mais de 200 deputados.

Câmara: votação de reforma política será fatiada

• Deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) afirma que apreciação será feita em plenário conforme discussão de temas e consenso entre parlamentares

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A instalação da comissão especial da reforma política ficou marcada para a próxima terça-feira, 25. Segundo o presidente do colegiado, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), a ideia é apresentar o plano de trabalho na semana seguinte, após as eleições municipais.

O peemedebista também afirmou que a votação da reforma será feita de maneira fatiada, ou seja, à medida que os temas forem discutidos e houver consenso entre os deputados, eles serão levados para a apreciação em plenário. “Não vamos esperar o relatório final. O ponto que entrar em consenso será levado à votação”, disse.O início da comissão estava previsto para esta quarta, 19, mas foi adiado após o anúncio da prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Vieira Lima lamentou a prisão do correligionário, mas prometeu que o fato não vai atrapalhar as votações que interessam ao governo.

Apuração sobre refinaria de Pasadena se aproxima de Dilma

Coluna do Estadão

As investigações da Operação Lava Jato apontam que a presidente cassada Dilma Rousseff tinha conhecimento de irregularidades envolvendo a compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobrás. Dilma participou da autorização do negócio na época em que presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. Um dos investigadores mergulhados no caso garante que as alegações apresentadas pela petista “não param de pé”. Dilma diz que votou a favor da compra da refinaria porque recebeu “informações incompletas” sobre o contrato.

Três delatores já admitiram que a compra de Pasadena pela Petrobrás envolvia propina. E que receberam até US$ 1,5 milhão pelo negócio. São eles: o senador cassado Delcídio Amaral e os ex-diretores da petroleira Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.

O negócio é considerado o pior da história da Petrobrás e gerou prejuízo de US$ 792,3 milhões aos cofres públicos.

Ibope: Crivella mantém liderança com 46% contra 29% de Freixo

Crivella lidera disputa com 61% dos votos válidos

• Pesquisa mostrou que 21% dos entrevistados disseram que vão votar em branco ou nulo

Caio Barbosa – O Dia

RIO- O Ibope divulgou hoje sua segunda rodada de pesquisas de intenção de voto para o segundo turno das eleições para prefeito do Rio de Janeiro. A diferença entre os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol), que era de 26 pontos percentuais na primeira pesquisa, caiu nove pontos e agora é de 17.

De acordo com o instituto, Crivella caiu de 51% para 46% na preferência do eleitorado carioca, enquanto Marcelo Freixo subiu de 25% para 29%. O número de entrevistados que pretende votar em branco ou anular o voto se manteve em 21%, e apenas 4% estão indecisos. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, Crivella poderia alcançar entre 43% e 46%, enquanto Marcelo Freixo teria entre 26% e 32%.

Kalil passa João Leite em Belo Horizonte, segundo Ibope

Por Estevão Taiar e Cristian Klein - Valor Econômico

SÃO PAULO E RIO - A disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte teve uma reviravolta ontem, de acordo com pesquisa Ibope. O empresário e ex-presidente do Atlético-MG Alexandre Kalil (PHS) lidera a disputa no segundo turno, com 41% das intenções de voto. O segundo colocado é João Leite (PSDB), com 35%.

No primeiro turno, Kalil ficou em segundo lugar, com 26,5% dos votos e João Leite teve 33,4%.

Na pesquisa de ontem, feita entre os dias 17 e 20 de outubro, 18% dos eleitores disseram que votariam em branco ou nulo e 6% não souberam ou não opinaram. Foi a primeira sondagem Ibope divulgada no segundo turno da capital mineira.

João Leite também é ligado ao Atlético Mineiro. Ele foi goleiro e ídolo do clube nos anos 1970 e 80. O ex-jogador é aliado do senador e presidente nacional do PSDB Aécio Neves (MG), que busca ser o candidato tucano à Presidência da República em 2018.

Economia sem força para voltar a crescer

• Analistas não veem gatilhos que possam puxar retomada e avaliam que recuo do juro ainda é pequeno

Lucianne Carneiro - O Globo

-RIO - Após dois anos em recessão, a economia brasileira ainda não tem forças para crescer. Analistas não veem um gatilho capaz de se destacar e puxar a retomada econômica. O corte de juros já começou, porém em um movimento tímido que, sozinho, não conseguirá mudar o cenário. Apesar da redução, a taxa se mantém elevada, o que dificulta investimentos.

Ao mesmo tempo, famílias e empresas estão endividadas, o que inibe a busca por empréstimos, que poderiam ajudar a estimular a atividade econômica. O reajuste do salário mínimo no início de 2017 pode trazer algum alento. No entanto, a gravidade do desemprego também limita a demanda.

A aprovação de um teto para os gastos públicos é uma sinalização positiva, contudo, não soluciona o desequilíbrio da política fiscal nem abre espaço para investimentos do governo.

Inflação de serviços resiste e deve atrasar corte dos juros

Por Sérgio Lamucci – Valor Econômico

SÃO PAULO - A resistência da inflação de serviços, em meio à forte e duradoura recessão vivida pelo país, foi apontada pelo Banco Central (BC) como um dos fatores que impedem o Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir de maneira mais rápida a taxa básica de juros (Selic). Na quarta-feira, o comitê cortou a Selic de 14,25% para 14% ao ano e, ontem, o mercado entendeu que o ritmo continuará lento graças à preocupação demonstrada pelo BC com os preços dos serviços.

Na primeira metade do ano, a inflação de serviços teve uma queda razoável, de 8,2% nos 12 meses até dezembro para 7,1% nos 12 meses até junho. Apesar disso, ficou muito acima da meta de 4,5%. Desde então, subiu em agosto para 7,5% e, em setembro, recuou para 7,1%, fato que chamou a atenção do Banco Central.

No biênio 2015/16, a contração do Produto Interno Bruto (PIB) pode ficar em torno de 7%, com recuo da renda per capita no mesmo período superior a 8%. Este cenário está tendo um efeito devastador no mercado de trabalho. No trimestre de junho a agosto, a taxa de desemprego, calculada pela Pesquisa Nacional Domiciliar do IBGE, ficou em 11,8%, muito acima dos 8,7% do mesmo período do ano anterior.

Diante desses dados, o fato de os preços dos serviços mostrarem forte resistência intriga os economistas. Uma possível explicação estaria no comportamento da renda real. No trimestre encerrado em agosto, o rendimento médio caiu 1,7%, já descontada a inflação, de acordo com o IBGE. É uma queda moderada, considerando-se o forte recuo tanto da atividade econômica quanto do emprego.

FAP elege Conselho; Cristovam e Luiz Werneck integram nova composição


  • A posse será no dia 3 de dezembro em São Paulo

- Assessoria de imprensa da Fundação

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) elegeu seu novo Conselho Curador, com 23 titulares e cinco suplentes, cuja posse solene está marcada para o dia 3 de dezembro, em São Paulo. O novo presidente do Conselho é o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). O cientista político Luiz Werneck Vianna, que não é filiado ao PPS, assumirá a Presidência de Honra da FAP, no lugar do jornalista e intelectual marxista Armênio Guedes, que faleceu em 2015. Participam do conselho outros intelectuais independentes, como Maria Alice Rezende de Carvalho, Marco Aurélio Nogueira, Paulo Fábio Dantas e Sérgio Buarque.

O atual presidente do Conselho Curador, Alberto Aggio, passará a fazer parte da diretoria da FAP. Juarez Amorim, atual diretor-geral da FAP, assumirá a vice-presidência do Conselho; será substituído por Luiz Carlos Azedo, que deixa de ser curador.

Confira aqui  a nova composição dos conselhos e da diretoria.

A esquerda é muito maior que o PT - Roberto Freire

- Diário do Poder

Não só no Brasil, mas em todo o mundo democrático, vivemos um momento de ebulição no campo das forças de esquerda, com uma profunda discussão em torno do papel dos partidos que compõem esse espectro ideológico e os seus desafios nos dias de hoje. No caso brasileiro, é evidente que o retumbante fracasso moral dos governos de Lula e Dilma Rousseff gerou um forte impacto sobre os grupos mais progressistas, como se a esquerda se resumisse ao PT e seus aliados. Trata-se, evidentemente, de uma tese falaciosa e desprovida de qualquer sentido.

O desastre lulopetista, que chegou ao fim por meio do impeachment da ex-presidente da República, deixou marcas indeléveis no PT, no país e nas esquerdas – associadas, indistintamente, ao desmantelo e à corrupção que afundaram o Brasil. O que temos acompanhado, com tristeza e preocupação, é um sentimento crescente de repulsa em relação aos políticos e partidos que possuem uma visão mais igualitária, humanista e voltada ao social, enquanto, por outro lado, se fortalecem discursos de ódio, intolerância, preconceito ou de conteúdo xenófobo e até mesmo fascista em determinados momentos, frutos de um reacionarismo cada vez mais exacerbado.

Esse perigoso vazio da política. E depois? - *Washington Novaes

- O Estado de S. Paulo

• Melhor não postergar soluções. Isso pode ter consequências muito graves

Com certo constrangimento, ao que parece (Estado, 18/10), peritos internacionais que terão de examinar queixa enviada pelos advogados do ex-presidente Lula com relação a procedimentos do Estado brasileiro que envolvem o ex-chefe do governo disseram desconhecer a questão. Segundo um desses peritos, “na melhor das hipóteses o tema deve entrar na agenda em meados de 2017” (embora nela já esteja protocolado). A denúncia é de “abusos de poder” do juiz Sergio Moro e de procuradores da Operação Lava Jato, além de “parcialidade” do Judiciário. Será examinado pela Convenção Internacional de Direitos Políticos. Mas, conforme este jornal, com o acúmulo de atrasos, provavelmente “a questão não será tratada antes do fim de 2017”.

Resistirá durante quase um ano e meio? Com a balbúrdia nas nossas discussões políticas, ainda terá relevância? Principalmente não estando entre 25 casos prioritários já selecionados pela convenção?

O Partido dos Trabalhadores (PT) “contempla agora a perspectiva de se desmanchar como organização partidária, porque não poderá mais, talvez nunca, contar com a sedução do Estado para amalgamar forças progressistas que sustentem o mito do populismo hoje desmoralizado de Lula da Silva e seus cúmplices, boa parte dos quais devidamente encarcerada”. Tudo isso estaria conduzindo ao “grande racha que se delineia no partido (...) agora como “10.º em número de prefeituras conquistadas” (...). O fato é que a desconstrução do PT, até recentemente inimaginável, parece provável” (Estado, 18/10).

Já o historiador e professor da Unesp Albert Aggio pensa (18/10, A2) que os resultados eleitorais indicam, se não o fim do partido, ao menos o fim da era eleitoral de predomínio do PT. Não à toa, “voltou-se a falar em refundação do PT”, em ‘nova esquerda’ e mesmo numa “outra esquerda”. E mais: “O resultado eleitoral nada mais fez que jogar uma pá de cal no projeto de poder do PT, sem remissão”. E agora?

Bangus e Carandirus - *Fernando Gabeira

- O Estado de S. Paulo

• Conhecer as cadeias revela muito sobre o governo que dirigiu o País por 13 anos

Não pensava mais em escrever sobre prisões. Elas escrevem por si próprias. Mas é importante combater o esquecimento. As prisões são um outro lado do mundo, muros cinzentos, uma guarita, o sentinela. Não posso reclamar da minha passagem. A Ilha Grande, com toda a sua carga de sofrimento, era um lugar bonito, com água de qualidade e um silêncio entrecortado pelos ruídos do mato. Na volta ao Brasil, resolvi seguir o conselho do escritor norte-americano Henry Thoreau. Segundo ele, todo cidadão deveria visitar as prisões do lugar onde vive, pois é um forte indicador do nosso nível de avanço social.

Um caso de faz de conta - Merval Pereira

- O Globo

O caso do anel de ouro branco e diamantes no valor de 220 mil euros (cerca de R$ 800 mil) que a mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral ganhou de presente em Mônaco, na comemoração de seu aniversário em 2009, é exemplar da promiscuidade de autoridades públicas e empresários, e, mais ainda, da maneira como escândalos desse tipo são tratados no Brasil.

Pela delação premiada do empreiteiro Fernando Cavendish, da construtora Delta, o anel foi produto de um achaque que sofreu do governador em plena Place du Casino, em Mônaco. Cabral o levou até a joalheria Van Cleef & Arpels, e o anel já estava pronto para ser comprado, sendo a conta apresentada ao empreiteiro.

Na versão oficial do governador, o anel foi dado de presente por Cavendish a sua mulher, Adriana Ancelmo, num jantar no restaurante três estrelas Le Louis XV, do chef Alain Ducasse, no Hôtel de Paris, em Mônaco, em que se comemorava o aniversário da então primeira-dama do estado, onde a Delta tinha quase que o monopólio das obras públicas.

Guerrilha de abstrações - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Um raciocínio comum entre autores filopetistas bastante presente nos jornais desta quinta (20) assegura que o juiz Sergio Moro só mandou Eduardo Cunha para a cadeia como forma de vacinar-se contra a crítica de que suas decisões têm viés antipetista, o que tornaria mais fácil decretar em breve a prisão preventiva de Lula, seu real desígnio.

É uma hipótese interessante. Ela nos lança no terreno dos sistemas intencionais. Seres humanos e boa parte dos animais navegamos no mundo através de nossas intenções, isto é, dos desejos e das crenças que mantemos em relação às coisas. Quando tal relação é direta, diz-se que as intenções são de primeira ordem.

O recado está dado - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Duas eleições apontam tendências: a de São Paulo, no qual João Doria(PSDB) se elegeu no primeiro turno, e de segundo turno no Rio de Janeiro entre Crivela (PRB) e Freixo (PSol)

As eleições municipais, que agora fervem na disputa de segundo turno, em 18 capitais e mais 55 cidades importantes do país, revelaram tendências do processo político que apontam para as eleições presidenciais de 2018. Mesmo que o pleito seja atípico, por causa do predomínio das contingências nacionais em relação às virtudes dos candidatos. A recessão, a crise ética e a nova legislação eleitoral foram fatores que influenciaram o processo eleitoral de forma decisiva.

Duas eleições, mais do que as outras, apontam tendências para o futuro: o resultado de São Paulo, no qual João Doria(PSDB) se elegeu no primeiro turno, e a disputa de segundo turno no Rio de Janeiro, entre os dois Marcelos, Crivela (PRB) e Freixo (PSol). Em ambas, o PT e o PMDB foram derrotados. Historicamente, as duas cidades protagonizam o debate eleitoral, ainda mais porque não há eleições municipais em Brasília.

Delação à vista - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Não há um só político, um só agente público e um só jornalista em Brasília e no Rio de Janeiro, no mínimo, que não saiba exatamente quem é Eduardo Cunha, não tenha ouvido falar de sua ousadia sem limite, seus métodos de intimidação e sua relação para lá de heterodoxa com a coisa pública. O que espanta, portanto, não é a sua prisão, mas o fato de ele ter sobrevivido e voado tão alto nesses 25 anos, apesar de tudo.

Cunha emergiu em 1989, surfando no velho PRN e na campanha de Fernando Collor de Mello. Eleito Collor, foi presidente da Telerj, onde foi acusado de... fraudes em licitações e contratos. Já no também velho PPB, foi subsecretário de Habitação do Rio e depois presidente da Companhia Estadual de Habitação (Cehab) no governo Anthony Garotinho, onde também foi acusado de... fraudes em licitações e contratos.

A tormenta não irá parar em 2018 - César Felício

- Valor Econômico

• Alckmin se fortalece,mas desafios são grandes

O signo da Lava-Jato não se restringe ao ciclo de hegemonia de um partido político, como tornaram evidente os acontecimentos no último mês. As ações contra Guido Mantega e Antonio Palocci apertaram o laço sobre o PT, Cunha nas mãos da força-tarefa ensombrece o destino do PMDB e as delações de Marcelo Odebrecht e suas dezenas de executivos trazem em si o potencial de atingir de forma generalizada o cardinalato do PSDB.

Quem quer que seja eleito dentro de dois anos estará sob investigação, ou alicerçado em partidos ou estruturas na mira da polícia. A eleição de 2018 não será uma nota de corte em relação ao processo atual.

Não por acaso o contágio democrático, universal e amplo das denúncias impulsiona o veio reformista do Congresso. Trata-se da elite política procurando ordenar uma tendência que parece inexorável: a do fim do sistema partidário como ora é conhecido. Na grande maioria dos países em que uma crise política aguda se instalou, encontrando-se em geral com uma crise econômica, este sistema se dissolveu. Estão aí os exemplos da Venezuela, Itália e do Peru nos anos 90, a Argentina do corralito, e, mais recentemente, Grécia e Espanha.

Falta de confiança na democracia? - Rogério Furquim Werneck

- O Globo

• A curto prazo, não há como viabilizar o gigantesco ajuste necessário para restabelecer o controle sobre o endividamento

A aprovação pela Câmara, em primeiro turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 — que submete as despesas primárias da União a um teto determinado pelos gastos do ano anterior corrigidos pela inflação — parece ter acirrado o debate sobre a superação da crise fiscal em que o país está metido.

Entre os que se opõem à PEC 241, dissemina-se agora o argumento de que, ao estabelecer travas constitucionais a decisões sobre o dimensionamento do dispêndio público, a imposição do teto denotaria lamentável falta de confiança no livre funcionamento do processo democrático.

O argumento seria mais respeitável se os que hoje o brandem tivessem lamentado, com o mesmo empenho, as muitas travas a que os constituintes recorreram, em 1988, para cercear decisões do Congresso sobre a composição e o nível do gasto público. Na verdade, muitos dos que agora fazem essa crítica à PEC 241 se permitem defender, com obstinação, a preservação das travas constitucionais que “protegem” a composição do gasto e impedem sua contenção.

Governo confia que PIB reage no fim do ano - Claudia Safatle

- Valor Econômico

• Há esperança de resultado melhor que zero no 4º trimestre

O mau desempenho dos principais indicadores do nível de atividade em agosto não demoveu os economistas do governo de esperar uma reação positiva para o último trimestre do ano. Pelos prognósticos dos técnicos a reação será tênue, algo pouco melhor do que zero - um crescimento de 0,20% a 0,25% - mas deve marcar o fim da recessão e a virada da atividade econômica.

Para o terceiro trimestre do ano as expectativas ainda eram de retração. "Nosso cenário base é de que só no quarto trimestre a economia vai dar sinais mais concretos de reação, ainda mais agora que o Banco Central começou a cortar os juros", disse uma graduada fonte oficial.

Os preços dos ativos melhoraram bastante entre o começo do ano e agora. A Bolsa de Valores saiu de pouco mais de 37 mil pontos para quase 64 mil pontos, os juros de um título prefixado (LTN) com vencimento em 2021 tiveram queda de mais de 500 pontos básicos entre o seu pico (16,65% em janeiro) e ontem (11,28%). A confiança também aumentou substancialmente, tanto dos empresários quanto dos consumidores, mas o setor real continua com comportamento contraditório.

Banco Central pagou sem ver – Editorial / O Estado de S. Paulo

Mais uma vez o Banco Central (BC) pagou adiantado, sem ter segurança da contrapartida, ao cortar para 14% a taxa básica de juros. Com mais cuidado nas próximas decisões, o efeito poderá ser menos desastroso que o de um erro semelhante cometido em agosto de 2011, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou uma longa série de cortes. O lance foi justificado, naquela ocasião, com algumas expectativas otimistas. A mais importante envolvia a gestão das contas públicas. Apostava-se numa condução austera das finanças federais pela presidente Dilma Rousseff. Em abril de 2013, quando a autoridade monetária, com a credibilidade arrasada, tentou retomar o caminho da seriedade, a inflação já havia disparado e o controle era muito mais difícil. Os mais otimistas poderão achar a comparação injusta e despropositada. Certo, o governo mudou e se mostra empenhado em cuidar das contas fiscais, mas o quadro é muito mais complicado que em 2011, ninguém deve desprezar os obstáculos políticos e, afinal, os próprios membros do comitê reconhecem – este é o ponto mais curioso – a insegurança.

Teto dos gastos é vital para mais cortes nos juros – Editorial / O Globo

• A redução de 0,25 ponto percentual da Selic é pequena, mas atua de maneira positiva nas expectativas. Prosseguir, para a economia crescer, depende do Congresso

A economia brasileira continua anêmica, conforme demonstra uma espécie de sinalizador do PIB, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado ontem, com uma queda de 0,91% em agosto, em relação a julho. O dado é coerente com a retração de 3,8%, também em agosto, da produção industrial, depois de cinco meses de alguma reação.

Este quadro é parte do cenário que levou o Comitê de Política Monetária, do BC, a cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, na reunião realizada terça e quarta-feira, a primeira redução feita na Selic em quatro anos — agora em 14%, o que mantém o Brasil na liderança do ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação), com uma taxa pouco acima de 8% ao ano.

Retomada do crescimento é adiada, mas está a caminho – Editorial / Valor Econômico

As expectativas de recuperação econômica no terceiro trimestre, que não eram firmes, se desvaneceram. Os primeiros indicadores do mês de setembro, como vendas do comércio, e o resultado da indústria em agosto, com a interrupção de uma sequência de cinco meses de melhoria, levaram à revisão negativa do desempenho da economia. Com isso, as previsões para o último trimestre do ano, que flertaram com a confirmação de que a economia estaria definitivamente na rota da recuperação, foram adiadas para o primeiro trimestre do ano que vem.

O avanço dos índices de confiança criaram um ambiente muito otimista sobre a possível evolução da economia real, que ainda carrega o peso de uma recessão pesada. A desaceleração da indústria e das vendas do comércio são um lembrete de que as condições que jogaram o país na crise persistem, embora contem pouco sobre o que será o futuro. Podem sugerir que as chances de uma retomada lenta aumentaram em relação às de outra, vigorosa, prestes a se iniciar. Há, porém, movimentos promissores que mostram virada em breve.

O Esplendor – Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

E o esplendor dos mapas, caminho abstrato para a imaginação concreta,
Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha.

O que de sonho jaz nas encadernações vetustas,
Nas assinaturas complicadas (ou tão simples e esguias) dos velhos livros.

Tinta remota e desbotada aqui presente para além da morte,
O que de negado à nossa vida quotidiana vem nas ilustrações,
O que certas gravuras de anúncios sem querer anunciam.

Tudo quanto sugere, ou exprime o que não exprime,
Tudo o que diz o que não diz,
E a alma sonha, diferente e distraída.

Ó enigma visível do tempo, o nada vivo em que estamos!