sábado, 22 de outubro de 2016

Opinião do dia - Marco Aurélio Nogueira

Até prova em contrário, se a sociedade assim quiser e souber se manifestar, Moro seguirá em frente, contra o sistema político que deseja seu silêncio, contra o governo e a oposição, contra o histrionismo da direita e as lágrimas de crocodilo da esquerda.
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Marco Aurélio Nogueira é professor titular de teoria política e coordenador do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais da Unesp. ‘Os podres da República e a sorte de Moro’, O Estado de S. Paulo, 22/10/2016.

Operação aumenta tensão entre Congresso e Lava Jato

• Prisão de quatro policiais legislativos também provocou troca de farpas entre ministro e presidente do Senado

A Polícia Federal prendeu quatro policiais legislativos do Senado, suspeitos de atrapalhar investigações da Lava Jato e de outras operações. Os agentes são acusados de fazer varreduras contra eventuais escutas colocadas pela PF em imóveis de políticos. Em reação, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que “a Polícia Legislativa exerce atividades dentro do que preceitua a Constituição, as normas legais e o regulamento do Senado”. No fim do dia, ele e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, trocaram farpas e três agentes foram liberados. Investigações mostraram que a Polícia Legislativa inspecionou casas de Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), dias após mandados de busca e apreensão. Também houve “pente-fino” em endereços do ex-senador José Sarney (PMDB-AP), de Edison Lobão Filho (PMDB-MA) e até de terceiros.

PF detém policiais do Senado e cresce tensão no Congresso

Operação Métis. Quatro agentes legislativos são presos sob a suspeita de tentar ‘embaraçar’ a investigação da Lava Jato contra Collor, Gleisi e o ex-presidente Sarney

O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A Polícia Federal prendeu ontem quatro policiais legislativos do Senado, suspeitos de atuar para atrapalhar investigações da Lava Jato e de outras operações contra senadores e ex-senadores. Os agentes são acusados de fazer varreduras para identificar eventuais escutas ambientais e telefônicas instaladas pela PF nos imóveis dos políticos.

A ação provocou reação imediata do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que defendeu a legalidade das atividades (mais informações na pág. A6). No fim do dia, Renan e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, trocaram farpas por causa da operação.

A operação ocorreu no momento em que o Senado se prepara para retomar o debate sobre o projeto que altera a lei de abuso de autoridade – a proposta que pune agentes públicos é alvo de questionamentos por investigadores e entidades do Ministério Público e Judiciário.

As investigações mostraram que a Polícia Legislativa fez inspeção nas casas dos senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), em dias após os imóveis serem alvo de mandados de busca e apreensão da PF na Lava Jato. O motivo seria a “insegurança” dos congressistas com a possível presença de dispositivos de captação de áudio e imagens.

Também houve “pente-fino” em endereços do ex-senador José Sarney (PMDB-AP), que já não tem mais vínculo com o Senado, e até de terceiros. Os policiais legislativos fizeram rastreamento em endereço de Brasília descrito no inquérito como “escritório de lobby” de Sarney. Ele próprio pediu a ação.

‘Homem de confiança’ ordenou varreduras, diz juiz

• Considerado próximo de Renan Calheiros, presidente do Senado, Pedro Ricardo Carvalho é apontado como responsável por tentar obstruir a Lava Jato

Isabela Bonfim Erich Decat – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA Preso ontem pela Polícia Federal durante a Operação Métis, Pedro Ricardo Araújo de Carvalho, conhecido no Senado como “Pedrão”, comanda a Polícia Legislativa há 11 anos e é considerado homem de confiança do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Funcionário de carreira, Pedro Ricardo é apontado pelo Ministério Público como o principal responsável pela atuação da polícia da Casa em obstrução às investigações da Operação Lava Jato contra senadores.

Na decisão que autoriza a operação, o juiz aponta o diretor como “principal responsável pelas condutas e autor das ordens aos demais membros”. Para ele, o grupo formou uma “associação criminosa”

Renan nomeou Pedro Ricardo para a diretoria da Polícia do Senado em 2005. Ele ocupou o cargo também durante a presidência de José Sarney (PMDB-AP), entre 2009 e 2012, atuando próximo aos caciques peemedebistas. A Secretaria de Polícia responde diretamente à Mesa Diretora do Senado, coordenada pelo presidente da Casa.

Na gestão de Pedro Ricardo, uma norma da Mesa Diretora modificou a Secretaria de Polícia, criando novos departamentos, como a Subsecretaria de Polícia Judiciária, que tem serviço de investigação, vigilância e captura. Com isso, a instituição começou a se aparelhar para atuar na proteção de senadores também fora do Senado. De acordo com as competências do órgão, endereços dos parlamentares em outros Estados são de responsabilidade do Senado.

Apreensão. Em 2011, Pedro Ricardo também solicitou a compra de equipamentos de rastreamento, alegando que o aparato da Polícia do Senado estava defasado. O kit continha rastreadores de grampo telefônico e câmeras-sonda, para visualização em locais de difícil acesso. Os equipamentos foram apreendidos.

A operação foi batizada de Métis, em referência “à deusa da proteção”, “capaz de antever acontecimentos”.

Renan defende Polícia Legislativa e critica ministro

• Presidente do Senado diz que Alexandre de Moraes extrapolou ao falar de operação: ‘Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo’

Ricardo Brito – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a atuação da Polícia Legislativa na Casa – subordinada diretamente a ele e alvo de uma operação da Polícia Federal – e criticou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, dizendo que ele “extrapolou” ao se pronunciar sobre o trabalho dos quatro servidores públicos presos acusados de tentar embaraçar a Lava Jato.

Mais cedo, Moraes disse que os policiais legislativos presos “extrapolaram o que seria de sua competência” e “realizaram uma série de atividades direcionadas à obstrução da Justiça”.

Ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Renan disse que o trabalho da Polícia do Senado não é da “competência” de Moraes por se tratar de um outro Poder e que ele deveria se informar antes de se pronunciar. “Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo”, alfinetou o senador, que é um dos investigados pela Lava Jato.

Gleisi afirma que pediu para verificar suas residências

• Também citados como beneficiários da ação da Polícia Legislativa, Collor, Sarney e Lobão Filho negam irregularidades

- O Estado de S. Paulo

Apontados como beneficiários das varreduras realizadas pela Polícia Legislativa, os senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) e os ex-senadores Edison Lobão Filho (PMDB-MA) e José Sarney (PMDB-AP) se manifestaram ontem sobre a operação.

Gleisi divulgou nota em que admite que pediu à Polícia Legislativa do Senado para fazer verificação e varredura nas suas residências em Brasília e Curitiba, mas nega obstrução à Justiça. “Logo após a operação de busca e apreensão realizada em minha casa em Brasília e em Curitiba, com a prisão de meu marido Paulo Bernardo, solicitei ao Senado que a Polícia Legislativa, dentro de suas atribuições legais, fizesse uma verificação e uma varredura eletrônica nas residências. Fiz o pedido formalmente. Tem processo no Senado com autorização formal para isso”, escreveu a senadora.

Ela argumenta que esse servi- ço da Polícia Legislativa é regular e existe “há muito tempo”. Gleisi também informou que, como nada foi encontrado nas residências, nenhuma providência ou comunicado foi feito ao Ministério Público Federal.

Collor e Sarney. Também por meio de nota, Collor disse desconhecer possíveis ações de varredura da Polícia Legislativa do Senado em seu escritório ou residência. “O senador Fernando Collor não tem conhecimento acerca dos fatos narrados na manhã de hoje (ontem) e nega que tenha se beneficiado de qualquer ação da Polícia Legislativa do Senado Federal que seja estranha às suas funções institucionais.”

O advogado de Lobão Filho e de Sarney, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou que seus clientes tenham cometido alguma irregularidade. “O presidente Sarney ficou completamente atônito”, afirmou o advogado.

Moraes aponta desvio de função de servidores

• Titular da Justiça afirma que, em tese, policiais legislativos ‘extrapolaram’ sua competência

Tânia Monteiro – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou ontem que as investigações que levaram à prisão de policiais legislativos apontam que os servidores extrapolaram o limite de sua competência.

“O que as investigações levaram à conclusão, e isso referendado pelo Ministério Público, com ordem judicial, é que em tese alguns servidores da polícia do Senado realizaram uma série de atividades direcionadas à obstrução da Justiça. Em tese, eles extrapolaram o que seria de sua competência”, disse Moraes, após participar de cerimônia de lançamento de um novo sistema eletrônico de inquéritos da Polícia Federal, em Brasília.

Já à tarde, quando proferiu uma palestra em uma faculdade em São Paulo, Moraes preferiu não entrar em polêmica com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que havia dito que o ministro teria extrapolado ao falar sobre uma instituição que não é de sua alçada.

Ele disse não ter conhecimento dos comentários feitos por Renan, mas ressaltou que a operação foi deflagrada por ordem judicial. “Não é uma briga institucional. Não houve nenhum problema em relação à Polícia do Senado, e sim em relação a quatro integrantes da Polícia do Senado.” / COLABOROU VALMAR HUPSEL FILHO

Abuso e escárnio - Carlos Melo

- O Estado de S. Paulo

Na olimpíada do absurdo, o Brasil arrebata medalhas de ouro, bronze e prata. A modalidade chama-se “confusão política”; seu objetivo é espalhar dúvidas até que o descrédito elimine as noções de certo e errado, justo ou legal, apagando referências de quem faz, cumpre e executa as leis. Não, não se trata dos “pesos e contrapesos” de uma democracia. E, menos que uma comédia de erros, reside na brincadeira do “perde um”: perdem todos; perde o País.

A mais recente etapa deu-se no Senado: membros da Polícia Legislativa foram presos pela Polícia Federal. Tudo ainda obscuro – o objetivo, afinal, é a confusão –, mas o quiproquó indica que, supostamente, a polícia do Senado atuaria num esquema de proteção a alguns senadores. Não se sabe quais e é bom não generalizar, mas a missão implicaria contraespionagem: desmontar investigações da Lava Jato, coisa para profissionais.

Difícil compreender, mas em não compreender é no que consiste a trama. Em tese, seria assim: nos marcos da lei, os federais investigam senadores envolvidos com a Lava Jato. Senadores fazem as leis e discutem se seriam e o que seriam os tais “marcos da lei”. Há, evidentemente, uma disputa aí.

Mas o certo é que policiais do Legislativo existem para proteger o patrimônio do Congresso e dar segurança física aos senadores.

Antes que das galeras, no entanto, protegem os senadores da lei, resguardando-os da Justiça que, em tese, cumpre leis feitas também no Senado. Assim como o Brasil, entender esta dinâmica não é para amadores.

Protegendo estes tais “pilares da República”, desarmaram, então, traquitanas, escutas e grampos; provas teriam ido pelo ralo?

Às vezes com razão, senadores reclamam e propugnam leis que limitem abusos de autoridade. Com efeito, para a democracia, nada há de pior. Mas, se legislam em causa própria, também não abusariam? Que Poder pode limitar o poder de quem limita o Poder? Mais que um jogo de palavras, uma cilada; um enigma que não sabe dizer o que nasceu primeiro, o abuso ou o escárnio.
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Cientista político e professor do INSPER

PF acusa Senado de agir contra a Lava-Jato

A PF prendeu 4 policiais do Senado acusados de realizarem varreduras ilegais antigrampo em gabinetes e endereços particulares dos senadores Fernando Collor, Gleisi Hoffmann e Edson Lobão Filho, além do ex-presidente José Sarney. Para a PF, a varredura indica tentativa de obstruir a Lava-Jato.

PF vê ação contra Lava-Jato

• Integrantes da Polícia Legislativa são presos por varreduras contra grampos da operação

Jailton de Carvalho, Carolina Brígido e Manoel Ventura* - O Globo

BRASÍLIA - Em uma ação que pode complicar a situação de senadores investigados na Operação Lava-Jato, a Polícia Federal prendeu ontem o diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo, e três auxiliares dele acusados de atrapalhar a apuração do esquema de corrupção na Petrobras. Segundo a PF, varreduras contra grampos feitas pela Polícia Legislativa beneficiaram o ex-presidente da República José Sarney (PMDB), os senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o ex-senador Edson Lobão Filho (PMDB-MA).

Caso se confirme o envolvimento dos senadores e ex-senadores nas supostas manobras para atrapalhar a Lava-Jato, a Procuradoria-Geral da República deverá pedir abertura de investigação específica contra os quatro políticos.

PF prende chefe da Polícia do Senado e mais 3 agentes

PF realiza operação no Senado e prende quatro policiais legislativos

Natuza Nery, Rubens Valente, Daniel Carvalho -  Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (21), a Operação Métis, que visa desarticular uma suposta organização criminosa que tentava atrapalhar investigações da Lava Jato. Houve busca e apreensão nas dependências da Polícia Legislativa, no subsolo do prédio do Senado.

Quatro policiais legislativos foram presos provisoriamente, por cinco dias: Pedro Ricardo Carvalho, diretor da polícia do Senado, Geraldo Cesar de Deus Oliveira, Everton Taborda e Antonio Tavares.

Carvalho é homem de confiança do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"Foram obtidas provas de que o grupo, liderado pelo diretor da Polícia do Senado, tinha a finalidade de criar embaraços às ações investigativas da Polícia Federal em face de senadores e ex-senadores, utilizando-se de equipamentos de inteligência", diz nota emitida pela Polícia Federal.

"Em um dos eventos, o diretor da Polícia do Senado ordenou a prática de atos de intimidação à Polícia Federal, no cumprimento de mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal em apartamento funcional de senador", afirma o texto.

A PF informou que a Justiça Federal suspendeu, do exercício da função pública, os policiais legislativos sob investigação.

Operação no Senado expõe lado obscuro da Polícia Legislativa - Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

A Polícia Federal não prendeu nesta sexta-feira (21) um policial legislativo qualquer. Prendeu o diretor do órgão no Senado, Pedro Carvalho, homem de extrema confiança do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Carvalho é também muito próximo do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Nos bastidores, é apontado como uma espécie de "pau-mandado" dos senadores.

Um servidor com extremos poderes, designado para agir sempre a favor dos parlamentares e do Senado em qualquer circunstância, mesmo que, para tanto, tenha que atrapalhar investigações externas.

PF e Receita veem incompatibilidade patrimonial de filho de Lula

Por André Guilherme Vieira – Valor Econômico

SÃO PAULO - Relatório de análise da Polícia Federal (PF) anexado ao inquérito que apura a propriedade de um sítio em Atibaia (SP) - que a Lava-Jato afirma ser de Luiz Inácio Lula da Silva - aponta que a variação patrimonial de Luís Cláudio Lula da S
ilva, filho caçula do ex-presidente, é "formalmente incompatível" para o período de 2011 a 2013 e no acumulado de 2011 a 2014. O laudo, que conclui que houve evolução patrimonial compatível no ano de 2014, tem por base dados da Receita Federal.

“Foi constatado que variação patrimonial do senhor Luis Cláudio Lula da Silva é formalmente incompatível com as sobras financeiras correspondentes nos anos de 2011 2013, no acumulado do período (2011-2014), apresentando-se compatível no ano de 2014″, afirma o documento.

MP de São Paulo acusa juíza de fazer ‘acordo’ com Sergio Moro

- Valor Econômico

SÃO PAULO - O Ministério Público Estadual de São Paulo (MP-SP) criticou decisão da juíza da 4ª Vara Criminal de São Paulo, Maria Priscilla Veiga de Oliveira, que há uma semana aceitou parcialmente denúncia contra réus investigados por irregularidades na construção de empreendimentos da Bancoop pela OAS.

Promotores acusam a juíza de fazer “acordo” com o juiz Sergio Moro, ignorando a tese formulada pelo MP-SP, que incluía o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares entre os acusados.

Meirelles diz que não trabalha com hipótese de não aprovação da PEC

Fernanda Perrin, Joana Cunha – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - "Eu nem trabalho com a hipótese de não aprovação da PEC", disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, após palestra em São Paulo nesta sexta (21).

O ministro citou diversas vezes a aprovação da PECna Câmara dos Deputados em primeiro turno, cuja votação ele classificou como "impressionante".

Questionado se a citação de nomes fortes do governo em delações daOperação Lava Jato tem impacto sobre a recuperação da confiança na economia, Meirelles desconversou. "A retomada da confiança se dá em função de medidas econômicas que estão sendo propostas", disse.

A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha nesta quarta (19) colocou o governo em alerta. Para Meirelles, porém, a tramitação da PEC não é afetada por fatores políticos ou "momentâneos".

O ministro falou para uma plateia de empresários eme evento sobre infraestrutura em São Paulo. Os ministros Dyogo Oliveira (Planejamento) e Eliseu Padilha (Casa Civil) também participaram do seminário. José Serra (Relações Exteriores) deve fazer uma palestra no final da tarde.

Meirelles: Não há alternativa à reforma que não passe por mais inflação

Por Luciano Máximo, Camilla Veras Mota e Estevão Taiar - Valor Econômico

SÃO PAULO - (Atualizada às 16h13) O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que não há caminho alternativo à aprovação das reformas do ajuste fiscal que não passe por aceleração da inflação e aumento de impostos. “Não há caminho alternativo às reformas, que não inflação e aumento da carga tributária”, declarou durante evento sobre infraestrutura promovido em São Paulo.

Ele destacou que um dos pontos importantes da agenda do saneamento das contas públicas é a redução do papel do Estado, em paralelo à queda da relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB).

PSB pode atrapalhar plano do governo

Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - A bancada do PSB na Câmara pode atrapalhar os planos do governo Temer de aumentar o placar de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um teto para o crescimento dos gastos na segunda votação da matéria no plenário da Casa, marcada para a próxima terça-feira.

No partido, a previsão é de que 12 deputados votem contra a PEC na segunda votação – dois a mais do que no primeiro turno, quando 10 dos 32 parlamentares do PSB se posicionaram contrários à proposta. Além disso, outros dois deputados que tinham votado a favor da PEC devem faltar.

Ibope/Porto Alegre: Marchezan aparece com 44% contra 33% de Melo

- Valor Econômico

BRASÍLIA - O candidato do PSDB a prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, se mantém à frente na corrida eleitoral. A pesquisa do Ibope divulgada na noite desta sexta-feira indica o tucano com 44% dos votos, um ponto percentual a menos que na pesquisa anterior. Já o candidato do PMDB, Sebastião Melo, manteve os mesmos 33% do último levantamento.

Os votos brancos e nulos somam 18%, e 5% não responderam. A margem de erro é de quatro pontos percentuais. Com isso, o tucano pode ter de entre 40% e 48% dos votos, e Melo, de 29% a 37%.
No levantamento somente com os votos válidos, Marchezan aparece com 57% contra 43% de Sebastião Melo.

A pesquisa foi encomendada pela RBS TV, afiliada da Rede Globo, e registrada no TRE pelo número número 08376/2016. O Ibope ouviu 602 pessoas entre os dias 18 a 20 de outubro.

A campanha de Porto Alegre tem sido marcada pela tensão entre os dois candidatos. Na última madrugada de segunda-feira, o comitê de Marchezan foi alvo de tiros. A campanha de Melo foi abalada no mesmo dia pela morte de Plinio Alexandre Zalewski Vargas, que era um dos coordenadores da campanha. O corpo foi encontrado na sede do partido na cidade.
(Agência O Globo)


Em Florianópolis, Gean recua para 49% e Angela Amin sobe para 30%

- Valor Econômico

SÃO PAULO - A segunda pesquisa do Ibope sobre intenção de voto para prefeito de Florianópolis, divulgada na noite desta sexta-feira, mostra oscilação para baixo do candidato do PMDB, Gean Loureiro, e na direção contrária da postulante pelo PP, Angela Amin. As variações, contudo, ficaram dentro da margem de erro do levantamento.

De acordo com a pesquisa, se o segundo turno da eleição para prefeito da capital catarinense fosse hoje, Gean teria 49% dos votos e Angela Amin, 30%. No levantamento anterior, divulgado no dia 10, o pemedebista tinha 53% e a pepista, 26%. Como a margem de erro nessa pesquisa é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos, as intenções de votos de ambos oscilaram dentro dessa faixa. Responderam que votaram em branco, nulo ou em nenhum deles 17% dos consultados; 4% disseram que não sabiam em quem votar ou não responderam.

Considerando os votos válidos - quando são excluídos da mostra os votos brancos, nulos e os eleitores que se declaram indecisos - Gean teria 62% (pela margem de erro, entre 58% e 66%) e Angela Amin, 38% (entre 34% e 42%). No levantamento anterior, Gean tinha 67% e Angela Amin, 33%.

Na pesquisa espontânea (em que o pesquisador somente pergunta ao eleitor em quem ele pretende votar, sem apresentar a relação de candidatos), Gean alcança 45%; Angela Amin, 26 %; em branco e nulo, 21% e não sabe ou não respondeu, 8%

O Ibope ouviu 602 eleitores de Florianópolis, entre os dias 18 e 20 de outubro. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o protocolo SC-08402/2016.

Crivella recebe apoio dos quatros grandes clubes

• O prefeitável do PRB reuniu-se ontem com os presidentes do Fluminense, Flamengo, Vasco e Botafogo, além do presidente da federação de futebol do Rio. O Candidato do Psol panfletou pela manhã em Santa Cruz e terminou o dia em encontro com educadores, na Associação Brasileira de Imprensa.

- O Dia

A campanha de Marcelo Crivella (PRB) conseguiu algo improvável. Acostumados a alimentar picuinhas entre si, os presidentes de Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco e da Federação de Futebol do Rio (Ferj) almoçaram ontem com o candidato em uma mansão no Humaitá, com direito a foto abraçados. Entre os representantes dos clubes, o único que abriu mão da neutralidade e abraçou uma candidatura foi Eurico Miranda, ex-deputado federal e presidente do Vasco. E o fez com fervor.

— Tem uma coisa que, para mim, é muito clara nessa minha vivência toda política e no esporte: Freixo, nenhuma chance. Nenhuma chance. Chance zero — discursou o presidente do Vasco, 

segundo o site UOL. O cartola completou: — E não pode ter uma situação de chegar e dizer assim: “Não vou votar no Crivella e nem no Freixo”. Eu vou ser muito objetivo: não votar é votar no Freixo. 

O Freixo representa tudo aquilo que é o oposto do que nós temos feito durante toda a nossa trajetória na vida em termos de clube.

Os podres da República e a sorte de Moro - *Marco Aurélio Nogueira

- O Estado de S. Paulo

• No governo Temer, no Congresso, na oposição, quem tem rabo o preso está suando frio

Bastou a prisão de Eduardo Cunha para que as nuvens ficassem mais carregadas e os dilemas da República se agigantassem.

Já se sabia de tudo, mas a prisão trouxe à tona uma trajetória que chama atenção pela longevidade, pela desfaçatez e pelo tamanho das ilicitudes. Cunha tem peso próprio, não é um qualquer quando se trata de exploração das brechas existentes na legalidade e na cultura político-administrativa do Estado brasileiro. É um profissional. As acusações contra ele abrangem um leque impressionante de fraudes, negócios escusos, abusos e irregularidades. Vêm lá de trás, mais ou menos do final dos anos 1980. Como foi possível sobreviver durante tanto tempo e seguir uma carreira ascendente que poderia tê-lo levado à Presidência da República? O sistema assistiu impassível à performance, que teria continuado se não houvesse a Lava Jato.

No mínimo por isso, o juiz Sergio Moro merece aplausos. Ele está a desnudar os podres de nossa vida estatal, valendo-se de uma obstinação que o tem ajudado a resistir a intempéries mil, ainda que o levando em certos momentos ao limite da temperança e da moderação.

Polícia particular - Merval Pereira

- O Globo

Os equipamentos de rastreamento de escutas telefônicas executavam as escutas, e a atuação da Polícia Legislativa fora do Senado, protegendo as casas particulares dos senadores em Brasília e também em seus estados, passou a ser uma rotina. A Polícia Legislativa do Senado tinha virado uma polícia particular e apartidária, uma espécie de milícia para a proteção dos senadores, segundo a definição corrente em Brasília.

Prestavam serviços pessoais aos senadores e familiares, desde fazer uma ronda de segurança em uma residência, até livrar filhos e parentes de senadores que se metessem em confusão nas noites brasilienses (brigas, dirigir embriagado).

Essa promiscuidade acabou servindo para que a polícia do Senado atuasse também fora da capital, indo aos estados quando senadores passavam por algum problema que envolvesse segurança, desde escutas clandestinas — evitavam algumas, faziam outras — a ações políticas mais amplas.

Tão perto e tão longe - João Domingos

- O Estado de S. Paulo

Desde que Itamar Franco assumiu a Presidência da República no lugar de Fernando Collor, cassado em 1992 num processo de impeachment, nunca a situação política foi tão favorável para que PMDB, PSDB e DEM permaneçam no núcleo central do poder por muitos anos, tanto no Executivo quanto no Legislativo.

Mas se a situação política nunca esteve tão favorável a esses três partidos, ela também nunca esteve tão incerta. Não só pela indefinição quanto a nomes, qual legenda encabeçará a chapa que vai disputar a eleição presidencial em 2018, se vão unir forças ou se vão se dividir. Mas também, e principalmente, porque não é possível dizer se quem está de pé hoje num desses partidos não estará abatido politicamente amanhã.

Porque se a situação já era confusa por causa das investigações da Operação Lava Jato, que a todo instante ameaçam bater à porta de algum governista importante, agora com a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é que ficou esquisita.

Partido da escola – Editorial / Folha de S. Paulo

A Procuradoria-Geral da República (PGR) tomou posição na celeuma desencadeada pelo movimento Escola sem Partido. Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), considerou inconstitucional legislação do Estado de Alagoas patrocinada pelo grupo.

Partiu da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação a ação contra a Assembleia Legislativa alagoana.

Questiona-se norma estadual que veda a escolas públicas e particulares "doutrinação política e ideológica, bem como quaisquer outras condutas por parte do corpo docente ou da administração escolar que imponham ou induzam aos alunos opiniões político-partidárias, religiosa ou filosófica".

A iniciativa, criada por pais contrários ao que consideram ser "contaminação político-ideológica das escolas", espalha pelo país um rastilho de desconfiança generalizada contra professores.

Lava Jato não requer privilégios – Editorial / O Estado de S. Paulo

É necessário preservar as condições para que a Operação Lava Jato possa levar a bom termo os seus trabalhos. Como amplamente reconhecido pela sociedade, a operação tem prestado um relevante serviço no combate à impunidade e seria enorme retrocesso impedir ou, ao menos, dificultar o avanço das investigações.

O reconhecimento das inúmeras qualidades da Lava Jato, porém, não implica conferir ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF) uma infalibilidade que, por certo, não possuem. É preciso reconhecer que nem sempre seus interesses corporativos expressam com exatidão o interesse público.

Promovido pelo MPF e atualmente em análise pela Câmara dos Deputados, o conjunto das dez medidas anticorrupção pode, sem dúvida, contribuir para o combate à impunidade. Há, porém, pontos do projeto que merecem reparos. Nem tudo o que lá está proposto é bom para o País, ainda que o MPF diga que as medidas são absolutamente necessárias, como se o desacordo com alguma delas fosse sinônimo de conivência com a corrupção.

Devastação fiscal atinge toda a Federação – Editorial / O Globo

• Levantamento do Tesouro constata que o desequilíbrio financeiro nos estados é maior que o real, porque estava maquiado por técnicas da contabilidade criativa

Não é desconhecido que o desprezo militante pela responsabilidade fiscal, iniciado no segundo mandato de Lula e consolidado nos governos da presidente Dilma, intoxicou também estados e municípios. Seria mesmo inevitável que isso ocorresse, mas ainda não havia informações precisas da dimensão do descontrole financeiro em toda a Federação.

Os déficits no governo central — Tesouro, Previdência e Banco Central — são mais expostos, bem como foram logo identificados por analistas independentes os artifícios usados, com o aval da presidente Dilma, pelo secretário do Tesouro Arno Augustin e o ministro da Fazenda Guido Mantega, para mascarar os rombos com técnicas da contabilidade criativa. E a prática da maquiagem contábil também se espalhou pela Federação.

Foi preciso que a presidente Dilma sofresse impeachment — por crimes fiscais, nada surpreendente —, para mudar o governo e o Tesouro poder fazer um levantamento do descontrole fiscal em todos os entes federativos, trabalho divulgado na quinta-feira.

Uma cultura de eixo estratégico

Por Bruno Peres - Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

• Para Calero, é importante 'atacar' a dependência em relação a editais, em sua visão esporádicos ou de nível financeiro insuficiente

BRASÍLIA - Quando chegou em maio à sede do Ministério da Cultura, em Brasília, o diplomata carioca Marcelo Calero, de 34 anos, teve uma má impressão do edifício. "Meio assim largado", diz. O letreiro na fachada voltada para a Esplanada dos Ministérios indicava o compartilhamento da estrutura do prédio. "Era o único ministério que tinha escrito Ministérios Meio Ambiente - Cultura", lembra. Hoje, quem passa pelo local observa uma inscrição do status para cada uma das pastas - Ministério da Cultura acima de Ministério do Meio Ambiente.

Segundo Calero, o gesto rendeu elogios e agradecimentos de servidores. "Uma iniciativa simples, quase boba, mas que tem a ver com a simbologia que a gente procurou empregar desse letreiro para dentro. Essa reorganização interna, essa valorização de servidores, esse pensamento estratégico", afirma o ministro.

O status da Cultura como ministério só ocorreu após forte pressão no meio artístico contrário à extinção da pasta, inicialmente proposta pelo presidente Michel Temer, ainda na interinidade de governo. O barulho contra o seu fim continuou ecoando sobre o então recém-indicado para o posto. "Eu via pouco de segmento cultural. Havia muita gente querendo se aproveitar disso para fazer posicionamento político e ideológico. Próprio da democracia", observa. "Mas quem perde é o setor cultural."

Paisagens humanas e sem fronteiras - Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

"Na prisão você encontra Deus,/ toda espécie de moscas, percevejos, pulgas, piolhos,/ contas a acertar,/ esperança o bastante para fazer um homem chorar de ódio,/ amizade e inimizade,/ desconfiança e lealdade,/ mas há uma coisa que resiste a entrar na prisão: o arrependimento./ A culpa é do que já morreu,/ a culpa é dos que ficaram lá fora,/ a culpa é do juiz."

Comunista, agnóstico e contemporâneo da guerra da independência de seu país, que perpetrou genocídios e endureceu com a Guerra Fria, Nazim Hikmet recolheu muitos de seus personagens entre companheiros de cárcere. Quando livros seus foram encontrados entre cadetes do exército, o escritor turco foi detido em 1938. Condenado a 28 anos, acabou solto em 1950 depois de greve de fome apoiada por uma campanha internacional liderada por Jean-Paul Sartre, Pablo Picasso e Pablo Neruda. Obrigado a fazer serviço militar aos 48 anos, Hikmet acabaria por buscar exílio na Rússia, sozinho, tendo a família sido proibida de acompanhá-lo. Aos 61 anos, morreria de enfarte em Moscou.

Traduzido em 50 línguas, Hikmet permaneceu largamente desconhecido no Brasil. Enquanto Orhan Pamuk, nascido em Istambul, professor de literatura da Universidade de Columbia e prêmio Nobel de 2006, já teve dez livros traduzidos no Brasil, Hikmet, celebrado como o maior poeta turco do século XX, teve seu épico "Paisagens Humanas do meu País" (Editora 34, 575 pags) publicado pela primeira vez no país este ano. A tradução é do professor de literatura turca da USP, Marco Syrayama de Pinto, que, na apresentação do livro, atribui a textura de sua poesia à possibilidade de Hikmet, filho da elite turca, conviver na prisão com camponeses, artesãos e operários.

"Paisagens" é um poema épico de 17 mil versos que ora toma a forma de diário de uma viagem de trem, ora de roteiro de cinema. De vagão em vagão, percorre conflitos familiares, grilagem de terras, corrupção, traições, ciúmes, deserções e assassinatos para montar uma enciclopédia de personagens por meio dos quais conta a história da Turquia. Seu lado é estabelecido desde a partida, quando descreve o cotidiano do maquinista: "Sempre que Aladin olha desse modo para trás/ - especialmente nas subidas -/ ele sente como se um cabo estivesse preso aos vagões/ e fosse puxado por seus próprios ombros./ E nas descidas/ ele sente aquele peso medonho/ entre as omoplatas."

Uma da manhã - Nazim Hikmet

O mantel é azul
Em cima nossos livros
valiosos, sinceros, sorridentes
Minha amada
regressei do cativeiro
da torre
que tem meu inimigo
em meu próprio pais.

Uma da manha
Nossa lâmpada ainda segue acesa
deitada ao meu lado, minha mulher.
Está em seu quinto mês
e quando com minha pele vermelha sua pele
sobre seu ventre deposito minha mão
na criança se move e se gira.
Como a folha da pele na água
assim a criança do homem na matriz
meu pequeno.
A primeira batida de minha criança
É de lã rosada
Sua mãe teceu
O corpo e apenas um palmo de minha mão
As mangas grandes como meu polegar!
Meu pequeno
Se fosse menina
Que de pé à cabeça parecesse sua mãe
Se é homem
Que tenha minha estatura
Se é menina
Que da cor da avelã sejam seus olhos
Se é menino
Que seu olhar seja intensamente azul
Meu pequeno,
Não quero que aos vintes anos o matem,
Se é menino a frente
Se é menina
Em plena noite, nos refúgios.
Meu pequeno,
Seja menina ou menino
Não importa em qual idade,
Não quero que o metam na prisão
Por amar a justiça, a paz e a beleza.
Mas esta claro
Meu menino ou menina
Que se um dia que ansiamos se atrasa
Vai lutar
E inclusive
É um oficio duro, aqui e em nossos dias,
O oficio de pai.

Uma da manhã
Nossa lâmpada ainda segue acesa
Talvez daqui um momento
Quiça quando amanheça
Vão forçar a porta
Vão me sequestrar e vão me levar
Com meus livros
A polícia política de ambos os lados.
Eu olharei para trás
Minha mulher ficara junto a porta
E, em seu ventre cheio e pesado, o menino
Se voltara uma e outra vez.