domingo, 15 de janeiro de 2017

Parceiros – Fábio Zanini

- Folha de S. Paulo

"Tá resolvido. Vc tá pensando que eu sou esses ministros que vc indicou?, mandou Geddel Vieira Lima, então vice da Caixa, a Eduardo Cunha em mensagem de texto de 2012, descortinada pela Operação Cui Bono? na última sexta (13). "Ok, rsrsrs", foi a resposta do hoje ex-deputado. Falavam sobre a liberação de um financiamento para a gigante J&F.

Vazamentos de conversas privadas são sempre divertidos. Aqui temos duas raposas do PMDB se comportando como adolescentes que compartilham uma fofoca da turma.

Um "kkkkkk", indicando gargalhadas, talvez tivesse sido mais apropriado, em vez do contido "rsrsrs". Afinal, a maneira como os dois "parças" encararam a administração pública durante décadas, indicando nomes e criando feudos em diversos governos de diferentes partidos, é mesmo motivo de escracho.

Eduardo e Geddel parecem unidos mais uma vez, agora em tempos bem menos festivos. A operação lembrou ao mundo político e empresarial do poder destrutivo de Cunha. Um único celular tem a capacidade de comprometer com um punhado de mensagens um ex-ministro e algumas das principais empresas do país. Imagine uma delação premiada.

Cunha, de sua cela curitibana, deve estar avaliando cenários com sua habitual frieza de jogador. O vazamento das conversas tem duplo efeito: por um lado, valoriza seu poder de barganha numa eventual delação, ao oferecer um aperitivo.

Por outro, é uma carta a menos em sua manga. Se ele não correr, podem não sobrar muitas histórias para contar. As exigências da força-tarefa da Lava Jato, após o tortuoso processo de negociação com a Odebrecht, estão cada vez maiores.

Feliz, ou ao menos aliviado, está outro integrante dessa patota, o presidente Michel Temer. Com Geddel fora do governo, ele deveria condecorar o ex-ministro Marcelo Calero, responsável por sua queda, no grau de "grão-mestre". Rsrsrs.

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