sábado, 25 de fevereiro de 2017

Lucrativa, Cedae tem potencial de atrair investidores

Vinicius Neder | O Estado de S. Paulo

Lucrativa e com receita bilionária, a Cedae, estatal de águas e esgoto do Rio, deverá atrair a atenção de investidores, após ter a privatização autorizada pela Assembleia Legislativa fluminense (Alerj), mas há incerteza sobre o modelo de venda. A companhia tem a concessão dos serviços no Rio, segunda maior cidade do País (mais de 6 milhões de habitantes), o que já torna a operação atrativa. A venda da companhia foi exigida como contrapartida do plano de recuperação fiscal, firmado pelo Estado com o governo federal.

Segundo Fernando Marcato, sócio da consultoria GO Associados, entre as empresas que atuam nas concessões de saneamento, o fundo canadense Brookfield (que em outubro comprou 70% da Odebrecht Ambiental por R$ 2,5 bilhões) e a Aegea (do grupo Equipav, de Campinas, em sociedade com o GIC, o fundo soberano de Cingapura, e o IFC, fundo do Banco Mundial) são consideradas as mais capitalizadas para aquisições. “Comenta-se que a Brookfield teria R$ 10 bilhões em dinheiro próprio para investir”, afirmou Marcato.

A Águas do Brasil, concessionária dos serviços de coleta e tratamento de esgoto na zona oeste do Rio, estaria posicionada para levar a Cedae, mas seus principais acionistas (as construtoras Carioca Engenharia e Queiroz Galvão, citadas na Lava Jato) podem ter dificuldade em levantar capital, disse Marcato. Corre por fora a GS Inima controlada pela construtora coreana GS.

Em 2015, a receita da Cedae foi de R$ 4,475 bilhões, com lucro líquido de R$ 249 milhões. Até o terceiro trimestre de 2016, teve receita de R$ 3,448 bilhões e lucro líquido de R$ 165 milhões. O serviço de água tratada chega a 86,95% dos moradores da área atendida, mas os índices de atendimento de esgoto (38,87%) e de perdas de faturamento (52,4%) estão abaixo da média nacional, segundo a GO Associados.

Conforme a lei aprovada na Alerj, o governo tem seis meses, prorrogáveis por mais seis, para contratar as “instituições financeiras federais” para estruturar a venda. A participação do BNDES é incerta, após divergências com o governo fluminense.

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