sexta-feira, 3 de março de 2017

Odebrecht cita Dilma, Temer e Aécio, mas Planalto vê alívio

Ao TSE, delator diz que deu R$ 300 milhões ao PT de 2008 a 2014

Empresário afirmou que foram três os encontros para repasse ao PMDB, em 2014, e revelou ainda o pagamento de R$ 15 milhões à campanha do tucano; governo achou que teor não compromete

Em depoimento ao TSE na investigação sobre a chapa Dilma-Temer, o empresário Marcelo Odebrecht revelou ter posto R$ 300 milhões à disposição do PT de 2008 a 2014, nos governos Lula e Dilma. Parte desse montante não foi registrada oficialmente, segundo ele. E o dinheiro era liberado após conversas com os então ministros Palocci e Mantega. O clima no Planalto foi de alívio, porque Odebrecht disse que, com Temer, tratou de ajuda para campanhas, não de valores. Contou ter tido dois encontros posteriormente com o ministro Eliseu Padilha para falar de doações. E afirmou ter repassado R$ 15 milhões à campanha de Aécio Neves (PSDB), sem dizer se por caixa 1 ou 2. Benedito Júnior, outro delator da empreiteira, disse que o PSDB recebeu R$ 9 milhões no caixa 2 a pedido de Aécio.

Delações perigosas

Marcelo Odebrecht cita Dilma, Temer e Aécio, mas Planalto vê alívio; outro executivo diz que pagou caixa 2 a tucano l

Simone Iglesias | O Globo

-BRASÍLIA- Numa prévia do impacto a ser desencadeado no mundo político com a divulgação da delação premiada da Odebrecht na próxima semana, os primeiros depoimentos de ex-executivos no processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reforçaram as suspeitas sobre doações em caixa 2 para a chapa Dilma-Temer. O testemunho do empreiteiro Marcelo Odebrecht, anteontem, em Curitiba, envolveu o nome da ex-presidente da República, revelou mais detalhes sobre repasses ao PMDB do atual presidente Michel Temer e atingiu o senador Aécio Neves, do PSDB, partido autor do processo que pede a punição da chapa vencedora na disputa presidencial em 2014.

No depoimento à Justiça Eleitoral, Marcelo Odebrecht negou ter tratado diretamente com a ex-presidente Dilma Rousseff sobre ajuda financeira para a campanha, mas afirmou que ela sabia dos pedidos de contribuição por meio de “interlocutores”. O empresário contou ter dado ao PT, de 2008 a 2014, cerca de R$ 300 milhões. Esse dinheiro, explicou, era depositado em uma conta que era inicialmente acessada pelo ex-ministro Antonio Palocci e, posteriormente, pelo ex-ministro Guido Mantega. Parte dos recursos doados não teria sido registrada na Justiça Eleitoral. Dilma divulgou nota classificando de mentirosas as acusações contra ela.

Marcelo Odebrecht também falou de Temer. Revelou que o pagamento de R$ 10 milhões ao PMDB foi acertado em dois encontros com o ministro Eliseu Padilha. Sobre o jantar com Temer, disse que o presidente não mencionou valores. O Planalto considera que a versão de Marcelo confirma o que vinha sendo divulgado pelo governo.

Em relação a Aécio, Marcelo disse ter se reunido pelo menos três vezes com o senador, que, na reta final do primeiro turno, pediu uma doação de R$ 15 milhões. O empresário considerou o valor muito alto, mas depois concordou. Não ficou claro se os R$ 15 milhões foram doados legalmente ou por meio de caixa 2. De acordo com o “Jornal Nacional”, o empresário se classificou de “otário do governo”.

Também em depoimento ao TSE, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Junior, segundo a GloboNews, disse que repassou valores de caixa 2 em 2014 ao PSDB a pedido de Aécio. O desembolso teria sido feito em dois momentos. Na primeira vez, foram R$ 6 milhões para apoiar três candidatos: Antonio Anastasia, Pimenta da Veiga e Dimas Junior.

Segundo Benedicto Junior, outros R$ 3 milhões foram repassados para a empresa responsável pelo marqueteiro da campanha presidencial de Aécio em 2014, Paulo Vasconcellos.

A assessoria de Aécio divulgou nota, na qual afirma que “como dirigente partidário” o senador solicitou “apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei”.

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