terça-feira, 4 de abril de 2017

Eu... | Graziela Melo

Quando meu coração parou de bater, senti que já era defunta. Ainda tinha um corpo na jogada, mas logo, logo as bactérias, vermes e tapurús tomariam conta do pedaço. Aí sim, não tinha antibiótico que resolvesse.

Nem sequer tinha um espelho por perto para que eu pudesse me ver depois de morta. Como ficara meu visual. Fiquei agoniada, insegura. Dei uma olhada no entorno. Ninguém por perto! Só eu mesma e eu sozinha.

Quando alguém me descobrisse ali, naquele recanto frio, certamente se providenciaria o enterro...

Ser enterrada era o que eu menos queria. Apodrecer sobre a terra era bem menos angustiante. Poderia ver o meu redor. Dá uma espiada, de vez em quando! Mesmo comida e beliscada pelos vermes, essas verdadeiras feras roedoras de cadáveres!

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