sexta-feira, 28 de abril de 2017

Pixinguinha vive | Roberto Freire

- Diário do Poder

No ano em que comemora o 40º aniversário de sua criação, uma das iniciativas mais emblemáticas e virtuosas da cena cultural brasileira entre os anos 1970 e 1980 foi relançada na última quarta-feira (26) no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro. Com um show do cantor Moraes Moreira e do grupo A Cor do Som – rememorando o encontro que tiveram em 1978 –, após uma apresentação de abertura feita pela jovem banda baiana Sertanilia, o evento que marcou o reinício do Projeto Pixinguinha teve como mestre de cerimônias a cantora e atriz Zezé Motta e ainda contou com a participação especial de Karen Mesquita e Cícero Gomes, do corpo de bailarinos do Theatro Municipal do Rio, que dançaram uma coreografia de Reina Sauer para “Carinhoso”, obra-prima desse gênio da música brasileira.

O Ministério da Cultura e a Fundação Nacional de Artes (Funarte), sob o comando de Stepan Nercessian, trabalharam intensamente nos últimos meses para definir os ajustes finais e o novo formato dessa experiência bem sucedida que oferecerá grandes oportunidades para jovens talentos nos quatro cantos do país. O resultado de tamanho esforço e dedicação começou a ser experimentado nesta noite emocionante na Cinelândia.

Criado em 1977, o mesmo ano de fundação da Funarte, o Projeto Pixinguinha teve como inspiração os espetáculos da série “Seis e Meia”. As apresentações lotavam o Teatro João Caetano, no Rio, com shows realizados sempre às 18h30 e com ingressos a preços populares. Grandes nomes que se consagrariam como expoentes da música brasileira se apresentaram em diversas cidades do país naquele período, como Cartola, Edu Lobo, João Bosco, Nara Leão, Jackson do Pandeiro, Paulinho da Viola, Alceu Valença e os até então iniciantes Djavan, Marina Lima e Zizi Possi.

O novo Projeto Pixinguinha, que promoverá encontros entre artistas mais renomados e jovens revelações da música nacional, consiste em 60 espetáculos musicais realizados em 60 cidades das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul entre os meses de maio e novembro. Serão selecionadas 15 duplas de artistas, e cada uma delas ficará responsável por apresentar quatro espetáculos musicais percorrendo quatro cidades de uma determinada região. As duplas serão escolhidas por uma comissão de curadoria, em parceria com o Centro de Música da Funarte – a primeira reunião desse colegiado acontece em maio, no Rio de Janeiro.

Nas edições anteriores do Projeto Pixinguinha, as caravanas se concentravam muito nas capitais do país até em função da existência de espaços mais adequados para apresentações e da maior facilidade de deslocamento para os grandes centros. Desta vez, no entanto, a ideia é prestigiar justamente os municípios do interior do Brasil, que vêm redobrando os esforços na área cultural.

O ressurgimento de um projeto significativo e histórico como esse faz parte da preocupação de nossa gestão à frente do Ministério da Cultura em promover uma descentralização da atividade cultural no país. É evidente que se trata de uma excelente oportunidade para que novos talentos sejam revelados ao grande público, além de um saudável processo de integração da juventude por meio da música e da arte.

Essa iniciativa é um ponto de partida e um reencontro dos brasileiros com aquilo que é capaz de transformar vidas e despertar vocações, fomentando novas gerações de artistas. Quanto mais for capaz de valorizar a própria história e o passado que fundou seus alicerces, a cultura brasileira se torna ainda mais rica e preciosa. Nossa missão é levá-la para um número cada vez maior de brasileiros, que terão contato próximo com a música, as artes, a dança, o teatro. Seja bem-vindo de volta e vida longa ao Projeto Pixinguinha!

*Roberto Freire é ministro da Cultura

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